Ustasha e o Estado Independente da Croácia

O Ustasha, partido de extrema-direita surgido na Croácia durante a Segunda Guerra Mundial, foi responsável por extensa perseguição contra sérvios ortodoxos, judeus e ciganos.

Ante Pavelic foi o líder do Ustasha e comandou o Estado Independente da Croácia (1941 - 1945) *

O Ustasha foi um partido de extrema-direita que governou o Estado Independente da Croácia no período de 1941 e 1945, durante os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, Ante Pavelic, líder desse partido, esteve no poder e combateu tropas de oposição e promoveu intensa perseguição contra sérvios ortodoxos, judeus e ciganos.

Fundação e ideologia do Ustasha

O Ustasha foi um partido de extrema-direita que se baseava no nacionalismo croata e que se fortaleceu durante o começo do século XX. O nacionalismo croata intensificou-se com o surgimento da Iugoslávia em 1918. Como o poder do país estava concentrado nas mãos dos sérvios, desenvolveu-se entre os croatas um forte sentimento nacionalista que alimentou o desejo de emancipação e de revanchismo contra os sérvios.

O Ustasha era, portanto, um partido político que sustentava ideais separatistas e tinha como principal objetivo promover a independência da Croácia e sua separação da Iugoslávia. Para isso, seus partidários defendiam a utilização de métodos violentos, como ataques terroristas e a insurreição armada, principalmente porque afirmavam que os métodos constitucionais e legais haviam falhado em trazer a independência croata.

Considerado um partido de orientação fascista, a ideologia do Ustasha inspirou-se no fascismo italiano e no nazismo alemão. Assim, esse partido croata apresentava características como chauvinismo (patriotismo que assume posturas agressivas), antissemitismo, anticomunismo e desprezo pela democracia liberal. Havia ainda entre seus elementos principais a defesa da fé católica e do revanchismo contra os sérvios ortodoxos.

Ante Pavelic foi o líder máximo do Ustasha, partido que foi fundado na Itália em 1929 e oficializado em 1930. Seus partidários referiam-se a Pavelic como Poglavnik, derivação em croata que tinha a mesma conotação do Führer utilizado pelos nazistas e do Duce utilizado pelos fascistas. O partido teve maior adesão da população camponesa e contou com apoio de cerca de 10% da população total da Croácia|1|.

Para os partidários do Ustasha, a obtenção da independência da Croácia passava, obrigatoriamente, pelo enfrentamento a sérvios ortodoxos, considerados principais inimigos dos croatas. Nesse sentido, o Ustasha defendeu a “purificação” étnica da região, ou seja, a expulsão ou mesmo a morte dos sérvios.

Invasão nazista e Ustasha no poder

Em abril de 1941, a Iugoslávia foi invadida pela Alemanha Nazista, e o antigo governo monárquico dos sérvios foi destituído. Visando manter o controle da região, os alemães colocaram no comando de determinada parte da Iugoslávia um governante aliado. Assim, o Ustasha de Ante Pavelic ascendeu ao poder do recém-criado Estado Independente da Croácia no dia 10 de abril de 1941.

Para assumir o poder, Ante Pavelic precisou concordar com os termos estipulados pelos nazistas e seus aliados e, por isso, permitiu a distribuição de parte do território iugoslavo entre alemães, italianos e húngaros e as interferências dos alemães nos assuntos internos dos croatas. Essas evidências caracterizaram a Croácia desse período como um Estado fantoche.

A invasão alemã nesse território aconteceu para garantir a passagem dos exércitos alemães em direção à Grécia. Além disso, os alemães buscavam o controle sobre recursos que seriam importantes para manutenção de sua economia de guerra. Imediatamente após a invasão alemã e a instituição do Ustasha no poder, uma guerra civil foi desencadeada na Iugoslávia.

Essa guerra civil colocou frente a frente diversas forças que, ao mesmo tempo que lutavam contra os invasores alemães e os dominadores croatas, também lutavam entre si pela disputa do poder na região para quando obtivessem a expulsão dos nazistas. Os dois grupos de resistência formados na Iugoslávia foram:

  • Partisans: eram iugoslavos de diversas nacionalidades que defendiam a implantação do comunismo na região e eram liderados por Josip Broz Tito.

  • Chetniks: os chetniks eram nacionalistas sérvios que defendiam a restituição do poder monárquico dos sérvios e eram liderados por Draza Mihailovic.

Terror do Ustasha

Logo depois de sua ascensão ao poder da Croácia, Ante Pavelic colocou em prática seu projeto totalitário e, assim, iniciou intensa perseguição contra judeus, ciganos e, principalmente, sérvios. A ideologia Ustasha durante a guerra deu enfoque maior para os sérvios que habitavam dentro dos limites do Estado Independente da Croácia e, por isso, Ante Pavelic estipulou que:

  • 1/3 dos sérvios ortodoxos deveriam ser mortos;

  • 1/3 dos sérvios ortodoxos deveriam ser expulsos da Croácia;

  • 1/3 dos sérvios ortodoxos deveriam ser convertidos ao catolicismo à força.

A política de extermínio dos sérvios promovida pelo Ustasha fez com que grandes massacres contra pessoas dessa etnia acontecessem na Bósnia e na Croácia ainda em 1941. Pequenas vilas habitadas por sérvios transformaram-se em alvo e, nesses locais, os croatas priorizaram o assassinato de padres ortodoxos e sérvios do sexo masculino. A cultura típica dos sérvios, como o uso de alfabeto cirílico (os croatas usam o alfabeto latino), foi intensamente perseguida.

Com a política genocida promovida pelos croatas durante a guerra, foram construídos na região diversos campos de concentração que receberam, em geral, sérvios, judeus e ciganos. O principal campo de concentração e extermínio existente na Croácia foi construído em Jasenovac, onde, estima-se, tenham morrido cerca de 100 mil pessoas, das quais metade era de origem sérvia.

O terror promovido pelo Ustasha chegou ao fim com sua derrota na Segunda Guerra Mundial. Isso aconteceu por causa do enfraquecimento dos alemães nazistas na guerra. Os grandes vitoriosos do conflito foram os partisans (eram apoiados por britânicos e soviéticos), os quais conquistaram toda a região e reunificaram o território iugoslavo sob um regime comunista liderado por Tito.

|1| OGNYANOVA, Irina. Nationalism and National Policy in Independent State of Croatia (1941-1945), p. 7. Disponível aqui.

*Créditos da imagem: Neftali e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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