A carta aberta é um gênero textual que tem como principal característica reivindicar e argumentar sobre um tema de determinada relevância e interesse de uma ampla audiência.
A carta aberta é um gênero textual utilizado para manifestar insatisfação pessoal ou coletiva em relação a determinado acontecimento. Assim, ela é publicada para que o maior número possível de pessoas tenha acesso ao seu conteúdo.
Leia também: Carta do leitor — o tipo de carta em que o leitor expõe seu ponto de vista sobre o assunto de um jornal ou revista
Resumo sobre carta aberta
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A carta aberta é um texto predominantemente argumentativo que tem como principal objetivo tratar de um tema de interesse público.
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Ela apresenta a estrutura básica da carta (introdução, desenvolvimento e conclusão) e tem como característica o direcionamento para uma ampla audiência.
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Para elaborar uma carta aberta é importante estar ciente do público-alvo a que a carta será direcionada, bem como o tema a ser tratado.
Videoaula sobre carta aberta
O que é carta aberta?
A carta aberta é um texto predominantemente argumentativo que trata de um tema de interesse público na intenção de atingir o máximo de pessoas possível, por isso ela é acessível a todos. Assim, a carta aberta pode ser escrita por uma pessoa e ser endereçada a outra ou a várias pessoas ou ser escrita por várias pessoas e direcionada a um grupo ou vários grupos.
O principal elemento que compõe a carta aberta é o seu caráter público. Assim, diferentemente da carta pessoal, em que não se publica abertamente o seu conteúdo, a carta aberta faz justamente o oposto.
Quais são as características e a estrutura da carta aberta?
Quanto às características, a carta aberta pode ser sintetizada nos seguintes pontos:
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texto com predominância do aspecto argumentativo;
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dedicado a uma ampla audiência, ou seja, de caráter público;
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escrito na norma-padrão da língua portuguesa;
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com linguagem denotativa;
Quanto à estrutura, a carta aberta apresenta a estrutura básica de uma carta, com introdução, desenvolvimento e conclusão:
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a introdução é reservada para a apresentação do tema;
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o desenvolvimento é o espaço em que o(s) autor(es) expõe(m) e defende(m) o ponto de vista com seus argumentos;
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a conclusão é o fechamento do texto, contendo assinatura do(s) responsável(is) pela carta.
Como fazer uma carta aberta?
Para fazer uma carta aberta, é importante definir o tema e o grupo ao qual ela será direcionada. Caso seja uma reclamação a uma empresa ou uma pessoa específica, tudo isso precisa estar bem claro para que se possa pensar estrategicamente sobre o texto.
Durante o processo de escrita, é necessário lembrar que a carta aberta é um texto argumentativo e, sendo assim, ela precisa apresentar, em boa parte de sua composição, a construção dos argumentos. Lembre-se de expô-los de maneira clara e objetiva ao leitor. Evite textos muito complexos e longos, isto é, utilize linguagem simples e direta.
Ao final, é fundamental assinar a carta com o seu nome e o nome dos demais autores ou grupo, se for o caso.
Veja também: Carta de reclamação — o tipo de carta que se caracteriza por formalizar uma insatisfação
Exemplo de carta aberta
Cartas de amor aos livros O livro no Brasil vive seus dias mais difíceis. Nas últimas semanas, as duas principais cadeias de lojas do país entraram em recuperação judicial, deixando um passivo enorme de pagamentos em suspenso. Mesmo com medidas sérias de gestão, elas podem ter dificuldades consideráveis de solução a médio prazo. O efeito cascata dessa crise é ainda incalculável, mas já assustador. O que acontece por aqui vai na maré contrária do mundo. Ninguém mais precisa salvar os livros de seu apocalipse, como se pensava em passado recente. O livro é a única mídia que resistiu globalmente a um processo de disrupção grave. Mas no Brasil de hoje a história é outra. Muitas cidades brasileiras ficarão sem livrarias e as editoras terão dificuldades de escoar seus livros e de fazer frente a um significativo prejuízo acumulado. As editoras já vêm diminuindo o número de livros lançados, deixando autores de venda mais lenta fora de seus planos imediatos, demitindo funcionários em todas as áreas. Com a recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, dezenas de lojas foram fechadas, centenas de livreiros foram despedidos, e as editoras ficaram sem 40% ou mais dos seus recebimentos — gerando um rombo que oferece riscos graves para o mercado editorial no Brasil. Na Companhia das Letras sentimos tudo isto na pele, já que as maiores editoras são, naturalmente, as grandes credoras das livrarias, e, nesse sentido, foram muito prejudicadas financeiramente. Mas temos como superar a crise: os sócios dessas editoras têm capacidade financeira pessoal de investir em suas empresas, e muitos de nós não só queremos salvar nossos empreendimentos como somos também idealistas e, mais que tudo, guardamos profundo senso de proteção para com nossos autores e leitores. Passei por um dos piores momentos da minha vida pessoal e profissional quando, pela primeira vez em 32 anos, tive que demitir seis funcionários que faziam parte da Companhia há tempos e contribuíam com sua energia para o que construímos no nosso dia a dia. A editora que sempre foi capaz de entender as pessoas em sua diversidade, olhar para o melhor em cada um e apostar mais no sentimento de harmonia comum que na mensuração da produtividade individual, teve que medir de maneira diversa seus custos, ou simplesmente cortar despesas. Numa reunião para prestar esclarecimentos sobre aquele triste e inédito acontecimento, uma funcionária me perguntou se as demissões se limitariam àquelas seis. Com sinceridade e a voz embargada, disse que não tinha como garantir. Sem querer julgar publicamente erros de terceiros, mas disposto a uma honesta autocrítica da categoria em geral, escrevo mais esta carta aberta para pedir que todos nós, editores, livreiros e autores, procuremos soluções criativas e idealistas neste momento. As redes de solidariedade que se formaram, de lado a lado, durante a campanha eleitoral talvez sejam um bom exemplo do que se pode fazer pelo livro hoje. Cartas, zaps, e-mails, posts nas mídias sociais e vídeos, feitos de coração aberto, nos quais a sinceridade prevaleça, buscando apoiar os parceiros do livro, com especial atenção a seus protagonistas mais frágeis, são mais que bem-vindos: são necessários. O que precisamos agora, entre outras coisas, é de cartas de amor aos livros. Aos que, como eu, têm no afeto aos livros sua razão de viver, peço que espalhem mensagens; que espalhem o desejo de comprar livros neste final de ano, livros dos seus autores preferidos, de novos escritores que queiram descobrir, livros comprados em livrarias que sobrevivem heroicamente à crise, cumprindo com seus compromissos, e também nas livrarias que estão em dificuldades, mas que precisam de nossa ajuda para se reerguer. Divulguem livros com especialíssima atenção ao editor pequeno que precisa da venda imediata para continuar existindo, pensem no editor humanista que defende a diversidade, não só entre raças, gêneros, credos e ideais, mas também a diversidade entre os livros de ambição comercial discreta e os de ambição de venda mais ampla. Todos os tipos de livro precisam sobreviver. Pensem em como será nossa vida sem os livros minoritários, não só no número de exemplares, mas nas causas que defendem, tão importantes quanto os de larga divulgação. Pensem nos editores que, com poucos recursos, continuam neste ramo que exige tanto de nós e que podem não estar conosco em breve. Cada editora e livraria que fechar suas portas fechará múltiplas outras em nossa vida intelectual e afetiva. Presentear com livros hoje representa não só a valorização de um instrumento fundamental da sociedade para lutar por um mundo mais justo como a sobrevivência de um pequeno editor ou o emprego de um bom funcionário em uma editora de porte maior; representa uma grande ajuda à continuidade de muitas livrarias e um pequeno ato de amor a quem tanto nos deu, desde cedo: o livro. Luiz Schwarcz Disponível em <https://www.blogdacompanhia.com.br/conteudos/visualizar/Cartas-de-amor-aos-livros> |
A carta acima trata de uma crise nacional referente ao fechamento de diversas livrarias pelo país. O autor, dono de uma grande editora, expõe suas opiniões acerca do ocorrido. Ele produz uma carta aberta a fim de fazer com que os interessados pela produção literária nacional se movam em busca de uma solução para o problema.