Concordância ideológica

Tal concordância se dá não com o sentido explícito, mas com a ideia mentalizada

De modo a compreendermos de forma expressiva o assunto que nos propomos a discutir, foquemos nossa atenção ao seguinte enunciado:


Todos os brasileiros somos patriotas.


A forma verbal, ora expressa, nos remete à noção de que o emissor também se inclui no discurso proferido, dada a evidência do pronome pessoal “nós”. Contudo, em termos materiais, constata-se uma irregularidade existente ente o sujeito e esse verbo, uma vez que deveria estar expresso na terceira pessoa do plural “são”.

Tais pressupostos oferecem-nos subsídios à altura para que nossos objetivos sejam concretizados, pois a concordância ideológica é demarcada por esse aspecto, isto é, ela ocorre não com o que se encontra explícito na frase, mas sim com o que está mentalmente subentendido, implícito. Percebemos que tal ocorrência não resulta de um desvio cometido pela falta de conhecimento dos fatos linguísticos. Resulta da própria intencionalidade do emissor, cuja intenção é conferir maior expressividade ao discurso, razão pela qual é representada por uma figura de linguagem denominada silepse que, sem dúvida, é bastante difundida na linguagem literária. Vejamos então suas classificações:


Silepse de pessoa – Nela, a concordância se dá com a pessoa gramatical implícita. O que na verdade ocorre é que a fala do emissor se inclui num sujeito de terceira pessoa.


Todos os brasileiros somos patriotas.

Como já mencionado, o verbo deveria concordar com o sujeito expresso.


Silepse de número – Esta se dá mediante a concordância estabelecida entre o número gramatical implícito.


Toda aquela multidão gritavam por socorro.


A ideia expressa pelo discurso é que multidão se refere a um aglomerado de pessoas, razão de o verbo encontrar-se flexionado. Quando, na verdade, tendo em vista o sujeito ora demarcado, a concordância deveria ter sido com este.


Silepse de gênero – Ocorre quando a concordância se faz com o gênero gramatical implícito.


Petrópolis é linda.


Constata-se que a concordância se atém à cidade de Petrópolis, e não ao termo propriamente dito.

Outro caso que também representa esta ocorrência relaciona-se ao aos pronomes de tratamento, perceba:


Vossa Excelência parece um pouco atormentado com a notícia. 


Constamos que, aqui, ao invés de o adjetivo adquirir a forma feminina, permaneceu no masculino.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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