A Paráfrase - Uma recriação textual

Parafrasear um texto significa recriá-lo com outras palavras

O aperfeiçoamento da escrita se dá à medida que ampliamos o nosso conhecimento linguístico, procurando cada vez ampliar o nosso vocabulário e o nosso conhecimento de mundo em relação ao posicionamento de argumentos frente aos assuntos abordados.

Desta forma, diversos são os elementos que participam desta competência, tais como a prática assídua da leitura, dentre outros. E como dito anteriormente, essa busca pelo aperfeiçoamento deve ser constante, e um procedimento de extrema importância, e que merece destaque, é a reescrita textual.


No momento em que escrevemos vamos formulando as ideias, realizando uma tessitura coesa e organizada, com vistas a tornar a mensagem passível de entendimento para o leitor. Entretanto, em certos momentos, cometemos algumas falhas no que se refere à ortografia e à disposição das palavras como um todo, e que somente por meio de uma releitura conseguimos identificá-las.

Dentre a prática da reescrita reside uma forma de intertextualização denominada “Paráfrase”, cuja finalidade é a criação de um texto fazendo referência a outro, sem que a ideia (a mensagem) seja alterada.

Tal técnica foi muito explorada por importantes poetas pertencentes à Literatura Brasileira de acordo com as estéticas literárias. Vejamos, pois, alguns exemplos:

Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).


Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).


Para que mentir?
Para que mentir
tu ainda não tens
Esse dom de saber iludir?
Pra quê? Pra que mentir,
Se não há necessidade
De me trair?
Pra que mentir
Se tu ainda não tens
A malícia de toda mulher?
Pra que mentir, se eu sei
Que gostas de outro
Que te diz que não te quer?
Pra que mentir tanto assim
Se tu sabes que eu sei
Que tu não gostas de mim?
Se tu sabes que eu te quero
Apesar de ser traído
Pelo teu ódio sincero
Ou por teu amor fingido?
(Vadico e Noel Rosa, 1934)


Dom de Iludir
Não me venha falar na malícia
de toda mulher
Cada um sabe a dor e a delícia
de ser o que é.
Não me olhe como se a polícia
andasse atrás de mim.
Cale a boca, e não cale na boca notícia ruim.
Você sabe explicar
Você sabe entender, tudo bem.
Você está, você é, você faz.
Você quer, você tem.
Você diz a verdade, a verdade
é seu dom de iludir.
Como pode querer que a mulher
vá viver sem mentir.
(Caetano Veloso, 1982)

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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