Cubismo

O cubismo é um movimento de vanguarda surgido na Europa em 1907. Ele é caracterizado, principalmente, pelo geometrismo, como é possível ver na tela “As senhoritas de Avignon”.

As senhoritas de Avignon, obra de Pablo Picasso. [1]

 Cubismo é o nome de um dos movimentos de vanguarda do início do século XX. Ele surgiu na França, em 1907, e possui como principal característica o geometrismo, isto é, a representação da realidade por meio de figuras geométricas. O pintor Pablo Picasso, autor da tela As senhoritas de Avignon, inaugurou o movimento na Europa. No Brasil, o cubismo influenciou alguns artistas modernistas.

Leia também: Modernismo — a revolução das concepções artísticas no começo do século XX

Resumo sobre cubismo

  • As principais características do cubismo são o geometrismo e a fragmentação.

  • O pintor cubista mais conhecido é o espanhol Pablo Picasso.

  • As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é a obra inaugural do cubismo.

  • No Brasil, artistas modernistas como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral produziram obras com traços cubistas.

  • O cubismo surgiu na França, em 1907, como o primeiro movimento das vanguardas europeias.

Videoaula sobre cubismo

Principais características do cubismo

O cubismo, como os outros movimentos de vanguarda, é marcado pela inovação e pela rejeição à arte acadêmica. Assim, a arte cubista opta pela fragmentação do objeto, representado de forma bidimensional. Seu surgimento remonta ao ano de 1907, quando o espanhol Pablo Picasso pintou a obra As senhoritas de Avignon.

A principal característica do cubismo é o geometrismo, que consiste no uso de figuras geométricas na composição das imagens da obra. Do mesmo modo que o cubo apresenta vários lados, a obra cubista também permite diversos pontos de vista. Assim, os artistas desobedecem aos tradicionais conceitos de harmonia, proporção e perspectiva. Além disso, refutam a ideia de que a arte é a imitação da natureza.

A primeira fase cubista é chamada de primitiva (planos largos, simples e volumétricos). A segunda é a fase analítica (decomposição dos objetos, condensação dos planos e monocromatismo). Já a terceira fase é conhecida como sintética (cores fortes, colagens e imagens decorativas).

Artistas do cubismo

  • Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) — escultor

  • Constantin Brancusi (1876-1957) — escultor

  • Pablo Picasso (1881-1973) — pintor

  • Fernand Léger (1881-1955) — pintor

  • Albert Gleizes (1881-1953) — pintor

  • Pablo Gargallo (1881-1934) — escultor

  • Georges Braque (1882-1963) — pintor

  • Ígor Stravinsky (1882-1971) — compositor

  • Jean Metzinger (1883-1956) — pintor

  • Robert Delaunay (1885-1941) — pintor

  • Sonia Delaunay (1885-1979) — pintora

  • Roger de la Fresnaye (1885-1925) — pintor

  • Juan Gris (1887-1927) — pintor

  • Alexander Archipenko (1887-1964) — escultor

  • Jacques Lipchitz (1891-1973) — escultor

Leia também: Mário de Andrade — um dos principais nomes da primeira fase modernista no Brasil

Cubismo no Brasil

O cubismo no Brasil se manifestou por meio da arte modernista e de obras como:

  • A boba (1916), de Anita Malfatti (1889-1964)

  • A caipirinha (1923), de Tarsila do Amaral (1886-1973)

  • Pietá (1924), de Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)

  • Homem cubista (1928), de Ismael Nery (1900-1934)

  • Composição cubista (1932), de Antonio Gomide (1895-1967)

  • Chorinho (1942), de Candido Portinari (1903-1962).

  • Mulher sentada (1948), de Luiz Sacilotto (1924-2003)

  • Autorretrato cubista (1949), de Milton Dacosta (1915-1988)

  • Autorretrato (1950), de Antonio Bandeira (1922-1967)

  • Lavadeira de Abaeté (1957), de José Pancetti (1902-1958)

  • Músicos (1967), de Clóvis Graciano (1907-1988)

Cubismo na literatura

Desenho de Amedeo Modigliani (1884-1920) que retrata o escritor Guillaume Apollinaire, o grande incentivador das vanguardas europeias.

Na literatura, traços cubistas podem ser identificados, principalmente na poesia. Veja abaixo algumas dessas características.

  • Fragmentação: de imagens, situações, ideias e versos.

  • Nonsense: aparente ilogicidade e falta de sentido.

  • Desintegração do real: realidade composta por fragmentos.

  • Objetividade: ausência de sentimentalismo.

  • Antidescritivismo: ausência de descrições.

Os principais autores de textos cubistas são:

  • Guillaume Apollinaire (1880-1918) — francês

  • Max Jacob (1876-1944) — francês

  • André Salmon (1881-1969) — francês

  • Jean Cocteau (1889-1963) — francês

  • Paul Dermée (1886-1951) — belga

  • Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) — português

  • Vladimir Maiakovski (1893-1930) — russo

  • Oswald de Andrade (1890-1954) — brasileiro

  • Vicente Huidobro (1893-1948) — chileno

Para ilustrar, vamos ler o poema “Violão”, de Vicente Huidobro. Nele, é possível perceber a fragmentação e a simultaneidade de imagens: notas sobre um joelho, uma mulher que dormia, um pássaro que bica as cordas etc.:

Sobre seus joelhos
                        havia algumas notas
Uma mulher pequenina dormia
E seis cordas cantam
                        em seu ventre
O vento
             tinha apagado os contornos
                                           E um pássaro
                                           bica as cordas

O silêncio                                                                Cada um pensa
se ocultava                                                                 viver
no fundo                                                                 fora de
do armário                                                                 si mesmo

Quando o homem
                          parou de tocar
Duas asas trementes
                        caíram de suas mãos|1|

Contexto histórico do cubismo

A Europa, no início do século XX, assistia à expansão imperialista e à consequente disputa política e econômica entre as potências europeias. Assim, a corrida armamentista e o crescimento do nacionalismo precederam a Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918.

No entanto, a tensão política e a ameaça bélica não impediram o fascínio que artistas e cidadãos comuns experimentavam diante das inovações tecnológicas e das recentes descobertas científicas. O uso de automóveis, aviões, telefones e telégrafos sem fio encurtavam as distâncias e davam um novo ritmo ao século que se iniciava.

Dessa forma, os vanguardistas tinham a função de criar obras inovadoras, condizentes com o período, em que descobertas como a teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e as teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939) transformavam o modo como a humanidade se via no mundo. Nesse contexto, surgiu o primeiro movimento de vanguarda: o cubismo.

Leia também: Semana de Arte Moderna de 1922 — o evento inaugural do modernismo no Brasil

Exercícios resolvidos sobre cubismo

Questão 01

(Enem)

Michelangelo. “Pietà”, século XV.
Vicente do Rego Monteiro. “Pietà”, 1924.

Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores cujas telas foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Assim como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com um estilo peculiar. Considerando as obras apresentadas, o artista brasileiro

a) estava preocupado em retratar detalhes da cena.

b) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.

c) optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente de Michelangelo.

d) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços europeus, típicos de Michelangelo.

e) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma vez que retratou a mesma cena bíblica.

Resolução:

Alternativa D

Na obra de Vicente do Rego Monteiro, é possível verificar os traços cubistas, ou seja, a geometrização da imagem.

Imagem referente às questões 02 e 03:

LÉGER, F. “Soldados jogando cartas”. 1917. FARTHING, S. Coleção Grandes Artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

Questão 02

(Enem) As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas apresentam alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma

a) abordagem sentimentalista do homem.

b) imagem plana para expressar a industrialização.

c) aproximação impossível entre máquina e homem.

d) uniformidade de tons como crítica à industrialização.

e) mecanização do homem expressa por formas tubulares.

Resolução:

Alternativa E

A obra de Léger não demonstra sentimentalismo e não é plana, de maneira que as formas geométricas, isto é, tubulares, são destaque e sugerem a mecanização das formas humanas nela retratadas.

Questão 03

(Enem) Fernand Léger, artista francês envolvido com o movimento cubista, tinha como princípio transformar imagens em figuras geométricas, especialmente cones, esferas e cilindros. A obra apresentada mostra o homem em uma alusão à Revolução Industrial e ao pós-Primeira Guerra Mundial e explora

a) as formas retilíneas e mecanizadas, sem valorização da questão espacial.

b) as formas delicadas e sutis, para humanizar o operário da indústria têxtil.

c) a força da máquina na vida do trabalhador pelo jogo de formas, luz e sombra.

d) os recursos oriundos de um mesmo plano visual para dar sentido à sua proposta.

e) a forma robótica dada aos operários, privilegiando os aspectos triangulares.

Resolução:

Alternativa C

A obra de Léger valoriza o espaço. Não apresenta formas delicadas, mas sim pesadas e mecanizadas, mostrando mais de um plano visual e formas tubulares, não triangulares. Por fim, as formas e o contraste entre luz e sombra sugerem um ambiente composto por máquinas, que estão presentes na vida do trabalhador (ou soldado).

Nota

|1| Tradução literal de Warley Souza.

Créditos da imagem

[1] Bumble Dee / Shutterstock

Por: Warley Souza

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