Segunda Guerra Sino-Japonesa

A Segunda Guerra Sino-Japonesa foi um conflito entre o Japão e a China que fez parte dos interesses imperialistas do Japão sobre territórios chineses.

Chineses capturados pelos japoneses após a Batalha em Xangai, em novembro de 1937

A Segunda Guerra Sino-Japonesa foi um conflito entre China e Japão que aconteceu entre 1937 e 1945. Esse conflito fez parte da política imperialista japonesa na China e foi iniciado a partir de um desentendimento entre tropas chinesas e japonesas em Pequim (capital chinesa). Esse conflito resultou diretamente na morte de cerca de 15 milhões de pessoas, sendo a maioria chinesa.

Antecedentes

Esse conflito entre Japão e China foi consequência direta do desenvolvimento de uma política imperialista no Japão a partir do século XIX. Esse processo iniciou-se a partir da Restauração Meiji, na qual o Japão passou por uma grande industrialização e modernização de sua economia a partir de 1868. Historicamente, o Japão era caracterizado pelo seu isolamento internacional, no entanto, a partir de Meiji, esse quadro foi alterado.

A Restauração Meiji despertou no Japão uma série de ambições imperialistas com o objetivo de dar continuidade ao crescimento econômico a partir da exploração de seus vizinhos asiáticos. O grande alvo dos japoneses foi a China, país que desde o século XIX sofria com inúmeras crises e estava cada vez mais fragilizado.

Essas posturas imperialistas do Japão foram reforçadas a partir da reforma do ensino, na qual a população foi doutrinada a considerar os chineses como uma raça inferior. Assim, ao longo do século XIX e XX, o Japão defendeu seus interesses na China a partir de dois conflitos: a Primeira Guerra Sino-Japonesa e a Guerra Russo-Japonesa.

A Primeira Guerra Sino-Japonesa aconteceu entre 1894 e 1895. O Japão entrou em guerra com a China para garantir o controle sobre a Península da Coreia. Essa guerra foi vencida pelos japoneses e, a partir do Tratado Shimonoseki, garantiu os interesses do Japão sobre a China e impôs o pagamento de uma indenização de guerra.

Já a Guerra russo-japonesa aconteceu entre 1904 e 1905 e foi resultado dos atritos entre os dois países (Rússia e Japão) pelo controle da Península de Liaotung (região da Manchúria) e de Port Arthur (importante porto da região). O resultado dessa guerra foi uma nova vitória japonesa, que reafirmou seus interesses sobre territórios na China.

As vitórias em ambas as guerras causaram um forte clima de euforia, o que, aliado à doutrinação militarista existente, levou o Japão a reforçar suas ambições na China ao longo da década de 1930. Em 1933, o Japão, a partir do Incidente Mukden, invadiu a Manchúria e criou o Estado fantoche de Manchukuo (o Estado era considerado fantoche porque agia de acordo com os interesses japoneses). O Incidente Mukden foi um ataque forjado contra uma ferrovia japonesa na Manchúria que foi usado como pretexto para justificar a invasão da região.

Posteriormente, em 1937, o Incidente da Ponte Marco Polo foi usado como pretexto pelo Japão para iniciar a guerra contra a China. Esse incidente foi resultado de um desentendimento entre tropas chinesas e japonesas após um soldado japonês ter desaparecido em um treinamento de rotina. Os japoneses acusaram os chineses de terem matado esse soldado, no entanto, o soldado apenas se perdeu.

Conquistas japonesas

Pouco antes da guerra e por causa do evidente clima de tensão, a China havia tomado algumas medidas para reforçar o seu exército mediante a ameaça japonesa. O exército chinês, no entanto, ainda era extremamente obsoleto. Muitas vezes faltava o essencial (munição e uniformes), a comida muitas vezes não era entregue e os soldos dos soldados atrasavam constantemente. A resistência chinesa era organizada por dois grandes grupos:

  • Nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek;

  • Comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung.

O Japão, pelo contrário, era um exército modernizado e altamente preparado para conflitos. O resultado dessa diferença não poderia ter sido outro: aconteceram rápidos avanços dos japoneses. O ataque japonês iniciou-se em 26 de julho de 1937 e, no dia 29, a cidade de Pequim foi conquistada. O confronto pelo controle de Xangai, no entanto, enfureceu os japoneses: a resistência chinesa na cidade resultou na morte de 50 mil soldados japoneses.

Como resultado da dura resistência, os japoneses despejaram sua fúria na cidade de Nanquim. A violência do exército japonês na cidade chocou observadores internacionais e resultou na morte de cerca de 200 mil pessoas. Desse evento, destacaram-se civis sendo mortos a golpes de baioneta, civis que foram mortos a golpes de espada samurai e o grande estupro de Nanquim, no qual cerca de 20 mil mulheres chinesas foram sistemática e repetidamente estupradas.

A respeito da enorme brutalidade dos soldados japoneses, o historiador Antony Beevor afirma o seguinte:

Os soldados japoneses haviam sido criados em uma sociedade militarista. […] O treinamento básico era destinado a destruir a sua individualidade. Para endurecê-los e provocá-los, os recrutas constantemente eram insultados e espancados pelos suboficiais e sargentos, no que pode ser denominada a teoria do efeito colateral da opressão, para que despejassem a sua raiva nos soldados e civis do inimigo derrotado. Todos também haviam sido doutrinados desde a escola fundamental a crer que os chineses eram completamente inferiores à “raça divina” dos japoneses e estavam “abaixo dos porcos”|1|.

Derrota japonesa

Apesar das vitórias iniciais, o Japão nunca conseguiu controlar a China inteiramente e, ao longo da guerra, teve de lutar contra a resistência. A estratégia chinesa sempre foi desgastar os japoneses em uma guerra de longa duração. Com o início da Segunda Guerra e a luta contra os Estados Unidos, o Japão enfraqueceu-se e, após o lançamento das bombas atômicas, rendeu-se aos Aliados (a China fazia parte dos Aliados). Os crimes de guerra cometidos pelo Japão na China e sudeste asiático foram julgados no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.

|1| BEEVOR, Antony. Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 77.

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Por: Daniel Neves Silva

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