Próclise, mesóclise e ênclise são termos que indicam a posição do pronome em relação ao verbo ao qual está ligado. Ele pode vir antes do verbo, depois dele ou entrecortando-o.
A colocação pronominal é um tópico que gera muitas dúvidas na língua portuguesa: a próclise ocorre quando o pronome átono se posiciona antes do verbo ao qual é ligado; a mesóclise ocorre quando o pronome átono se posiciona no meio do verbo, entrecortando a palavra; e a ênclise ocorre quando o pronome átono se posiciona ao final do verbo. Há regras que definem a ocorrência de cada um desses casos.
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Resumo sobre colocação pronominal
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A colocação pronominal, ou seja, a posição do pronome átono em relação ao verbo, pode ocorrer de três formas: próclise, ênclise e mesóclise. Há regras específicas para cada um desses casos.
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Na próclise, o pronome surge antes do verbo. É a forma mais comum no português brasileiro.
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Na ênclise, o pronome surge depois do verbo.
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Na mesóclise, o pronome surge no meio do verbo, entrecortando a palavra. É a forma menos comum no português brasileiro.
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Nas locuções verbais, o foco da posição do pronome átono recai sobre o verbo auxiliar.
Videoaula sobre colocação pronominal
O que é colocação pronominal?
A colocação pronominal, como o próprio nome já sugere, refere-se à posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo ao qual é ligado, ou seja, onde se coloca o pronome ligado ao verbo. Os pronomes oblíquos átonos são aqueles que exercem função de complemento da oração e compõem a terceira coluna no quadro a seguir:
Pessoa |
Pronome pessoal |
Pronome oblíquo |
1ª |
eu |
me |
2ª |
tu |
te |
3ª |
ele/ela |
o, a, lhe |
1ª |
nós |
nos |
2ª |
vós |
vos |
3ª |
eles/elas |
os, as, lhes |
O pronome pode estar posicionado:
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antes do verbo (próclise);
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depois do verbo (ênclise);
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ou no meio do verbo, entrecortando a palavra (mesóclise).
A norma-padrão da língua portuguesa define algumas regras para indicar quando ocorre cada um desses casos.
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Próclise
A próclise refere-se aos casos em que o pronome oblíquo se posiciona antes do verbo ao qual é ligado. O morfema “pró”, semelhante ao “pré”, indica que se trata de uma ocorrência anterior. É o caso mais comum de colocação pronominal no português brasileiro. Na linguagem coloquial, é o mais utilizado pelos falantes, sendo adotado até mesmo em casos que exigiriam o uso da ênclise ou da mesóclise.
A próclise tende a ocorrer porque alguma palavra anterior ao verbo atrai o pronome para próximo de si. A seguir, vamos entender quando a próclise deve ser utilizada, segundo a norma-padrão da língua portuguesa.
- Palavras que expressam negação
“Não me falou nada...”
“Nunca nos deram retorno.”
“Ninguém te chamou aqui!”
- Pronomes indefinidos, demonstrativos e relativos
“Alguém lhes trará um café.”
“Isso me obriga a falar.”
“Aquele que te avisou fez muito bem.”
- Preposições e preposições combinadas com artigos
“Você gosta de me irritar, né?”
“Deixei para lhe avisar de última hora!”
“Disse que, ao nos encontrar, entregaria as encomendas.”
- Palavras e advérbios interrogativos em início de oração
“Quando nos vimos pela primeira vez?”
“Quem se espantou com isso?”
“Por que me calei diante daquilo?”
- Conjunções subordinativas
“Conforme nos víamos, nossa amizade crescia.”
“Embora te ame muito, eu preciso partir.”
“Enquanto me tratarem bem, eu não terei por que criar problemas.”
- Orações iniciadas por palavras exclamativas ou que exprimem desejo
“Que a sorte lhe acompanhe!”
“Bons olhos o vejam!”
Atenção! A norma-padrão da língua portuguesa não aceita que orações sejam iniciadas por pronome oblíquo átono. Nesses casos, espera-se o uso de ênclise ou de mesóclise, conforme o caso. Veja:
- Próclise em início de oração: uso considerado inadequado pela norma-padrão, embora recorrente na linguagem coloquial.
“Me assustou quando chegou.”
- Ênclise ou mesóclise em início de oração: uso considerado adequado pela norma-padrão, mas pouco utilizado na linguagem coloquial.
“Assustou-me quando chegou.”
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Ênclise
Ênclise é o nome que se dá aos casos em que o pronome oblíquo se posiciona depois do verbo ao qual é ligado. Note que, quando ocorre ênclise, o pronome se liga ao verbo por meio de hífen.
- Orações iniciadas por verbo
“Acordou-me tarde naquele dia.”
“Falamo-nos depois!”
“Fizeram-lhe uma agradável surpresa.”
- Imperativo afirmativo
“O senhor faça-nos um favor.”
“Depois, traga-me o meu celular, por favor.”
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Mesóclise
Na mesóclise, o pronome oblíquo se posiciona no meio do verbo ao qual é ligado, entrecortando-o. O morfema “meso”, que se assemelha à palavra “meio”, indica que se trata da posição no meio do verbo. Nesses casos, o pronome que entrecorta o verbo aparece ligado por hífen antes e depois. A mesóclise só ocorre se não há justificativa para a ocorrência de próclise ou de ênclise.
- Verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo
“Vingar-me-ei da pior forma possível se você comentar com alguém!”
“Convocá-la-emos para a seleção!”
“Levantar-se-iam sempre muito cedo, menos naquele dia.”
“Amar-te-ia por toda a minha vida...”
Colocação pronominal em locuções verbais
As locuções verbais ocorrem quando se usa mais de um verbo em conjunto para passar uma ideia, sendo geralmente compostas por um verbo auxiliar e um verbo principal (no infinitivo, no gerúndio ou no particípio). Veja:
Verbo auxiliar + verbo principal [no infinitivo]
Quero + contar
Verbo auxiliar + verbo principal [no gerúndio]
Estou + contando
Verbo auxiliar + verbo principal [no particípio]
Tinha + contado
Assim, a posição do pronome pode se dar em função do verbo auxiliar ou do verbo principal.
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Verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo ou no gerúndio
Em relação ao verbo auxiliar, as regras para os tempos simples são mantidas:
- Próclise quando algum termo atrai o pronome
“Não lhe quero contar mais nada.”
“Não lhe estou contando mais nada.”
- Mesóclise com verbo no futuro (uso aceito apenas no infinitivo para evitar gerundismo)
“Querer-lhe-ei contar tudo!”
- Ênclise quando não se trata de verbo no futuro e nem há outro termo atraindo o pronome
“Quero-lhe contar tudo!”
“Estou-lhe contando tudo!”
Em relação ao verbo principal, a norma-padrão aceita apenas a ênclise.
- Ênclise quando o pronome se ligar ao verbo principal
“Quero contar-lhe tudo!”
“Estou contando-lhe tudo!”
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Verbo auxiliar + verbo principal no particípio
Nesses casos, o pronome só se liga ao verbo auxiliar, e não ao verbo principal.
- Próclise no verbo auxiliar
“Eu lhe tinha contado tudo!”
- Ênclise no verbo auxiliar (ligado por hífen)
“Tinha-lhe contado tudo!”
Atenção!
Na linguagem coloquial brasileira, é muito recorrente o uso de próclise com pronome ligado ao verbo principal (tanto no infinitivo quanto no gerúndio e no particípio). No entanto, ainda não há consenso entre linguistas mais conservadores a respeito desse uso e, portanto, ele costuma ser aceito apenas em contextos e escrita informais.
“Quero lhe contar tudo!”
“Estou lhe contando tudo!”
“Tinha lhe contado tudo!”
Leia também: Colocação pronominal nas locuções verbais
Exercícios resolvidos
Questão 1
(IBFC)
Em “É preciso respeitá-la”, nota-se uma referência enclítica do pronome oblíquo. Assinale a alternativa em que está incorreta a colocação pronominal.
A) Ninguém me disse que você viria.
B) Me calaram com todas essas ofensas.
C) Que Deus o conduza!
D) Quando me deitei, sonhei com a prova.
E) Agarraram-na em um pedido de socorro.
Resolução
Alternativa B. Na norma-padrão da língua portuguesa, não se inicia orações com pronome oblíquo.
Questão 2
(FCC - adaptada)
Jeffrey Johnson realizou uma pesquisa, e o autor do texto, ao comentar essa pesquisa, acrescentou a essa pesquisa elementos de sua convicção pessoal, que tornam essa pesquisa ainda mais instigante aos olhos do público.
Evitam-se as viciosas repetições da frase acima substituindo-se os elementos sublinhados, segundo a ordem em que se apresentam, por
A) comentá-la – acrescentou-lhe – a tornam.
B) a comentar – lhe acrescentou – lhe tornam.
C) comentar-lhe – acrescentou-lhe – tornam-a.
D) comentá-la – acrescentou-a – tornam-na.
E) a comentar – acrescentou-lhe – tornam-lhe.
Resolução
Alternativa A. Na primeira ocorrência, espera-se o uso de ênclise com pronome oblíquo com função de objeto direto (“a”, que passa para a forma “la” devido à terminação do verbo); na segunda ocorrência, também se espera o uso de ênclise, mas com pronome oblíquo com função de objeto indireto (“lhe”); e, na terceira ocorrência, espera-se o uso de próclise, com o pronome posicionando-se próximo ao pronome “que”.