Darmos e dar-mos

Darmos e dar-mos: a primeira é a forma infinitiva flexionada, e a segunda a junção do pronome oblíquo com o artigo

Darmos e dar-mos são expressões que, mediante a pronúncia, não nos apresentam nenhum aspecto divergente. No entanto, quanto à grafia, constatamos que a divergência reside exatamente no emprego do hífen. Esse detalhe, por sua vez, representa o alvo do estudo a que nos dispomos a discutir, no qual o foco está voltado para o equívoco em utilizar tal forma (dar-mos) no lugar da forma verbal representada pelo infinitivo pessoal (darmos, o qual se refere à primeira pessoa do plural -nós).

Antes de prosseguirmos com as particularidades que ao caso se aplicam, convenientemente voltemos nossa atenção para o seguinte enunciado:

Muitas vezes, sem nos dar-mos conta das consequências, cometemos algumas falhas.

Eis que estamos diante do equívoco em questão, uma vez que se trata da forma infinitiva flexionada, a qual, no exemplo em pauta, foi inadequadamente utilizada. Assim, retificando, temos:

Muitas vezes, sem nos darmos conta das consequências, cometemos algumas falhas.

Ocorrência esta que nos faz relembrar de outro caso, contudo, o uso do hífen já se faz presente – representado pelo oblíquo “nos”, o qual faz referência a “para nós”. Note:

Constata-se a importância de dar-nos a oportunidade de tentar novamente. (dar a nós a oportunidade de tentar novamente)

Mas afinal, o uso de dar-mos estaria relacionado a que caso, especificamente?

Ante de tudo, essencial é compreendermos que a partícula “-mos”, também denominada de morfema, resulta da combinação feita entre o pronome oblíquo “me” (equivalente a “para mim”) e artigo masculino plural “os”, ou seja: me + os= mos. Assim, tornando prática tal afirmação, observe esses dizeres:

- Trago aqui os livros que você encomendou. 
- Você poderia dar-mos? (Você poderia dar-me os livros?)

Diante da presente elucidação você deve estar se perguntando acerca do porquê de tais colocações, se na linguagem cotidiana não as detectamos (dar-mos). Saiba que em se tratando da modalidade escrita da linguagem são perfeitamente aceitáveis e, sobretudo, necessárias e adequadas.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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