Árvore de Natal

Árvore de Natal é um dos grandes símbolos do Natal, e acredita-se que a prática de decorar árvores tenha sido herdada de tradições pagãs da Europa.

A Árvore de Natal é um símbolo natalino que, provavelmente, surgiu entre os séculos XV e XVI.

A Árvore de Natal é um dos grandes símbolos natalinos e popularizou-se a partir da montagem delas na Corte da rainha Vitória, na Inglaterra do século XIX. As Árvores de Natal, no entanto, derivam de tradições pagãs, e acredita-se que surgiram no norte da Europa, entre os séculos XV e XVI. As primeiras Árvores de Natal com luzes elétricas surgiram no final do século XIX.

Acesse também: O que você sabe sobre a religião praticada no Egito Antigo?

A árvore como decoração

A decoração natalina, da qual a Árvore de Natal faz parte, é uma das tradições consolidadas do período do Natal, mas o costume de usar árvores como peça de decoração não é uma realização moderna, mas sim um feito praticado desde a Antiguidade, como veremos ao longo deste texto.

Um dos povos da Antiguidade que se valiam de árvores como decoração foram os egípcios, que usavam palmeiras para decoração de rituais feitos para Rá, um dos principais deuses desse povo. Outro povo da Antiguidade que usava árvores na decoração de rituais religiosos foram os romanos.

Na época do solstício de inverno, os romanos realizavam a Saturnália, festival religioso em homenagem a Saturno. O solstício relembrava-os da aproximação do fim do inverno e, assim, logo a vegetação estaria verde novamente. Por conta disso, muitos romanos decoravam suas casas com ramos de árvores perenifólias (que permanecem com a vegetação verde todo o ano).

Povos como os germânicos, os celtas e os nórdicos vikings também viam as árvores com grande importância, e para esses e muitos outros povos antigos, as árvores perenifólias eram vistas como grande símbolo de prosperidade, porque permaneciam com suas folhas verdes durante todo o ano, inclusive nos invernos rígidos.

Essas árvores que sempre estavam verdes também eram enxergadas como símbolos de fertilidade e, por isso, eram usadas como itens de decoração. À medida que a Europa foi sendo cristianizada, as associações das árvores com religiões pagãs começaram a ser substituídas por associações com o cristianismo.

Muitos historiadores ressaltam, por exemplo, que a Árvore de Natal derivou-se diretamente de tradições pagãs, e muitos associam-na com as tradições nórdicas durante o Jól, festival religioso também conhecido como Yule e realizado na época do solstício do inverno, portanto, na mesma época do Natal cristão.

O historiador Johnni Langer, por exemplo, alega que a Árvore de Natal cristã derivou-se diretamente do julgran, árvore decorativa nórdica que remontava ao Yggdrasil, árvore que sustentava o universo na cosmogonia nórdica. O julgran, para os nórdicos, era um símbolo de fecundidade|1|.

A árvore como símbolo cristão

Duas histórias, para as quais não existe comprovação histórica, são exemplos das tentativas de associar-se a árvore com o cristianismo. Uma delas aborda São Bonifácio, um bispo de origem saxã responsável pela cristianização de povos germânicos ao longo do século VIII. A outra conta de Martinho Lutero, reformador protestante alemão do século XVI.

No caso de São Bonifácio, a tradição conta que, em dado momento, ele encontrou germânicos fazendo rituais religiosos em um carvalho, árvore que era muito ligada a Thor, um dos principais deuses presentes na crença de germânicos e nórdicos na Europa medieval. O bispo saxão decidiu intervir na situação e interrompeu o ritual, derrubando o carvalho com um machado.

Os germânicos ficaram esperando que Thor, o deus do trovão, enviasse um raio para dizimar São Bonifácio pela derrubada da árvore, mas, como nada aconteceu, São Bonifácio se valeu da situação para pregar o cristianismo. Com o tempo, uma árvore de abeto nasceu no lugar do antigo carvalho, e sua forma triangular foi utilizada para transformá-la em um símbolo da Trindade, um dos princípios do cristianismo.

A história que envolve Lutero conta de um possível pioneirismo do reformador germânico em realizar a decoração de árvores no interior das residências. A tradição germânica afirma que Lutero foi o primeiro a decorá-las, adicionando pequenas velas a uma árvore perenifólia durante o período natalino. Isso supostamente aconteceu em meados do século XVI, enquanto ele elaborava um sermão.

Essas histórias são importantes porque nos indicam situações em que as árvores associadas com religiões pagãs foram ressignificadas para que pudessem pertecencer à tradição religiosa dos cristãos.

Acesse também: Quando surgiu a celebração do Corpus Christi?

Como surgiu a Árvore de Natal atual?

Existe muita polêmica acerca da origem da Árvore de Natal moderna, uma vez que diferentes locais na Europa reivindicam a primeira montagem de uma Árvore de Natal. Existem aqueles que apontam que as primeiras árvores decoradas surgiram em Freiburg, na Alemanha, no começo do século XV.

Outros apontam que Bremen, também na Alemanha, em algum momento do século XVI, foi onde as árvores decoradas surgiram. Existem ainda versões que falam que a Árvore de Natal surgiu em Talinn, atual Estônia, em 1441, e em Riga, atual Letônia, em 1510. De toda forma, o que se sabe é que a prática de decorar árvores mesclou culturas pagãs com tradições medievais.

Sabe-se também que as árvores decoradas surgiram nessa região do norte da Europa que abrange territórios da Alemanha, França e dos Países Bálticos. No século XVII, a tradição de decorar árvores já estava consolidada, e sabe-se, por exemplo, que um grande mercado de Árvores de Natal existia em Estrasburgo, cidade francesa próximo da fronteira com a Alemanha. No começo, as Árvores de Natal eram decoradas com itens como maçãs e nozes, por exemplo.

Fala-se que os responsáveis por popularizar de fato as Árvores de Natal foram a rainha Vitória e seu marido, o príncipe Albert. A rainha Vitória, além de ter tido uma mãe de origem alemã, era casada com um alemão, e essa influência germânica na família real foi responsável por fazer as Árvores de Natal chegarem à Inglaterra.

A tradição popularizou-se na Inglaterra e espalhou-se para outros lugares, porque a rainha Vitória e o príncipe Albert casaram-se na década de 1840, e era uma tradição dos dois montar uma Árvore de Natal no fim do ano. As imagens da Árvore de Natal correram o mundo, e a tradição chegou a diversos locais, como os Estados Unidos.

As bolas da Árvore de Natal surgiram no século XIX, na Alemanha.

A influência da cultura norte-americana fez com que a Árvore de Natal se transformasse em um símbolo natalino em todo o mundo. Foi lá nos Estados Unidos que as Árvores de Natal com luzes elétricas surgiram na década de 1880. O responsável por isso foi um funcionário de Thomas Edison chamado Edward Johnson.

Um dos itens de decoração mais comuns das Árvores de Natal são as bolas, surgidas no século XIX, quando um soprador de vidro começou a produzi-las com esse intento. Outros tipos de enfeites foram sendo acrescentados ao longo do tempo.

Acesse também: O que você sabe sobre a religião dos vikings?

Quando montar a Árvore de Natal?

Aqui no Brasil, a montagem da Árvore de Natal segue a tradição católica, e, portanto, o calendário litúrgico do catolicismo serve de referência para sabermos quando montá-la. De acordo com esse calendário, a montagem da Árvore de Natal acontece no primeiro domingo do Advento, o tempo litúrgico que anuncia o nascimento de Jesus.

Assim, para 2020, o dia da montagem da Árvore de Natal foi 29 de novembro, e, para os próximos anos, as datas da montagem serão as seguintes:

  • 2021: 28 de novembro

  • 2022: 27 de novembro

  • 2023: 3 de dezembro

  • 2024: 1º de dezembro

  • 2025: 30 de novembro

Diferentemente da montagem, a desmontagem da Árvore de Natal acontece em data fixa, no dia 6 de janeiro, o Dia de Reis. Segundo a tradição cristã, foi nesse dia que os Reis Magos visitaram o recém-nascido Jesus em Belém.

Nota

|1| LANGER, Johnni. Jól. In.: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia Nódica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015. p. 270.

Por: Daniel Neves Silva

Artigos Relacionados

Últimas Aulas

Terremotos: o que são e como se formam
Funções orgânicas: Éster
Espelhos côncavos (Parte 1)
Niilismo
Todas as vídeo aulas

Versão completa