Assíndeto

 Assíndeto é uma figura de linguagem, ou de sintaxe, caracterizada pela omissão ou ausência de uma conjunção entre palavras ou orações. Já o polissíndeto também é uma figura de sintaxe, mas apresenta a repetição intencional de uma conjunção. Dessa forma, são figuras opostas, já que uma é marcada pela ausência, enquanto a outra apresenta um excesso de conectivos.

 Leia também: Figuras de linguagem no Enem: como esse tema é cobrado?

Conceito de assíndeto

Assíndeto é uma figura de linguagem, ou de sintaxe, caracterizada pela ausência de uma conjunção entre palavras ou orações.

Veja este exemplo:

James Baldwin é romancista, dramaturgo, ensaísta.

Nesse enunciado, não foi utilizada nenhuma conjunção entre as palavras “romancista”, “dramaturgo” e “ensaísta”.

O mesmo acontece no próximo exemplo, em que os sujeitos da oração não apresentam conectivos:

A camisa, a gravata, o paletó ficaram dois dias jogados sobre a cama.

E, por fim, no próximo enunciado, também não há nenhum elemento de ligação entre as orações:

Não estudei a teoria da relatividade, não busquei compreender o conceito de singularidade gravitacional, não fiz os exercícios.

Qual a diferença entre assíndeto e polissíndeto?

O assíndeto, como conceituamos acima, é a ausência de conjunção entre palavras e orações. Já o polissíndeto é uma figura de sintaxe que apresenta a repetição intencional de determinada conjunção.

 

 

  • James Baldwin é romancista, e dramaturgo, e ensaísta.

  • A camisa, e a gravata, e o paletó ficaram dois dias jogados sobre a cama.

  • Não estudei a teoria da relatividade, e não busquei compreender o conceito de singularidade gravitacional, e não fiz os exercícios.

Apesar de ser mais comum a repetição do conectivo “e”, outros conectivos também podem ser utilizados na construção do polissíndeto, como a conjunção adversativa “mas”.

Gosto de muitos artistas, mas Pabllo Vittar, mas Gaby Amarantos são meus preferidos.

Veja também: Anacoluto – isolamento de termos no início do enunciado

Curiosidades sobre assíndeto

Você sabia que o “a” da palavra “assíndeto” é um prefixo grego que indica negação e que o “poli” do vocábulo “polissíndeto” é também um prefixo de origem grega e significa “muitos”?

Além disso, a palavra “síndeto” tem origem na palavra grega sýndeton, isto é, “unido a”. Portanto, o termo “assíndeto” significa “sem ligação” ou “sem conjunção”; já “polissíndeto” indica que há “muitas ligações” ou “muitas conjunções”.

Olavo Bilac é um dos principais poetas do Parnasianismo brasileiro.

E você sabia que o polissíndeto é uma característica da poesia parnasiana? Pois é. Observe a seguir o poema Abyssus, de Olavo Bilac (1865-1918), em que o uso repetitivo da conjunção “e” acentua as ações da mulher e a destruição daquele que a deseja:

Bela e traidora! Beijas e assassinas…
Quem te vê não tem forças que te oponha
Ama-te, e dorme no teu seio, e sonha,
E, quando acorda, acorda feito em ruínas…

Seduzes, e convidas, e fascinas,
Como o abismo que, pérfido, a medonha
Fauce apresenta flórida e risonha,
Tapetada de rosas e boninas.

O viajor, vendo as flores, fatigado
Foge o sol, e, deixando a estrada poenta,
Avança incauto… Súbito, esbroado,

Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre,
Vacila e grita, luta e se ensanguenta,
E rola, e tomba, e se espedaça, e morre…

O assíndeto é uma figura de linguagem que consiste na ausência de conjunções entre termos.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – Analise os enunciados a seguir e marque a alternativa em que se observa o assíndeto.

A) Ivanildo não tinha medo, era corajoso, fazia tudo que queria, não dava satisfação a ninguém.

B) Os índios chegaram à praia, e viram a embarcação, e ficaram agitadíssimos com a novidade.

C) Eu não queria dizer aquilo; mas, quando ele me ofendeu, entendi que eu precisava me defender.

D) Somos várias cabeças, que pensam como se fossem uma só; e isso impede a riqueza da diversidade.

E) Vou comprar um livro, um caderno e uma caneta quando você me pagar pela aula de física.

Resolução

Alternativa A. Esse enunciado é composto por orações coordenadas assindéticas, isto é, sem a presença de conjunção.

Questão 2 – Leia o poema O castigo, de Olavo Bilac:

Volta... Nem luta já contra o crime que o atrai...
Velho e trôpego vem, mendigo esfarrapado,

E examine, por fim, num calefrio, cai
Sem consciência, ao pé das águas do Pecado.

Calma. A noite caiu. Nem um pássaro voa.
Não piam no silêncio as aves agoireiras.
Mas palpitam, luzindo, à beira da lagoa,
Fogos-fátuos sutis sobre as ervas rasteiras.

E, então, Vilfredo vê, presa de um medo
Do denso turbilhão dos fogos repentinos,

Com tentações no olhar e convites na voz
Surgirem turbilhões de corpos femininos.

E o Inferno pela voz dos fogos-fátuos fala!
Vilfredo foge. O horror vai com ele, inclemente!

Foge. E corre, e vacila, e tropeça, e resvala,
E levanta-se, e foge alucinadamente...

Em vão! pesa sobre ele um destino fatal:
E o louco, em todo o horror dos campos tenebrosos,
Vê fechar-se e prendê-lo a cadeira infernal
Da infernal multidão dos Elfos amorosos...

Marque a alternativa que apresenta um verso em que se verifica a presença de polissíndeto.

A) “Velho e trôpego vem, mendigo esfarrapado,”.

B) “Mas palpitam, luzindo, à beira da lagoa,”.

C) “E, então, Vilfredo vê, presa de um medo”.

D) “Foge. E corre, e vacila, e tropeça, e resvala,”.

E) “E o louco, em todo o horror dos campos tenebrosos,”.

Resolução

Alternativa D. A repetição da conjunção “e”, no verso “Foge. E corre, e vacila, e tropeça, e resvala,”, produz um polissíndeto.

Por: Warley Souza

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