Cacoetes linguísticos

Os cacoetes linguísticos aparecem com frequência na modalidade oral, tornando-se um verdadeiro vício de linguagem.

Os cacoetes linguísticos aparecem com frequência no discurso. Geralmente são expressões inseridas de maneira automática na fala

 Você já ouviu falar dos cacoetes linguísticos? Eles são as famosas muletas do idioma, palavras e expressões que viram moda e, depois de cristalizadas pelos falantes, acabam se tornando um vício. Não se trata de neologismo, os cacoetes nem sempre são novas expressões, mas expressões que podem aparecer com uma constância desagradável, principalmente no discurso oral.

Esses cacoetes de linguagem, também chamados de termos-muletas e fórmulas de raciocínio, nem sempre incomodam quem fala, mas certamente irritam quem ouve! Irritam porque costumam aparecer com frequência no discurso, de maneira automática e fora de contexto. Os cacoetes linguísticos são uma espécie de “trapaça comunicacional”, isso porque, na falta de uma boa retórica e também de bons argumentos, o falante opta por empregar termos esvaziados de sua significação em uma tentativa desesperada de rebuscar o próprio discurso. Mas, fique tranquilo, se você se sentiu “meio que” enquadrado na descrição acima, saiba que nem sempre os cacoetes aparecem de maneira intencional, pois, em alguns casos, eles apenas expressam uma necessidade de autocorreção por parte de quem fala.

Para você não incorrer nesse tipo de “erro”, o Alunos Online traz para você cinco exemplos de cacoetes linguísticos que provavelmente você nem sabia que são considerados vícios de linguagem. Atenção e, de preferência, tente evitá-los na linguagem oral e, principalmente, na linguagem escrita. Boa leitura!

1. Tipo:

O “tipo” já se tornou um velho conhecido... Há tempos ele vem sendo empregado de maneira aleatória e fora de sua significação. Quando empregado de maneira viciosa, ele serve, “tipo”, como uma pontuação na frase:

(tipo) Ele nem perguntou se a gente queria que ele fosse (tipo), foi logo se oferecendo (tipo), superinconveniente!

Percebeu que, se retirarmos a expressão “tipo que”, o significado da frase não é alterado em absolutamente nada?

2. Meio que:

Não se desespere se você está se sentindo “meio que” revelado neste texto sobre cacoetes linguísticos. Conhecer o “inimigo” é fundamental para enfrentá-lo!

O Brasil está se tornando um país (meio que) intolerante.

3. Tipo assim:

Quem achou, alguns anos atrás, que o “tipo assim” seria uma moda passageira entre os falantes, principalmente entre os adolescentes (grandes inovadores da linguagem!), enganou-se. Ele permanece por aí, marcando presença até mesmo nos textos escritos! Formalmente, ele não possui valor algum:

Acordei às 9:00 da manhã, (tipo assim) superatrasado!

4. Cara

(Cara), você perdeu, (cara), o show foi muito bom, só feras (cara)!

Você certamente conhece alguém que fala exatamente assim, não é mesmo? Algumas pessoas realmente exageram nos cacoetes de linguagem.

5. Gerundismo:

Nós já identificamos o problema e estaremos trabalhando para resolvê-lo para você estar tendo uma melhor qualidade no serviço contratado”.

Quem nunca foi vítima desse cacoete linguístico? O gerundismo é considerado um vício de linguagem, um modismo que utiliza de maneira inadequada a forma nominal gerúndio. Na tentativa de reforçar uma ideia de continuidade de um verbo no futuro, acabamos complicando o que já é suficientemente complicado, e o que antes podia ser dito de maneira mais econômica e direta foi substituído por uma intrincada estrutura que prefere utilizar três verbos em vez de apenas um ou dois.

Não estamos aqui para ditar regras ou para dizer como você deve comunicar-se, a intenção definitivamente não é essa. A língua é do falante, e sem o falante ela não existe. Somos donos do idioma, e nossos atos de fala transformam e melhoram a língua portuguesa. A principal finalidade do idioma é a comunicação, importante instrumento de expressão e sociabilidade. Porém, quando falamos sobre os cacoetes linguísticos, estamos lembrando que existem duas vertentes da língua, a coloquial e a língua padrão, e é desejável que você entenda que, para cada situação, uma dessas linguagens é a mais adequada. O importante é sermos poliglotas em nossa língua. Pense nisso! 

Por: Luana Castro Alves Perez

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