Concordância verbal é a situação em que o verbo se adapta ao número e à pessoa do sujeito.
Concordância verbal é a adaptação do verbo ao número e à pessoa do sujeito em ação. Assim, leva-se em conta se o verbo está conjugado na 1ª, 2ª ou 3ª pessoa do singular ou do plural. Existem alguns casos especiais de concordância verbal com os quais é importante estar atento.
Leia também: Concordância nominal — a adaptação dos termos da sentença ao gênero e ao número do substantivo
Resumo sobre concordância verbal
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Os verbos devem concordar em número e em pessoa com o sujeito da ação. A isso, chamamos concordância verbal.
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Concordando em número, um verbo pode estar conjugado no singular ou no plural.
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Concordando em pessoa, um verbo pode estar conjugado na 1ª, na 2ª ou na 3ª pessoa.
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Leva-se em conta se o sujeito é simples (tem apenas um núcleo) ou composto (tem mais de um núcleo). Ainda, se o sujeito é oculto, indeterminado ou se a oração não possui sujeito.
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Alguns casos específicos têm mais de uma concordância verbal possível.
Videoaula sobre concordância verbal
Como ocorre a concordância verbal?
Para que ocorra uma adequada concordância verbal, é necessário que o verbo se relacione (em outras palavras, concorde) em número e em pessoa com o sujeito.
pessoa |
número |
|
- |
singular |
plural |
1ª |
eu |
nós |
2ª |
tu |
vós |
3ª |
ele/ela |
eles/elas |
Importante: O pronome de tratamento “você”/“vocês” é conjugado na 3ª pessoa, seguindo a mesma forma para os pronomes “ele”/“ela” ou “eles”/“elas”. Assim, é preciso prestar atenção ao sujeito da oração para saber como conjugar o verbo.
→ Sujeito simples
O sujeito é um sujeito simples quando há apenas um núcleo. Nesse caso, o verbo concordará sempre com o sujeito, esteja ele antes ou depois do verbo, sendo explícito ou oculto. Veja alguns exemplos observando como o verbo concorda em número e em pessoa com o sujeito:
Hoje, nós chegamos mais cedo.
Hoje, tu chegaste mais cedo.
Hoje, cheguei mais cedo. (sujeito oculto: eu)
Você não sabe disso?
Não sabem eles disso?
→ Sujeito composto e da 3ª pessoa
Quando o sujeito for composto (isto é, tiver mais de um núcleo) e da 3ª pessoa, é possível observar algumas tendências.
◦ Sujeito antes do verbo
O verbo segue no plural. Observe:
Rui e Sara fazem aniversário juntos.
Meu primo e a esposa dele gostam de fazer trilhas.
Importante: É possível (mas não obrigatório) manter o verbo no singular nos seguintes casos, sendo importante destacar que manter o verbo no plural nesses casos continua sendo aceito e é o mais recomendado:
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Se os núcleos do sujeito forem sinônimos. Ex.: Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta serenidade? (Graciliano Ramos)
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Se os núcleos do sujeito formarem uma sequência gradativa. Ex.: O incômodo, a ira, a fúria tomou posse de mim.
◦ Sujeito após o verbo
É optativo conjugar o verbo no plural ou concordando apenas com o elemento mais próximo dele. De todo modo, também é mais recomendável manter o verbo no plural.
Participaram da gincana crianças e adultos.
Ali estavam uma casa e uma cerca pequena.
Aqui é que reina a paz e a alegria nas boas consciências. (Camilo Castelo Branco)
→ Sujeito composto e de pessoas diferentes
Se houver pessoas diferentes no sujeito composto (ou seja, entre 1ª, 2ª e 3ª pessoas), há uma tendência entre elas, prevalecendo a conjugação na 1ª pessoa em detrimento das outras. Não havendo 1ª pessoa, a prevalência é para a 2ª pessoa em detrimento da 3ª. Observe os exemplos:
Eu e tu chegaremos mais cedo. (eu + tu = nós = 1ª pessoa do plural)
Eu e ele chegaremos mais cedo. (eu + ele = nós = 1ª pessoa do plural)
Tu e ele chegareis mais cedo. (tu + ele = vós = 2ª pessoa do plural)
Ela e ele chegarão mais cedo. (ela + ele = eles = 3ª pessoa do plural)
Casos especiais de concordância verbal
Veja, agora, como ocorre a concordância verbal em alguns casos atípicos.
→ Oração sem sujeito
Se a oração for uma oração sem sujeito, o verbo segue flexionado na 3ª pessoa do singular.
Choveu muito forte ontem à noite.
Há muitas vozes diferentes nesse áudio.
→ Oração com sujeito indeterminado
Quando o sujeito for indeterminado, o verbo segue flexionado na 3ª pessoa do plural.
Cometeram um crime naquela instituição.
Comeram todo o bolo que eu guardei na geladeira!
→ Sujeito coletivo
Se o sujeito for coletivo e estiver no singular, o verbo concorda em número no singular.
O cardume era bem colorido.
O exército de aliados estava distribuído pelo território.
→ Expressões quantitativas
Quando o sujeito é uma expressão quantitativa, como “a maior parte de”, “grande número de”, é opcional a flexão no singular ou no plural, dependendo apenas da ênfase que se prefere dar.
A maior parte dos formados enfrentou muitos desafios para isso.
A maior parte dos formados enfrentaram muitos desafios para isso.
→ Concordância com a expressão “um dos que”
O verbo pode concordar tanto no singular quanto no plural.
Ele foi um dos que apoiou a resolução.
Ele foi um dos que apoiaram a resolução.
→ Concordância com expressões como “mais de”, “menos de”, “cerca de”
Se a expressão for “mais de um”, é optativa a conjugação no singular ou no plural.
Mais de uma pessoa pediu revisão da prova.
Mais de uma pessoa pediram revisão da prova.
Se o numeral for acima de um, a conjugação será obrigatoriamente no plural.
Mais de duas pessoas pediram revisão da prova.
Menos de dez pessoas pediram revisão da prova.
Cerca de duzentas pessoas pediram revisão da prova.
→ Núcleos do sujeito unidos por “ou”
Se “ou” indicar exclusão, o verbo concorda com o elemento mais próximo:
Eu ou ela ganhará o prêmio.
O vencedor ou os vencedores deverão comparecer ao evento.
Os vencedores ou o vencedor deverá comparecer ao evento.
Se a ideia expressa puder se referir a ambos os elementos unidos por “ou”, então o verbo pode flexionar no plural, indicando que ambos os elementos realizam a ação.
Apenas eu ou minha prima podíamos resolver o problema.
→ Núcleos do sujeito unidos por “com”
O verbo tende a estar no plural quando há mesmo grau de importância entre os elementos.
Fábio com sua esposa e sua filha chegaram ao recinto.
Porém, o verbo pode ser flexionado no singular ao se dar destaque para apenas o primeiro elemento da oração.
Fábio, com sua esposa e sua filha, chegou ao recinto.
Já num sublime e público teatro, se assenta o rei inglês com toda a corte. (Luís de Camões)
→ Núcleos do sujeito unidos por “nem”
É mais comum o uso do verbo no plural.
Nem Fábio nem sua esposa chegaram ao recinto.
Porém, o verbo pode estar no singular quando aparecer antes do sujeito ou quando der a ideia de exclusão (ou seja, quando a ação só puder ser executada por um dos elementos).
Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, nem a pompa das folhas verdes… (Machado de Assis)
Nem Vicente nem Clara foi presidente da turma.
→ Núcleos do sujeito unidos por expressões como “não só... mas também”, “tanto... quanto”, “não só... como”
Nesses casos, o verbo tende a ir para o plural.
Tanto os sobrinhos quanto o filho cresciam fortes e saudáveis.
No entanto, a concordância pode ser feita apenas com o elemento mais próximo.
Não apenas os sobrinhos como também o filho crescia forte e saudável.
→ Sujeitos compostos resumidos por “tudo”, “nada”, “ninguém”
Após elencar os elementos do sujeito composto, se houver uma palavra resumitiva como “tudo”, “nada” ou “ninguém”, o verbo flexiona no singular concordando com o elemento que resume o sujeito.
“Shows, músicas, passeios, nada me animava no frio.”
“Pais, avós, tios, ninguém perguntava sobre namoro.”
→ Expressões como “alguns de nós/vós”, “quais de nós/vós”
Havendo, no sujeito, expressão com pronomes interrogativos (“quais”, “quantos” etc.) ou com pronomes indefinidos (“algum”, “muitos”, “poucos”) seguidos dos pronomes “nós” ou “vós”, o verbo concordará com o elemento mais próximo ou, ainda, seguirá na 3ª pessoa do plural.
Alguns de nós não temos condições para isso.
Alguns de nós não têm condições para isso.
Quais de vós podeis lutar em nome desta terra?
Quais de vós podem lutar em nome desta terra?
→ Concordância com pronome “quem”
No geral, o verbo segue conjugado na 3ª pessoa do singular.
Foi ela quem idealizou essa construção.
Fui eu quem idealizou essa construção.
Apesar de pouco usual, o verbo pode seguir no singular, concordando com o pronome “quem”, mesmo quando o elemento anterior a “quem” estiver no plural. Porém, essa construção é pouco usual no português brasileiro.
Fomos nós quem idealizou essa construção.
Foram elas quem idealizou essa construção.
O verbo ainda pode ser conjugado de acordo com o sujeito da oração principal, para enfatizar esse sujeito. Quando o pronome anterior a “quem” estiver no plural, é mais comum que o verbo seja conjugado de acordo com o sujeito da oração principal. Veja:
Foram elas quem idealizaram essa construção.
Fui eu quem idealizei essa construção.
Fomos nós quem idealizamos essa construção.
→ Concordância com pronome “que”
No geral, o verbo tende a concordar com o antecedente do pronome “que”.
Fui eu que comi todo o doce.
Serão elas que conquistarão o mundo!
És tu que falas ao meu coração.
Eu sou o que fala com coragem.
Veja também: Verbos pronominais — os verbos que aparecem acompanhados de pronomes átonos
Exercícios resolvidos sobre concordância verbal
Questão 1
(FGV) Na frase “Todos queremos viver em liberdade”, o exemplo de concordância verbal em “Todos queremos” se repete na seguinte frase:
A) Não são criativos todos os brasileiros.
B) Os candidatos estamos preocupados com a prova.
C) V. Exa. parece entristecido.
D) Todos nós desejamos a liberdade.
E) A gente não deseja mais viver.
Resolução:
Alternativa B
No enunciado, o emissor da frase se inclui como parte do sujeito “todos”, o que fica nítido ao se conjugar o verbo na 1ª pessoa do plural (“queremos”). Porém, o verbo “querer” também poderia estar conjugado na 3ª pessoa do plural: “todos querem”. Da mesma forma, na frase da alternativa B, o sujeito se inclui no grupo do sujeito “os candidatos” ao conjugar o verbo na 1ª pessoa do plural (“estamos”). Ainda assim, o verbo poderia ter sido conjugado na 3ª pessoa do plural: “os candidatos estão”.
Questão 2
(Fuvest) Complete as frases abaixo com as formas corretas dos verbos indicados entre parênteses.
I. Os alienados sempre _____-se neutros. (manter-se)
II. Quando ele _____ uma canção de paz, poderá descansar. (compor)
III. As provas que _____ mais erros seriam comentadas. (conter)
IV. Quando eu _____ os livros, nunca mais os emprestarei. (reaver)
A) I mantêm / mantiveram, II compuser, III contivessem, IV reouver.
B) I mantêm / mantiveram, II compuser, III conter, IV reouver.
C) I mantêm / mantiveram, II compor, III contivessem, IV reaver.
D) I mantiveram, II compuser, III conter, IV reaver.
E) I mantêm, II compor, III contivessem, IV reouver.
Resolução:
Alternativa A
Na frase I, o verbo pode tanto ser conjugado no presente do indicativo quanto no pretérito perfeito do modo indicativo: “mantêm” ou “mantiveram”. Na frase II, o verbo deve estar conjugado no futuro do modo subjuntivo: “quando ele compuser”. Na frase III, o verbo está conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo: “as provas que contivessem”. E na frase IV, o verbo está conjugado no futuro do subjuntivo: “quando eu reouver”.