Assonância

A assonância é uma figura de linguagem em que há expressão por meio de sons vocálicos, o que pode gerar diferentes efeitos no texto. A assonância não deve ser confundida com a aliteração, figura marcada pela repetição de sons consonantais.

Leia também: Eufemismo – figura de linguagem que visa a suavizar determinada mensagem

O que é assonância?

A assonância é uma figura de linguagem que trabalha a repetição de sons vocálicos (isto é, a repetição dos sons das vogais). Por isso, também é classificada como uma figura de som (também chamada de figura sonora ou figura de harmonia), que é o tipo de figura de linguagem atrelado à sonoridade para criar efeitos de sentido.

Os efeitos criados pela assonância estão ligados ao uso e à repetição das vogais. Assim, vogais mais abertas, como A, É ou Ó, podem passar um tipo de efeito, enquanto vogais mais fechadas, como E, I, O ou U, passam outro. Note que a acentuação nas vogais também influencia esses efeitos de sentido, já que isso se relaciona com as articulações feitas pelo sistema fonológico para reproduzir os sons. O mesmo também vale para vogais nasalizadas, como à e Õ. Sendo assim, quais interpretações podem ser feitas por meio das repetições desses sons? Veja nos exemplos.

Exemplos de assonância

Quando se relaciona o contexto e a musicalidade, a assonância pode criar diversos efeitos no enunciado. A predominância de vogais mais abertas pode passar a sensação de abertura, alegria, expansão, entre outras ideias mais enérgicas.

Abra suas asas
Solte suas feras
Caia na gandaia
Entre nessa festa
(Nelson Motta / Rubens Queiroz)

“Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado /
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa /
E, como sobre um leito um alvo cortinado, /
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa
(Olavo Bilac)

A predominância de vogais mais fechadas, por outro lado, pode passar a sensação de fechamento, tristeza, retraimento, entre outras ideias de placidez ou mistério.

“Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.”
(Cecília Meireles)

Diferença entre assonância e aliteração

Enquanto a assonância explora o som vocálico para criar efeitos no discurso, a aliteração é a figura que trabalha com os sons consonantais, ou seja, os sons das consoantes, para gerar novos efeitos. A aliteração também é muito utilizada na linguagem poética e para gerar musicalidade ou efeitos de sentido. Veja:

“O tapa estalou tanto quanto um prato espatifado.”

No exemplo, a repetição das consoantes T e P ajuda a reforçar o som do estalo do tapa que foi dado. Note que, nesse caso, há também repetição da vogal A, sendo um típico caso em que aliteração e assonância são usadas em conjunto para gerar efeitos no enunciado. Para saber mais sobre essa outra figura sonora, leia o texto: Aliteração.

A assonância usa a repetição de sons vocálicos para criar efeitos de sentido no enunciado.

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (FIP) Observe a sequência de frases abaixo e responda a seguir.

(1) E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida. (Guilherme de Almeida)

(2) Conhecer as manhas e as manhãs. (Almir Sater e Renato Teixeira)

(3) E as cantilenas de serenos sons amenos fogem fluidas. (Eugênio de Castro)

Nas frases apresentadas em (1), (2) e (3), temos, respectivamente, as seguintes figuras de estilo que exploram a sonoridade das palavras:

A) assonância, paranomásia e aliteração.

B) onomatopeia, assonância e paranomásia.

C) aliteração, onomatopeia e assonância.

D) paranomásia, assonância e aliteração.

E) assonância, onomatopeia e paranomásia.

Resolução

Alternativa A. No primeiro enunciado, há assonância pela repetição da vogal I. No segundo, há paranomásia pelo emprego das palavras “manhas” e “manhãs”. No terceiro, há aliteração pela repetição das consoantes N, S e F.

Questão 2 - (Fundep)

desconjugações

informo

informas

eles, infames

digo

dizes

eles, ditadores

milito

militas

eles, militares

torço

torces

eles, torturadores

mendigo

mendigas

eles, mentirosos

golfo

golfas

eles, golpistas

ladro

ladras

eles, ladrões

bandeio

bandeias

eles, bandidos

trabalho

trabalhas

eles, trapaceiros

hipoteco

hipotecas

eles, hipócritas

trago

trazes

eles, traidores

raciocino

raciocinas

eles, racistas

homogeneízo

homogeneízas

eles, homofóbicos

fascino

fascinas

eles, fascistas

Aldo Votto. Disponível em: <http://avozpublicadapoesia.blogspot.com/2018/02/desconjugacoes.html>. Acesso em: 10 mar. 2019.

O poema “desconjugações” utiliza, como recurso expressivo no interior dos versos, ora a repetição de sons consonantais, como em “digo, / dizes, / [...] ditadores”, ora a repetição de sons vocálicos, como em “informo, / informas, / [...] infames”.

Esses recursos expressivos denominam-se, respectivamente,

A) aliteração e assonância.

B) anacoluto e aliteração.

C) anáfora e polissíndeto.

D) assonância e metáfora.

Resolução

Alternativa A. A repetição de sons consonantais chama-se aliteração, enquanto a repetição de sons vocálicos é chamada de assonância.

Por: Guilherme Viana

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