O Tratado de Versalhes, elaborado e assinado em 1919, foi uma tentativa de acordo de paz promovida após o fim da Primeira Guerra Mundial.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, o continente europeu encontrava-se em estado crítico, com suas principais cidades destruídas pela guerra e um saldo de milhões de mortos. Uma das medidas imediatas tomadas após a rendição do Império Alemão foi a organização de uma conferência com o objetivo de traçar o futuro no pós-guerra. Dessa “Conferência de Paz”, realizada na capital francesa, Paris, em janeiro de 1919, resultou o Tratado de Versalhes, assinado na cidade homônima, em 28 de junho de 1919.
No total, setenta delegados do mundo todo participaram da Conferência de Paz de Paris e assinaram o Tratado de Versalhes, representando ao todo 27 países, dentre eles, o Brasil. O Tratado de Versalhes ficou conhecido por estabelecer pesadas sanções econômicas e políticas aos países vencidos, sobretudo à Alemanha. Um dos países que nortearam a redação do tratado, a França, então governada por Georges Clemenceau, foi o que mais exigiu indenizações de grandes proporções à Alemanha, pois a considerava a grande responsável pelo desencadeamento do conflito mundial, como bem destaca o historiador Luiz de Alencar Araripe:
“O Tigre” (como era conhecido Clemenceau) considerava a Alemanha “o inimigo hereditário, responsável pela guerra.” Devia ser definitivamente neutralizada, colocada em situação de estados-tampões, a começar pela Polônia, e a Renânia, desmembrada da Alemanha. Responsáveis pelo conflito, os alemães deveriam pagar pesadas reparações de guerra. A França teve de volta a Alsácia-Lorena e ganhou da Alemanha as colônias do Togo e de Camarões, na África. Mas a guerra devastou-lhe o território e rebaixou-a à categoria de potência de segunda classe. [1]
Como visto, além de indenizações, a Alemanha teve de ceder territórios para a França. A região da Alsácia-Lorena, rica em minérios, havia sido anexada pelo Império Alemão após a Guerra Franco-Prussiana, em 1870. Desde essa época a França nutria um sentimento de revanchismo com relação aos alemães, dado o clima nacionalista que se abatia sobre a Europa entre o fim do século XIX e o início do século XX. Além dos pontos destacados na citação acima, a Alemanha também foi obrigada a reduzir drasticamente seu efetivo militar e proibida de utilizar sua Força Aérea.
O teor dessas imposições à Alemanha distava dos chamados 14 pontos de Wilson, isto é, quatorze diretrizes de paz propostas pelo presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, em 1918, que sugeria não estimular o revanchismo nacionalista empregando sanções severas. Wilson apostava na coordenação da paz na Europa por uma instituição internacional, a Liga das Nações. O fato é que, nos vinte anos que se seguiram, de 1919 a 1939, muitos impasses políticos passaram a dominar o continente europeu e a formar o cenário para a próxima guerra.
A República de Weimar, instalada na Alemanha logo após as resoluções do Tratado de Versalhes, teve de lidar com a ascensão de movimentos extremistas e antidemocráticos, como o espartaquismo, facção comunista liderada por Rosa Luxemburgo que tentou fazer uma revolução na Alemanha entre 1919 e 1920, e o nazismo, que, com Adolf Hitler, chegou ao poder total em 1933.
NOTAS
[1] ARARIPE, Luiz de Alencar. “Primeira Guerra Mundial”. In: MAGNOLI, Demétrio (org.). História da Guerras. São Paulo: Contexto, 2013. p. 344.