Reino de Axum

O reino de Axum foi um dos mais vigorosos da África medieval, tendo atingido seu apogeu no século IV d.C., quando se tornou um reino cristão.

Ruínas dos obeliscos de Axum, Etiópia

O período histórico conhecido como Alta Idade Média, isto é, aquele que começa por volta do século V d.C. e estende-se até o século X d.C., geralmente é estudado com enfoque na civilização cristã que se desenvolveu na Europa (tanto ocidental quanto oriental) logo após a queda do Império Romano, e, no limite, são estudados também o nascimento e expansão do Islamismo. Entretanto, ainda se estuda muito pouco sobre a história dos reinos africanos que se desenvolveram nesse mesmo período, sendo que alguns deles também foram cristianizados. É o caso do Reino de Axum.

O Reino de Axum desenvolveu-se na região localizada abaixo do Egito, onde atualmente está a Etiópia. A cidade de Axum já existia desde a Antiguidade e há relatos de outros povos sobre sua existência que datam de 1000 a.C. Mas essa cidade só conseguiu expandir seu território e seu domínio a partir do século III d.C., sobretudo quando conquistou vastos territórios ao longo das margens do Mar Vermelho, tando do lado da Península Arábica quanto do lado africano.

Mas seu apogeu ocorreu, de fato, no século IV d.C., quando obteve êxito ao enfrentar o poderoso Império Kush, destruindo a sua capital, Meroé, e submetendo as outras cidades desse império ao seu domínio. Para um eficaz controle do fluxo comercial desse vasto território conquistado, os axumitas cunharam sua própria moeda. A extensão de seus contatos comerciais ia até o encontro das civilizações do extremo oriente, como a chinesa.

Ainda quando estava em seu apogeu, no século IV, o Reino de Axum passou por uma transformação cultural de grande impacto que repercutiu em sua organização social e política: a conversão do rei Ezana ao cristianismo. O rei Ezana foi convertido pelo monge cristão Frumêncio, de origem fenícia, que se tornou, posteriormente, bispo de Axum. Ezana, após sua conversão, propagou a difusão do cristianismo por grande parte de seu reino, que chegou a desenvolver uma tradição própria de interpretação das doutrinas cristãs. A Igreja Ortodoxa Etíope, como ficou conhecida, produziu vários monumentos, como os templos esculpidos inteiramente em pedra.


Igreja axumita escupida em pedra, Etiópia

No total, onze dessas Igrejas foram esculpidas em pedra e todas foram ligadas por túneis, formando um sistema. Além das construções que caracterizaram a fase cristã do Reino de Axum, na fase anterior também se destacaram as construções monumentais, como os grandes obeliscos e torres, também talhados em pedra, destacando-se seus desenhos em relevo. O reino axumita durou até meados do século XII, momento em que o Islamismo expandiu-se em direção à África e à Península Arábica.

Por: Cláudio Fernandes

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