Segunda Guerra Mundial na Iugoslávia

A Segunda Guerra Mundial na Iugoslávia manifestou as rivalidades étnicas existentes na região e levou os grupos internos a lutarem entre si.

Memorial em homenagem às vítimas mortas em Jasenovac, na Croácia*

A Segunda Guerra Mundial chegou à Iugoslávia a partir da invasão nazista e contou com elementos internos em decorrência dos movimentos nacionalistas, sobretudo croatas, e das rivalidades étnicas que existiam na região entre sérvios, croatas e bósnios. O resultado foi um confronto violento e genocídios sendo realizados por todos os grupos que lutavam entre si.

Antecedentes

A Iugoslávia era uma nação independente desde o fim da Primeira Guerra Mundial e, desde 1929, era governada por uma ditadura monarquista. Essa ditadura era exercida pelos sérvios, que controlavam de maneira rígida movimentos nacionalistas, sobretudo dos croatas. O nacionalismo croata era manifestado, principalmente, pelo partido Ustaše, que defendia a independência da Croácia a partir do uso da violência.

A invasão nazista em 1941 levou todos os grupos internos ao confronto. O conflito na Iugoslávia foi mais uma manifestação das rivalidades internas do que lutas de oposição ao nazismo. O combate ao nazismo ocorreu, principalmente, pelos Partisans (comunistas), que, ao mesmo tempo em que lutavam contra os nazistas, lutavam também contra seus adversários internos: os chetniks (monarquistas sérvios) e os Ustaše (croatas e bósnios de orientação fascista).

Invasão Nazista

Em março de 1941, Hitler forçou a Iugoslávia a aderir ao Eixo (aliança formada por Alemanha, Itália e Japão a partir do Pacto Tripartite de 1940). O objetivo desse líder nazista era garantir o controle sobre os recursos naturais iugoslavos e também obter passagem para as tropas alemãs em direção à Grécia com vistas a ajudar as tropas italianas que invadiram o território grego. A invasão alemã aconteceu após um golpe político realizado na Iugoslávia contra a aliança com o Eixo.

Quando a invasão alemã na Iugoslávia aconteceu, o governo iugoslavo fugiu para Londres, e a Alemanha instalou no poder o partido croata Ustaše, de orientação fascista. Com isso, foi criado o Estado Independente da Croácia, que, a partir de 1941, controlou as regiões da atual Croácia e Bósnia. Outras regiões que compunham a Iugoslávia foram divididas e ocupadas por italianos, búlgaros e húngaros, todos aliados da Alemanha.

O Estado da Croácia era governado pelo líder da Ustaše, Ante Paveli?, que impôs um projeto de limpeza étnica para exterminar toda a população sérvia do território sobre seu controle. Assim, a luta dos croatas da Ustaše era, a princípio, contra os sérvios.

Guerra civil na Iugoslávia

Com a invasão nazista e a criação do Estado croata sob controle dos Ustaše, foram organizados movimentos de oposição. Os dois grupos que surgiram espontaneamente foram:

  • Chetniks: sérvios que defendiam o restabelecimento da monarquia na Iugoslávia sob o controle dos sérvios. Seu líder era Draža Mihailovi?;

  • Partisans: comunistas formados por pessoas de diversas nacionalidades iugoslavas que lutavam, principalmente, pela derrubada do fascismo na Iugoslávia. Seu líder era Josip Broz Tito.

Os dois grupos, em tese, lutaram contra os croatas e contra os alemães no sentido de restabelecer a autonomia iugoslava. Porém, a resistência chetnik foi menor em comparação com a resistência partisan, sobretudo por medo das represálias que os alemães realizavam contra aqueles que resistiam. A respeito da resistência partisan, Max Hastings afirma que “os guerrilheiros iugoslavos foram os mais numerosos e pestilentos insetos a zumbir em volta das chagas abertas pelo Eixo em declínio”|1|.

Outro ponto crucial da guerra na Iugoslávia é a compreensão de que, além de lutarem contra os nazistas, os grupos de resistência lutavam entre si com o objetivo de garantir o controle político da Iugoslávia quando conseguissem expulsar os nazistas. Assim, ao mesmo tempo que lutavam contra nazistas, chetniks e partisans procuravam realizar acordos com os nazistas para poder concentrar sua luta contra seus inimigos internos.

Uma característica marcante geral de toda a Segunda Guerra Mundial foram os combates extremamente violentos, e isso não foi diferente na Iugoslávia. Assim, houve muitos relatos da violência cometida por todos os envolvidos, inclusive contra civis. O grande destaque, porém, foi a política de limpeza étnica promovida pelos croatas contra sérvios.

Para esse fim, foi construído o campo de concentração de Jasenovac. Estima-se que cerca de 50 mil sérvios tenham sido mortos, além de milhares de ciganos, judeus e grupos isolados de croatas e bósnio-muçulmanos. O total de mortos em Jasenovac foi estimado em mais ou menos 100 mil pessoas.

Vitória Partisan

Após quatro anos de conflito, os partisans conseguiram ser preponderantes e saíram vencedores. A vitória partisan é atribuída, principalmente, ao apoio financeiro e em armamentos de britânicos e soviéticos a partir de determinada parte do conflito.

Com a vitória partisan, foi estabelecida a República Socialista Federativa da Iugoslávia. O poder da Iugoslávia comunista foi entregue ao general Tito, que durante toda a sua vida governou a região de maneira ditatorial. O grande trunfo de Tito foi ter conseguido controlar as rivalidades étnicas existentes na região.

Após a guerra, os líderes dos chetniks e da Ustaše foram perseguidos. Mihailovi? foi capturado, julgado e executado em 1946. Paveli? conseguiu fugir e recebeu asilo político do governo espanhol do general Franco, que também possuía orientação fascista.

|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 489.

*Créditos da imagem: Rndms e Shutterstock

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Por: Daniel Neves Silva

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