O cubismo é um movimento de vanguarda surgido na Europa em 1907. Ele é caracterizado, principalmente, pelo geometrismo, como é possível ver na tela “As senhoritas de Avignon”.
Cubismo é o nome de um dos movimentos de vanguarda do início do século XX. Ele surgiu na França, em 1907, e possui como principal característica o geometrismo, isto é, a representação da realidade por meio de figuras geométricas. O pintor Pablo Picasso, autor da tela As senhoritas de Avignon, inaugurou o movimento na Europa. No Brasil, o cubismo influenciou alguns artistas modernistas.
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Resumo sobre cubismo
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As principais características do cubismo são o geometrismo e a fragmentação.
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O pintor cubista mais conhecido é o espanhol Pablo Picasso.
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As senhoritas de Avignon, de Pablo Picasso, é a obra inaugural do cubismo.
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No Brasil, artistas modernistas como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral produziram obras com traços cubistas.
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O cubismo surgiu na França, em 1907, como o primeiro movimento das vanguardas europeias.
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Principais características do cubismo
O cubismo, como os outros movimentos de vanguarda, é marcado pela inovação e pela rejeição à arte acadêmica. Assim, a arte cubista opta pela fragmentação do objeto, representado de forma bidimensional. Seu surgimento remonta ao ano de 1907, quando o espanhol Pablo Picasso pintou a obra As senhoritas de Avignon.
A principal característica do cubismo é o geometrismo, que consiste no uso de figuras geométricas na composição das imagens da obra. Do mesmo modo que o cubo apresenta vários lados, a obra cubista também permite diversos pontos de vista. Assim, os artistas desobedecem aos tradicionais conceitos de harmonia, proporção e perspectiva. Além disso, refutam a ideia de que a arte é a imitação da natureza.
A primeira fase cubista é chamada de primitiva (planos largos, simples e volumétricos). A segunda é a fase analítica (decomposição dos objetos, condensação dos planos e monocromatismo). Já a terceira fase é conhecida como sintética (cores fortes, colagens e imagens decorativas).
Artistas do cubismo
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Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) — escultor
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Constantin Brancusi (1876-1957) — escultor
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Pablo Picasso (1881-1973) — pintor
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Fernand Léger (1881-1955) — pintor
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Albert Gleizes (1881-1953) — pintor
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Pablo Gargallo (1881-1934) — escultor
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Georges Braque (1882-1963) — pintor
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Ígor Stravinsky (1882-1971) — compositor
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Jean Metzinger (1883-1956) — pintor
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Robert Delaunay (1885-1941) — pintor
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Sonia Delaunay (1885-1979) — pintora
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Roger de la Fresnaye (1885-1925) — pintor
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Juan Gris (1887-1927) — pintor
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Alexander Archipenko (1887-1964) — escultor
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Jacques Lipchitz (1891-1973) — escultor
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Cubismo no Brasil
O cubismo no Brasil se manifestou por meio da arte modernista e de obras como:
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A boba (1916), de Anita Malfatti (1889-1964)
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A caipirinha (1923), de Tarsila do Amaral (1886-1973)
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Pietá (1924), de Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)
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Homem cubista (1928), de Ismael Nery (1900-1934)
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Composição cubista (1932), de Antonio Gomide (1895-1967)
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Chorinho (1942), de Candido Portinari (1903-1962).
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Mulher sentada (1948), de Luiz Sacilotto (1924-2003)
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Autorretrato cubista (1949), de Milton Dacosta (1915-1988)
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Autorretrato (1950), de Antonio Bandeira (1922-1967)
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Lavadeira de Abaeté (1957), de José Pancetti (1902-1958)
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Músicos (1967), de Clóvis Graciano (1907-1988)
Cubismo na literatura
Na literatura, traços cubistas podem ser identificados, principalmente na poesia. Veja abaixo algumas dessas características.
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Fragmentação: de imagens, situações, ideias e versos.
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Nonsense: aparente ilogicidade e falta de sentido.
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Desintegração do real: realidade composta por fragmentos.
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Objetividade: ausência de sentimentalismo.
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Antidescritivismo: ausência de descrições.
Os principais autores de textos cubistas são:
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Guillaume Apollinaire (1880-1918) — francês
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Max Jacob (1876-1944) — francês
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André Salmon (1881-1969) — francês
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Jean Cocteau (1889-1963) — francês
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Paul Dermée (1886-1951) — belga
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Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) — português
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Vladimir Maiakovski (1893-1930) — russo
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Oswald de Andrade (1890-1954) — brasileiro
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Vicente Huidobro (1893-1948) — chileno
Para ilustrar, vamos ler o poema “Violão”, de Vicente Huidobro. Nele, é possível perceber a fragmentação e a simultaneidade de imagens: notas sobre um joelho, uma mulher que dormia, um pássaro que bica as cordas etc.:
Sobre seus joelhos
havia algumas notas
Uma mulher pequenina dormia
E seis cordas cantam
em seu ventre
O vento
tinha apagado os contornos
E um pássaro
bica as cordas
O silêncio Cada um pensa
se ocultava viver
no fundo fora de
do armário si mesmo
Quando o homem
parou de tocar
Duas asas trementes
caíram de suas mãos|1|
Contexto histórico do cubismo
A Europa, no início do século XX, assistia à expansão imperialista e à consequente disputa política e econômica entre as potências europeias. Assim, a corrida armamentista e o crescimento do nacionalismo precederam a Primeira Guerra Mundial, que durou de 1914 a 1918.
No entanto, a tensão política e a ameaça bélica não impediram o fascínio que artistas e cidadãos comuns experimentavam diante das inovações tecnológicas e das recentes descobertas científicas. O uso de automóveis, aviões, telefones e telégrafos sem fio encurtavam as distâncias e davam um novo ritmo ao século que se iniciava.
Dessa forma, os vanguardistas tinham a função de criar obras inovadoras, condizentes com o período, em que descobertas como a teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), e as teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939) transformavam o modo como a humanidade se via no mundo. Nesse contexto, surgiu o primeiro movimento de vanguarda: o cubismo.
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Exercícios resolvidos sobre cubismo
Questão 01
(Enem)
Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores cujas telas foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Assim como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com um estilo peculiar. Considerando as obras apresentadas, o artista brasileiro
a) estava preocupado em retratar detalhes da cena.
b) demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.
c) optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente de Michelangelo.
d) deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços europeus, típicos de Michelangelo.
e) reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma vez que retratou a mesma cena bíblica.
Resolução:
Alternativa D
Na obra de Vicente do Rego Monteiro, é possível verificar os traços cubistas, ou seja, a geometrização da imagem.
Imagem referente às questões 02 e 03:
Questão 02
(Enem) As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas apresentam alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma
a) abordagem sentimentalista do homem.
b) imagem plana para expressar a industrialização.
c) aproximação impossível entre máquina e homem.
d) uniformidade de tons como crítica à industrialização.
e) mecanização do homem expressa por formas tubulares.
Resolução:
Alternativa E
A obra de Léger não demonstra sentimentalismo e não é plana, de maneira que as formas geométricas, isto é, tubulares, são destaque e sugerem a mecanização das formas humanas nela retratadas.
Questão 03
(Enem) Fernand Léger, artista francês envolvido com o movimento cubista, tinha como princípio transformar imagens em figuras geométricas, especialmente cones, esferas e cilindros. A obra apresentada mostra o homem em uma alusão à Revolução Industrial e ao pós-Primeira Guerra Mundial e explora
a) as formas retilíneas e mecanizadas, sem valorização da questão espacial.
b) as formas delicadas e sutis, para humanizar o operário da indústria têxtil.
c) a força da máquina na vida do trabalhador pelo jogo de formas, luz e sombra.
d) os recursos oriundos de um mesmo plano visual para dar sentido à sua proposta.
e) a forma robótica dada aos operários, privilegiando os aspectos triangulares.
Resolução:
Alternativa C
A obra de Léger valoriza o espaço. Não apresenta formas delicadas, mas sim pesadas e mecanizadas, mostrando mais de um plano visual e formas tubulares, não triangulares. Por fim, as formas e o contraste entre luz e sombra sugerem um ambiente composto por máquinas, que estão presentes na vida do trabalhador (ou soldado).
Nota
|1| Tradução literal de Warley Souza.
Créditos da imagem
[1] Bumble Dee / Shutterstock