Sigmund Freud

Sigmund Freud é internacionalmente reconhecido como um médico neurologista que foi o responsável por criar a psicanálise, um tratamento capaz de ajudar pessoas que sofrem de doenças psíquicas. As contribuições de Freud para essa área da saúde humana fizeram dele uma das personalidades mais conhecidas do século XX.

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Juventude

Sigismund Schlomo Freud nasceu no dia 6 de maio de 1856, na cidade Freiberg in Mähren, atualmente conhecida como Příbor, que faz parte da Tchéquia (também conhecida como República Tcheca). Posteriormente, Freud alterou seu primeiro nome substituindo o Sigismund por Sigmund.

O jovem Sigmund Freud estudou Medicina na Universidade de Viena.

A família de Freud era judia, sendo que seu pai se chamava Jacob Freud, e sua mãe, Amalia Freud. O casamento de Jacob com Amalia foi o terceiro que ele havia contraído em sua vida, e dele nasceram oito filhos, sendo que Sigmund foi o primeiro deles. Desses oito filhos, apenas um faleceu na infância.

Os irmãos de Freud chamavam-se:

  • Julius
  • Anna
  • Regine
  • Maria
  • Esther
  • Pauline
  • Alexander

O pai de Freud sustentava sua família como vendedor de lã. As dificuldades financeiras levaram Jacob e Amalia a mudarem-se para Viena, capital do império austríaco. Freud e sua família chegaram a Viena em 1860, e lá ele passou grande parte de sua vida. Aos nove anos de idade, iniciou sua vida escolar, e, durante sua adolescência, destacou-se como um bom aluno, tendo uma alta capacidade para aprender novos idiomas.

Vida profissional

Aos 17 anos, Freud matriculou-se na Universidade de Viena, local em que desenvolveu estudos na área da Medicina. Durante sua formação acadêmica, Freud realizou estudos de filosofia, fisiologia, zoologia etc. Em 1876, por exemplo, ele dedicou parte do seu tempo para estudar o aparelho reprodutivo de enguias machos.

Em 1881, Freud graduou-se em Medicina, e logo conseguiu o seu primeiro emprego na área. A princípio, ele passou a dividir o seu tempo entre estudos acadêmicos e seu trabalho no Hospital Geral de Viena, um dos mais importantes da Áustria. Uma das suas pesquisas nesse período rendeu um artigo sobre a afasia — um distúrbio cerebral que afeta a capacidade de uma pessoa de formular e compreender a linguagem.

Freud tinha grande interesse em estudar condições que afetavam o cérebro humano, como as doenças psíquicas, que, na época, eram entendidas apenas como “histeria”. Ele realizava estudos e dissecações em cérebros humanos para entender melhor essa parte do corpo, além de considerar os tratamentos da época inadequados para a complexidade do desse órgão.

Entre os tratamentos que Freud criticava estava o encarceramento das pessoas que sofriam com problemas psíquicos e o uso de terapias de choque, por exemplo. Na época, ele propôs uma alternativa para lidar com esses problemas: a cocaína. O médico acreditava que a cocaína era capaz de tratar os problemas psíquicos, mas logo abandonou essa proposta de tratamento ao perceber os malefícios dessa substância e sua capacidade de viciar as pessoas que a utilizavam.

Em 1885, Freud começou a dar aulas sobre o sistema nervoso na Universidade de Viena, mas esse trabalho era não remunerado. No mesmo ano, ele viajou a Paris para estudar um novo método utilizado no combate de doenças psíquicas: a hipnose. Esse método tinha sido criado por um neurologista chamado Jean-Martin Charcot.

Charcot acreditava que muitas dessas doenças psíquicas tinham se originado na mente do próprio paciente e, portanto, o tratamento deveria ter enfoque nessa área, a mente. Isso influenciou fortemente Freud durante a sua carreira profissional.

  • Psicoanálise

A partir de 1886, Freud saiu de seu emprego, no Hospital Geral de Viena, e abriu uma clínica particular com enfoque nas doenças psíquicas. Nesse consultório, ele passou a utilizar da hipnose para tratar os seus pacientes, e logo começou a obter resultados positivos e relativo reconhecimento.

Um dos seus métodos foi o conhecido como “cura pela palavra”, no qual os pacientes eram hipnotizados e incentivados a falar sobre os seus traumas. A hipnose era parte importante do método porque muitos pacientes tinham traumas que ficavam “escondidos” no inconsciente.

Supostamente, com a hipnose, o paciente conseguia ter acesso aos traumas reprimidos no inconsciente. O ato de conversar sobre o problema que afetava a pessoa trazia inúmeros benefícios e fazia com que os pacientes se recuperassem de diferentes problemas psíquicos. Freud adotou esse método depois que um neurologista, chamado Josef Breuer, relatou a ele sobre o sucesso que teve com uma paciente.

Freud, então, hipnotizava seus pacientes, fazia-lhes questões e os ouvia atentamente, anotando as principais falas. Com base nisso, ele formulou um conceito mencionado: o inconsciente.

O médico austríaco afirmava que certas informações ficavam guardadas em uma parte inacessível da mente humana. Sendo assim, ele afirmava que o ser humano não tem consciência de todos os seus pensamentos ou de toda a informação que sua mente guarda. Ele acreditava que muitas das ações humanas eram motivadas pelo inconsciente.

O trabalho e as teorias desenvolvidas por Sigmund Freud foram fundamentais para o desenvolvimento da área da psicanálise. Sua clínica ficava no mesmo prédio em que morava, e lá ele passou a utilizar um método inovador: ele colocava os seus pacientes em um sofá (divã), do qual eles não conseguiam enxergar o médico.

Freud acreditava que os seus pacientes sentiam-se mais à vontade quando eles não o enxergavam. Todo o método utilizado nas suas sessões (a hipnose, as questões, a posição do paciente no divã etc.) tinha como objetivo permitir que seus pacientes tivessem acesso a seus pensamentos reprimidos no inconsciente.

Com o tempo, Freud abandonou a hipnose e passou a permitir que os seus pacientes pudessem falar livremente sobre o que sentiam. Esse método de permitir que os pacientes falassem sobre seus sintomas e traumas como forma de tratamento foi nomeado por ele como psicoanálise.

Outras contribuições de Freud se deram na formulação de teorias como a do Complexo de Édipo e Complexo de Electra (chamado assim por outro psicoanalista muito importante, Carl Jung), nas quais se afirma que garotos e garotas, durante sua infância, sentem uma forte atração por seu pai ou mãe. Sendo assim, no Complexo de Édipo, afirma-se que meninos apaixonam-se por sua mãe na infância e veem o pai como rival. No Complexo de Electra, as meninas apaixonam-se por seu pai e veem sua mãe como rival.

A formulação dessa teoria se deu por meio de um trabalho de autoanálise que Freud iniciou depois do falecimento do seu pai, em 1896. Outra autoanálise permitiu que ele teorizasse a respeito dos sonhos. Freud afirmava que os sonhos podem manifestar desejos e traumas que estão reprimidos no inconsciente dos seres humanos.

Vida pessoal

Sigmund Freud e sua mãe, Amalia Freud.

No que se refere à vida pessoal de Freud, no ano de 1882, ele conheceu Martha Bernays, amiga de uma de suas irmãs. Os dois iniciaram um relacionamento e, no mesmo ano, ficaram noivos. O noivado se estendeu por quatro anos, sendo o casamento realizado em 1886, quando a condição financeira do médico melhorou.

Grande parte da vida de Freud e Martha se passou na residência que eles adquiriram em Viena. O apartamento deles ficava na Berggasse 19, e lá eles criaram todos os seus seis filhos, que se chamavam: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna. Deles, Anna Freud seguiu a trajetória de seu pai e tornou-se uma reconhecida psicoanalista.

Últimos anos

Os últimos anos da vida de Sigmund Freud foram marcados por seus problemas de saúde e pelos efeitos do nazismo. Aos 24 anos, Freud deu início a um hábito que ele levou por quase toda a vida: fumar. Ele iniciou fumando cigarros, mas logo passou a consumir charutos, e fala-se que ele fumava mais de 20 charutos por dia.

Após décadas como fumante, Freud descobriu, em 1923, que ele tinha câncer de boca. Como resultado disso, ele foi obrigado a retirar parte da sua mandíbula, e, ao longo de 16 anos de tratamento, passou por mais de 30 cirurgias na região. A doença fez com que Freud sofresse dores agudas, principalmente porque ele rejeitava tomar analgésicos.

Apesar dos problemas causados pelo hábito do fumo e dos repetidos conselhos para que ele parasse de fumar, Freud não abandonou os charutos. Além dos problemas de saúde, apareceu na sua vida o Partido Nazista.

Obras de Sigmund Freud foram incineradas durante a grande queima de livros, promovida pelos nazistas em 1933.[1]

A ideologia nazista rejeitava veementemente o trabalho de Sigmund Freud, e, em 1933, suas obras chegaram a ser incendiadas a mando de Joseph Goebbels. Freud e sua família eram judeus, mas, mesmo assim, o médico rejeitava os conselhos para que abandonassem o país.

Em 1938, a Áustria foi anexada ao território alemão no evento conhecido como Anschluss. Freud ainda resistia à ideia de abandonar o país, mas a prisão de sua filha, Anna, pela Gestapo, convenceu-o de que o ambiente político da Alemanha e Áustria não era seguro. Com isso, ele se mudou para Londres, na Inglaterra.

Quatro das suas irmãs não tiveram a mesma sorte e não fugiram da Áustria. Regine, Marie e Pauline foram deportadas para o campo de concentração em Treblinka, e Esther foi deportada para Theresienstadt. Todas morreram nesses locais, sendo vítimas do genocídio promovido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

No entanto, Freud não viveu para presenciar isso. Pouco mais de um ano depois de se mudar para Londres, ele faleceu. Sua morte aconteceu no dia 23 de setembro de 1939 por conta de doses excessivas de morfina que ele havia recebido. As doses foram administradas para diminuir as dores que ele sofria devido ao câncer na boca.

Existem aqueles que afirmam que a sua morte pode ser classificada como um suicídio assistido, uma vez que foram administradas três doses de morfina nele.

Créditos da imagem:

[1] Everett Collection e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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