Elementos da poesia

A presença de determinados elementos tendem a conferir musicalidade à poesia

Toda comunicação, por mais simples que seja, possui uma intenção, cujo alvo principal é o interlocutor. Tal afirmativa, quando contextualizada no universo poético, instiga-nos ao seguinte questionamento: quais as intenções do poeta (no caso, o emissor), estando ele a serviço do manejo com a própria palavra?

Eis que ao definirmos quais são elas, deparamo-nos com as características que nutrem o texto poético, tais como: provocar emoções, despertar sentimentos diversos, propor um clima nostálgico no qual haja envolvimento entre emissor X interlocutor, enfim... as características são tão diversas que nos tomariam um bom tempo se descritas na íntegra.   

Assim, partindo de tais aspectos, nosso objetivo é abordar os principais elementos que nunca podem faltar quando o assunto é a linguagem poética. Nesse sentido, seguem elucidadas abaixo algumas considerações:

Métrica

As palavras, em se tratando de termos gramaticais, são separadas de acordo com a forma com que são pronunciadas. Os versos que constituem um poema também o são, porém com algumas divergências. Assim, a métrica, ou escansão, representa a contagem das sílabas poéticas contidas nesses versos, atribuindo a eles classificações distintas:

Monossílabos

Dissílabos

Trissílabos

Tetrassílabos

Pentassílabos (ou redondilha menor)

Hexassílabos (heroico quebrado)

Heptassílabos (redondilha maior)

Octossílabos

Eneassílabos

Decassílabos (medida nova)

Hendecassílabos

Dodecassílabos (ou alexandrinos)   

Os versos que não possuem uma regularidade métrica (fixa) são denominados versos livres.  

A maneira correta de escandirmos um verso é considerando todo ele como se fosse uma única palavra. Desse modo, as sílabas são separadas de acordo com a intensidade com que são pronunciadas, sendo que a contagem se encerra sempre na última sílaba tônica. Havendo o encontro de duas vogais átonas, ocorrerá uma espécie de ditongo dentro do verso – o que permite com que elas pertençam a uma única sílaba. Vejamos, na prática, com se dá a escansão:

1     2        3       4       5     6    7      8       9     10
Mu/dam/ se os/ tem/pos/ mu/dam/se as/ von/ta/des – a sílaba
                                                      

demarcada é a última. Portanto, concluímos que o verso possui dez sílabas poéticas.

Rimas

Tal quesito tende a conferir musicalidade ao poema, mas não quer dizer que seja algo obrigatório. Tudo depende daquelas intenções já ressaltadas, ou seja, quanto mais se acentua um tom melódico, mais se evidencia um clima de envolvimento entre as parte envolvidas. Contudo, com o advento do Modernismo, cujas intenções (sobretudo em se tratando da 1ª fase) simbolizaram um rompimento com moldes passadistas, foram amplamente empregados os versos brancos, sendo eles destituídos de rima.

Assim, de acordo com a disposição, as rimas podem se apresentar como:

Alternadas (ABAB)

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada (A)

E triste, e triste e fatigado eu vinha. (B)

Tinhas a alma de sonhos povoada, (A)

E a alma de sonhos povoada eu tinha (B)
[...]


Interpoladas ou cruzadas (ABBA)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, (A)

Muda-se o ser, muda-se a confiança; (B)

Todo o mundo é composto de mudança, (B)

Tomando sempre novas qualidades. (A)

[...]

Emparelhadas (AABB) e mistas, apresentando outros tipos de combinações

O Universo não é uma ideia minha. (A)

A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha. (A)

A noite não anoitece pelos meus olhos, (B)

A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos. (B)
  [...]   


Ritmo

O ritmo é determinado pela alternação uniforme de sílabas tônicas (fortes) e não tônicas (fracas), dispostas em cada verso de uma composição poética, bem como pelos recursos utilizados pelo poeta e pela forma como ele os organiza dentro de seu texto, com vistas a produzir o efeito desejado com a mensagem. Assim, cada poema tem seu ritmo. Neste poema abaixo, por meio de uma leitura mais atenta, percebemos que o uso das aliterações, demarcadas pelos efeitos sonoros produzidos pelos fonemas /v/ e /b/, representam, respectivamente, o ato de varrer e bater algo.   

Na porta
a varredeira varre o cisco
varre o cisco
varre o cisco

[...]

No arroio

a lavadeira bate roupa

bate roupa
bate roupa

[...]


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Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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