A Revolução Laranja de 2004 foi o conjunto de protestos populares ocorridos na Ucrânia contra fraudes eleitorais na eleição presidencial.
A Revolução Laranja de 2004 foi a sucessão de protestos populares que tomaram as ruas da Ucrânia durante a eleição presidencial que acontecia naquele ano. A população ucraniana foi às ruas como demonstração de insatisfação contra as denúncias de fraude eleitoral favorecendo Viktor Yanukovich, candidato governista.
Os protestos populares acabaram forçando a anulação da eleição que elegeu Yanukovich, e uma nova eleição foi organizada com a atuação de observadores internacionais para garantir a lisura da disputa. A nova eleição levou à vitória o candidato da oposição, Viktor Yushchenko. Ele assumiu a presidência em janeiro de 2005.
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Resumo sobre a Revolução Laranja de 2004
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A Revolução Laranja de 2004 ficou marcada por ser uma série de protestos populares que ocorreram em Kiev.
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Os protestos começaram depois de denúncias de fraude eleitoral na eleição presidencial da Ucrânia.
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A Suprema Corte da Ucrânia decidiu anular a eleição do país, e uma nova foi marcada.
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Com a nova eleição, Viktor Yushchenko, candidato da oposição, foi eleito presidente.
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A vitória de Yushchenko abalou as relações da Ucrânia com a Rússia.
Contexto histórico da Revolução Laranja de 2004
A Revolução Laranja de 2004 foi uma demonstração de insatisfação da população ucraniana com a situação de seu país no começo do século XXI. A independência da Ucrânia é um acontecimento razoavelmente recente, pois aconteceu em 1991 e foi consequência da fragmentação da União Soviética. O fim desse país deu origem a 15 novas nações, dentre as quais a Ucrânia.
A Ucrânia seguiu o caminho de muitas ex-repúblicas soviéticas e manteve-se alinhada com os interesses de Moscou, que representava o governo russo. Entretanto, a postura internacional do governo ucraniano era conflitante, pois ele também demonstrava ter o interesse de voltar-se para as nações ocidentais.
Além disso, os governos soviéticos seguiam a tendência de se tornarem nações autoritárias. A postura dos governos ucranianos novamente era ambígua, pois adotava práticas de governos autoritários, mas mantinha uma democracia liberal de fachada no país como forma de assegurar essa aproximação com as nações ocidentais.
Os dois primeiros presidentes da Ucrânia foram Leonid Kravchuk (1991–1994) e Leonid Kuchma (1994–2004). Ambos os governos assumiram as características mencionadas e, além disso, contribuíram diretamente para o aumento da desigualdade social e formação de um grupo de oligarcas, isto é, de empresários que enriqueceram com auxílio do governo.
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Foi esse cenário que mistura autoritarismo, falta de abertura política e desigualdade social que gerou a consolidação da oposição ao governo ucraniano. Em 2000, um jornalista de oposição chamado Georgiy Gongadze foi assassinado em circunstâncias misteriosas, e logo denúncias surgiram apontando que o mandante do crime havia sido o próprio governo ucraniano.
O presidente Leonid Kuchma encarou o surgimento de um grande movimento de oposição que fazia fortes críticas ao seu governo. Esse movimento recebeu o nome de Nossa Ucrânia e contribuiu para desgastar a imagem do governo de Kuchma. O presidente ucraniano não interveio na situação, e a oposição ganhou força baseada em nomes como Viktor Yushchenko, Yulia Tymoshenko e Oleksandr Moroz.
Logo, o Nossa Ucrânia converteu-se em partido político sob a liderança de Viktor Yushchenko. Em 2002, grandes protestos aconteceram na Ucrânia como demonstração da insatisfação da população com as eleições parlamentares que aconteceram no país. Houve denúncias de fraudes eleitorais em benefício dos candidatos governistas.
Revolução Laranja de 2004
Em 2004, foram realizadas eleições presidenciais na Ucrânia. Nesse sufrágio, os dois principais candidatos eram Viktor Yanukovich e Viktor Yushchenko. O candidato que o governo escolheu foi Yanukovich, então primeiro-ministro do país, pois Leonid Kuchma, o presidente, decidiu não se candidatar para um terceiro mandato.
Essa decisão de Kuchma foi estratégica porque ele viu que sua posição estava enfraquecida desde 2000 e resolveu indicar o seu primeiro-ministro para o cargo de presidente. A eleição aconteceu normalmente, e o resultado indicou a vitória de Viktor Yanukovich, o candidato governista. Junto da notícia da vitória de Yanukovich vazaram denúncias de que fraude eleitoral havia acontecido.
As denúncias de fraude foram realizadas por observadores ucranianos e internacionais, que detectaram seus indícios, incluindo a falta de transparência na apuração dos votos. Imediatamente após as denúncias, protestos populares tomaram as ruas de Kiev, capital da Ucrânia.
A população passou a usar a cor laranja como demonstração de insatisfação — a cor do partido de Yushchenko. Alguns dos protestos contaram com a presença de mais de um milhão de pessoas que exigiam que a eleição fosse realizada novamente, mas dessa vez de maneira transparente.
Milhares acamparam nas ruas de Kiev como demonstração de compromisso com os protestos, e ações de desobediência civil se espalharam pelo país. Os protestos criaram o clima político para que a eleição fosse anulada pela Suprema Corte da Ucrânia.
Com isso, uma nova eleição presidencial foi organizada, sendo acompanhada de maneira minuciosa por observadores internacionais para garantir a lisura do processo. Tudo ocorreu bem nessa eleição, e o resultado determinou a vitória de Viktor Yushchenko, o candidato da oposição.
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Pós-Revolução Laranja de 2004
Viktor Yushchenko venceu com 52% dos votos e assumiu a presidência da Ucrânia em 23 de janeiro de 2005. Os protestos populares na Ucrânia receberam o nome de Revolução Laranja e foram um marco, porque garantiram a realização da eleição de maneira transparente. A vitória de Yushchenko criou uma expectativa da população ucraniana sobre o futuro de seu país.
No entanto, Yushchenko não conseguiu cumprir com as expectativas do povo, pois seu governo teve problemas com a corrupção, assim como os anteriores. Além disso, a alta desigualdade social do país se manteve, e a representação de Yushchenko, que perdeu aliados, foi incapaz de manter-se coesa para governar a Ucrânia. Seu governo também sofreu impactos pesados da crise econômica de 2008.
Por fim, a eleição de Yushchenko aumentou a polarização na Ucrânia entre leste e oeste, com o leste sendo pró-Russia e o oeste sendo pró-Ocidente. Yushchenko demonstrou querer aproximar-se do Ocidente, e isso criou atritos diplomáticos nacionais com o governo russo, liderado por Vladimir Putin.
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