Apólogo

O apólogo é um texto narrativo que, apresentando diálogos entre personagens inanimados, possui caráter educativo e se encerra com uma lição moral.

Em um apólogo, os objetos ganham vida. Esse texto visa a passar ao leitor uma mensagem de cunho moral e educativo.

O apólogo é uma curta narrativa de cunho educativo que tem como principal objetivo a apresentação de lições de cunho ético e moral, por meio de objetos inanimados que expressam características humanas, como uma diversidade de sentimentos.

Veja também: Conto — outro tipo de narrativa ficcional que se caracteriza pela brevidade

Estrutura do apólogo

Por se tratar de um texto predominantemente narrativo, o apólogo apresenta alguns dos elementos essenciais da construção de uma narração. Vejamos alguns deles.

  • Enredo: é a história contada aos leitores, formulada por meio de uma apresentação, complicação, clímax e, por fim, desfecho.

  • Personagens: aqueles que participam, de alguma forma, do enredo que está sendo contado.

  • Tempo: o “quando” em que a história ocorre.

  • Espaço: o “onde” em que a história ocorre.

Como se faz um apólogo?

Para elaborar um apólogo, antes do processo de escrita, é importante que se defina qual será o ensinamento passado pela produção textual. Depois disso, é importante que se definam as personagens, o tempo, o espaço e o enredo.

Durante o processo de escrita, é importante lembrar que o apólogo é uma história curta e que utiliza diversas personagens inanimadas com características humanas. Em outros termos, é importante que se tenha em mente os elementos básicos desse tipo de texto.

Exemplo de apólogo

O texto escrito por Pedro Bandeira intitulado “O toco e o lápis” é um exemplo de apólogo. Veja a seguir.

Lá, num fundo de gaveta, dois lápis estavam juntos.

Um era novo, bonito, com ponta muito bem-feita. Mas o outro — coitadinho! — era triste de se ver. Sua ponta era rombuda, dele só restava um toco, de tanto ser apontado.

O grandão, novinho em folha, olhou para a triste figura do companheiro e chamou:

– Ô, baixinho! Você, aí embaixo! Está me ouvindo?

– Não precisa gritar — respondeu o toco de lápis. — Eu não sou surdo!

– Não é surdo? Ah, ah, ah! Pensei que alguém já tivesse até cortado as suas orelhas, de tanto apontar sua cabeça!

O toquinho de lápis suspirou:

– É mesmo… Até já perdi a conta de quantas vezes eu tive de enfrentar o apontador…

O lápis novo continuou com a gozação:

– Como você está feio e acabado! Deve estar morrendo de inveja de ficar ao meu lado. Veja como eu sou lindo, novinho em folha!

– Estou vendo, estou vendo… Mas, me diga uma coisa: Você sabe o que é uma poesia?

– Poesia? Que negócio é esse?

– Sabe o que é uma carta de amor?

– Amor? Carta? Você ficou louco, toquinho de lápis?

– Fiquei tudo! Louco, alegre, triste, apaixonado! Velho e gasto também. Se assim fiquei, foi porque muito vivi. Fiquei tudo aquilo que aprendi de tanto escrever durante toda a vida. Romance, conto, poesia, narrativa, descrição, composição, teatro, crônica, aventura, tudo! Ah, valeu a pena ter vivido tanto, ter escrito tanta coisa, mesmo tendo de acabar assim, apenas um toco de lápis. E você, lápis novinho em folha: o que é que você aprendeu?

O grandão, que era um lindo lápis preto, ficou vermelho de vergonha…

Acima, temos a construção de um apólogo com as seguintes características:

  • presença de personagens inanimadas com características humanas;

  • narrativa concisa;

  • construção de uma narrativa com forte teor pedagógico;

  • final com elemento moralizante.

Leia também: Verossimilhança — a aproximação dos fatos ocorridos com a realidade externa

Diferenças entre apólogo e fábula

O apólogo e a fábula são textos muito similares, com foco na formação educativa dos indivíduos. Assim, ambos apresentam reflexões éticas e morais. Porém, a principal diferença entre os dois está justamente nas escolhas das personagens. Enquanto na fábula temos animais antropomorfizados, no apólogo esse processo ocorre com objetos inanimados.

Por: Rafael Camargo de Oliveira

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