A Páscoa é uma das celebrações mais significativas da liturgia do cristianismo e celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Para os cristãos, ela é entendida como uma ressignificação da celebração judaica conhecida como “pesach”, que relembra a passagem do anjo da morte pelo Egito e a libertação dos hebreus da escravidão.
A crucificação, morte e ressurreição de Jesus teriam acontecido bem na época em que se celebrava a pesach. Além disso, o ato da ressurreição de Cristo dentro da teologia cristã é entendido como a confirmação da divindade dele e de promessas feitas por Deus de que os homens seriam redimidos de seus pecados.
Por ser a celebração mais importante para os cristãos, é natural que haja uma grande expectativa pela Páscoa, e a Semana Santa e a Quaresma são duas formas de antecipação e preparação dessa celebração. Além dessas tradições, a Páscoa é marcada por diferentes símbolos, sejam eles cristãos, sejam seculares. Vamos conhecer alguns deles!
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Símbolos da Páscoa
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Ovos de Páscoa
Os ovos de Páscoa são um símbolo que tem mais relação com a celebração secular do que com a celebração praticada pelos cristãos, mas é claro que é possível que uma pessoa cristã celebre a Páscoa presenteando pessoas próximas com ovos de chocolate.
A origem da relação dos ovos com a Páscoa é difícil de ser definida, mas os historiadores apontam para o fato de que povos da Antiguidade encaravam os ovos como um símbolo de fertilidade. Um exemplo disso são os persas, que tinham uma celebração conhecida como Noruz, que ocorria na época do equinócio da primavera (mesma época da Páscoa no Hemisfério Norte). Essa festa celebrava a passagem de ano para os persas praticantes do zoroastrismo e fala-se que era comum que os persas, durante a festa, decorassem ovos, colocando-os na mesa de jantar, para em seguida cozinhá-los e consumi-los. Há também aqueles que apontam para o culto de Eostre, deusa germânica da fertilidade que tinha os ovos como seu símbolo.
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Coelho da Páscoa
O coelho é outro símbolo pascal que tem mais relação com a celebração secular do que com a celebração cristã. Na cultura popular, fala-se que o coelho da Páscoa é o responsável por trazer os ovos de chocolate. O coelho esconde os ovos e, por isso, as crianças devem procurá-los, ficando com aqueles que elas encontrarem.
Essa visão do coelho da Páscoa ganhou a forma atual a partir do século XIX, quando se consolidou a ideia da infância enquanto um momento que antecede a vida adulta. Isso reforçou atividades realizadas em família, e a procura dos ovos trazidos pelo coelho é uma dessas atividades. Por meio delas, a Páscoa se estabeleceu como um feriado doméstico, familiar.
Do ponto de vista histórico, o coelho, assim como o ovo, era enxergado como um símbolo de fertilidade em muitas culturas. Era assim na cultura germânica, pois o coelho, assim como o ovo, era símbolo da deusa Eostre.
Existe uma lenda germânica que narra a transformação de um pássaro em coelho para divertir crianças. Entretanto, o pássaro não teria ficado feliz com a transformação e teria pedido a Eostre para retornar à sua forma original. Ela realizou o pedido, retornando o animal para a sua forma de pássaro e ele, em gratidão, teria dado alguns ovos coloridos para a deusa.
Existem também relações da Páscoa com o coelho porque, nas origens do cristianismo, a lebre, animal parecido com o coelho, era vista como um símbolo de castidade e de pureza, pois acreditava-se que ela conseguia se reproduzir de maneira assexuada. Com o tempo, a lebre foi sendo substituída pelo coelho, um animal muito mais dócil.
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Símbolos cristãos da Páscoa
Enquanto o coelho e o ovo de Páscoa representam símbolos não necessariamente cristãos, embora existam algumas associações, existem determinados símbolos que estão diretamente ligados com a celebração cristã. Vejamos alguns deles!
→ Círio Pascal
O Círio Pascal é uma vela que é acessa durante a Vigília Pascal, celebração realizada na véspera da Páscoa. Ele é um símbolo tradicional na Igreja Católica, e a prática de acender essa vela às vésperas da Páscoa se consolidou nos tempos da igreja cristã na Antiguidade (antes do século VI, portanto).
Essa vela representa a luz de Jesus Cristo, que ilumina o mundo em sua escuridão. Além disso, contém alguns outros símbolos, como a cruz, representando o sacrifício de Cristo, e duas letras do alfabeto grego — Alfa e Ômega —, simbolizando o fato de que Jesus é considerado o princípio e o fim da eternidade.
Outro símbolo incluído no Círio Pascal são cinco cravos de incenso, que representam as chagas de Cristo. O termo “círio” é oriundo do latim “cereus”, que significa cera. O Círio Pascal é uma vela que também é utilizada em batismos, representando o início da vida, e em funerais, representando o seu fim.
→ Colomba Pascal
A colomba é um pão doce consumido no período da Páscoa (alguns definem como bolo). Possui uma massa aerada e conta com frutas secas. Muitos apontam uma certa semelhança com o panetone, comum no Natal, mas são pratos diferentes. É muito comum na Itália e lá é servido no café da manhã do Domingo de Páscoa.
É assado em forma de pomba, que simboliza a paz. Para a Páscoa, a colomba representa exatamente a paz de Jesus e, como é assada em forma de pomba, simboliza também a presença do Espírito Santo. Diz-se que a colomba surgiu como presente de um padeiro para um rei lombardo que atacava uma vila na Península Itálica.
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→ Cordeiro
O cordeiro é um símbolo que remete tanto à celebração cristã quanto à celebração judaica. A pesach foi celebrada mediante o sacrifício de um cordeiro e o consumo de sua carne em um jantar. Além disso, o sangue do cordeiro sacrificado foi usado para pintar os umbrais das portas para fazer com que o anjo da morte não passasse por ali.
No cristianismo, o cordeiro é um símbolo que faz menção ao próprio Jesus Cristo. Os cristãos entendem que Jesus se sacrificou para salvar a humanidade de seus pecados. A relação do cordeiro com Jesus é encontrada na própria Bíblia: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
→ Pão e vinho
A Páscoa Cristã ainda possui outros símbolos, como o pão e o vinho, que representam o corpo e o sangue de Cristo. Eles são consumidos na Santa Ceia e seguem uma tradição estabelecida pelo próprio Jesus, que ensinou os seus discípulos a fazerem isso em Sua memória. Algumas denominações do cristianismo, como os católicos e os luteranos, acreditam que, durante a Ceia, ocorre a transubstanciação dos elementos, isto é, o pão e o vinho, de fato, transformam-se no corpo e no sangue de Cristo.