Aliteração

Aliteração é uma figura de linguagem, de som ou harmonia, que consiste na repetição de consoantes ou sílabas. É muito utilizada em poemas, uma vez que esse tipo de texto costuma valorizar a sonoridade das palavras.

Assim, ela se distingue da assonância, pois esta é uma figura de linguagem caracterizada pela repetição de vogais. No entanto, ambas as figuras, se usadas em textos objetivos, são consideradas vícios de linguagem.

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O que é aliteração?

A repetição de uma mesma consoante produz a aliteração.

Aliteração é uma figura de linguagem, de som ou harmonia, caracterizada pela repetição de consoantes ou sílabas. Seu uso está restrito a textos poéticos que buscam produzir efeitos sonoros pela combinação dos sons das palavras. Portanto, atenção, se for utilizada em um texto objetivo, a aliteração passa a ser considerada um vício de linguagem.

A seguir, vamos ler o poema “Cisnes brancos”, do escritor simbolista Alphonsus de Guimaraes (1870-1921). Observe como a consoante s repete-se em todo o texto, de forma a provocar, no leitor, a ilusão de ouvir o barulho do vento que permite o voo dos cisnes brancos:

Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Por que viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da Montanha onde morre a tarde.

Ó cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas.

Voai para outras risonhas plagas,
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas,
E só com as minhas cicatrizes.

Venham as aves agoireiras,
De risada que esfria os ossos...
Minh’alma, cheia de caveiras,
Está branca de padre-nossos.

Queimando a carne como brasas,
Venham as tentações daninhas,
Que eu lhes porei, bem sob as asas,
A alma cheia de ladainhas.

Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Doce afago de alva plumagem!
Minh’alma morre aos solavancos
Nesta medonha carruagem...

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Diferença entre aliteração e assonância

Aliteração e assonância são fenômenos linguísticos caracterizados pela sonoridade das letras.

Tanto a aliteração quanto a assonância são figuras de som ou harmonia. Entretanto, se a aliteração é identificada pela repetição de consoantes ou sílabas, a assonância caracteriza-se pela repetição de vogais, como é possível notar no poema “A catedral”, também de Alphonsus de Guimaraens, em que a repetição da vogal o produz, no leitor, a ilusão de ouvir o som lúgubre de um sino (quando pronunciada como “ô”, “õ” ou “u”) ou a exclamação de dor do eu lírico (quando pronunciada como “ó”):

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a bênção de Jesus.

E o sino clama em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Põe-se a lua a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu tristonho,
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

O céu é todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem açoitar o rosto meu.
E a catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino geme em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”

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Exercícios resolvidos

Questão 1 - (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?

A) “Um dia hei de ir embora/ Adormecer no derradeiro sono.” (eufemismo)

B) “A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.” (prosopopeia)

C) Já não são tão frequentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)

D) “E fria, fluente, frouxa claridade/ Flutua...” (aliteração)

E) “Oh sonora audição colorida do aroma.” (sinestesia)

Resolução

Alternativa C. Em “Já não são tão frequentes os passeios noturnos na violenta [cidade do] Rio de Janeiro”, não ocorre silepse de número, mas sim uma elipse. Contudo, no processo de exclusão de alternativas, é preciso saber que a alternativa D está correta, pois a repetição da consoante f configura-se em uma aliteração.

Questão 2 - (UFPA)

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

MELO, João Cabral de. In: Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.

Nos versos

“E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo…”

tem-se exemplo de

A) eufemismo.

B) antítese.

C) aliteração.

D) silepse.

E) sinestesia.

Resolução

Alternativa C. A aliteração ocorre devido à repetição da consoante t.

Questão 3 - (FAU-Santos) Nos versos:

“Bomba atômica que aterra

Pomba atônita da paz

Pomba tonta, bomba atômica...”

A repetição de determinados elementos fônicos é um recurso estilístico denominado:

A) hiperbibasmo

B) sinédoque

C) metonímia

D) aliteração

E) metáfora

Resolução

Alternativa D. A repetição das sílabas bom-, pom- e -ba, além da repetição da consoante t, caracteriza a aliteração.

Por: Warley Souza

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