O populismo é um conceito utilizado na História em referência a determinados políticos. No caso brasileiro, refere-se diretamente a um período conhecido como Quarta República.
Em Ciência Política, o populismo é um conceito que foi muito utilizado para explicar a experiência política de certos países da América Latina. Aqui no Brasil esse conceito foi muito empregado por sociólogos, cientistas políticos e historiadores em referência ao processo político que o país viveu entre 1930 e 1964.
A associação do populismo com parte da história brasileira é tão grande que certo período da nossa história ficou conhecido como “República Populista”. Esse período estendeu-se de 1946 a 1964 e, entre os historiadores, é conhecido como Quarta República. Segundo a explicação clássica considerada, Getúlio Vargas, JK e João Goulart foram os grandes nomes do populismo brasileiro.
O termo populismo também foi muito utilizado para se referir às experiências políticas de outros países, como nos casos da Argentina (peronismo) e Peru (aprismo). Ultimamente, tornou-se muito comum a utilização do termo “populismo de direita” em referência a certos governos com ideologia conservadora.
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Características do populismo
Neste texto, focaremos na explicação do conceito clássico de populismo. Esse conceito popularizou-se no Brasil durante as décadas de 1960 e 1970 e foi utilizado para explicar a nossa experiência política na Quarta República, bem como o colapso do sistema democrático desse período com o Golpe de 1964.
As características básicas desse período foram organizadas pelo professor e historiador Marcos Napolitano da seguinte maneira|1|:
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Relação direta e não institucionalizada do líder com as massas: A relação do líder com o povo era realizada sem nenhuma institucionalização e construída apenas com base no carisma.
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Liderança política baseada no carisma e clientelismo: Além do carisma e seu papel na construção de uma relação com o povo, o líder também construía seu poder sustentando-se na rede de troca de favores, seja no plano individual, seja no plano coletivo.
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Nacionalismo econômico: A política econômica dos políticos populistas baseia-se em um forte nacionalismo e, assim, a economia do país é construída de forma a atender os interesses nacionais em detrimento dos interesses estrangeiros.
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Discurso em prol da união nacional: O discurso do líder populista defendia a ideia de conciliação das classes sociais. Sendo assim, o discurso do líder não era voltado para uma classe específica, mas sim para a nação.
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Frágil sistema partidário: Como o poder do líder era construído no carisma e no clientelismo, o sistema partidário de nações governadas por populistas é extremamente frágil.
Outra análise que foi muito comum durante as décadas de 1960 e 1970 era a de que o populismo constituía uma etapa intermediária do processo de modernização capitalista. Essa análise defendia que sociedades “atrasadas” tinham no populismo uma etapa intermediária até que a modernização capitalista acontecesse. O populismo então era a forma encontrada para mediar os conflitos que aconteciam com a urbanização e industrialização dessas sociedades.
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Críticas ao populismo
O uso do populismo de maneira ampla para a explicação de fenômenos políticos em diferentes lugares passou a ser questionado por historiadores a partir da década de 1990. A grande questão era como o mesmo conceito poderia explicar realidades políticas tão distintas como as dos países da América Latina.
Esse questionamento também se estendia ao fato de que o populismo foi gradativamente sendo utilizado para explicar os fenômenos políticos da direita conservadora na Europa e na América do Norte. Sendo assim, os historiadores começaram a questionar a utilização desse conceito com a intenção de evitar que ele fosse aplicado de maneira tão ampla e genérica.
Utilizando como exemplo a experiência histórica brasileira, podemos pegar elementos da Quarta República para questionar o uso indiscriminado do conceito de populismo em referência a esse período. A explicação clássica do populismo afirma, por exemplo, que governos populistas possuem sistemas partidários frágeis.
O ponto levantado é muito questionável, pois, durante a Quarta República, o Brasil experimentou um crescimento no número de eleitores e um aumento na identificação das pessoas com determinados partidos. Além disso, governos como o de Getúlio Vargas e João Goulart afundaram rapidamente quando perderam apoio político. Sendo assim, o sistema político do Brasil passava sim pela lógica política partidária, diferentemente do que o conceito clássico do populismo afirma.
Populismo de direita
Do final da década de 1980 em diante, os cientistas políticos começaram a utilizar o conceito de “populismo de direita”. Os políticos encarados como “populistas de direita” possuem ideais conservadores, o que, no espectro político, posiciona-os na direita. A utilização desse termo está cada vez mais comum desde a virada do milênio.
Desde o início do século XXI, a quantidade de políticos e governos encarados como populistas de direita aumentou consideravelmente em diferentes partes do mundo, mas principalmente na Europa e na América do Norte. Foi exatamente por causa desse crescimento que a utilização desse conceito ampliou-se.
Os políticos conservadores que são considerados populistas de direita, em geral, possuem as seguintes características: muitos são defensores do liberalismo econômico, encaram a vontade do líder como se fosse a vontade do povo e promovem ataques contra o intelectualismo e a ciência. Muitos desacreditam de conhecimentos científicos consolidados, como o aquecimento global, além de serem abertamente contra a entrada de imigrantes em seu país. Muitas vezes, o discurso político deles também está associado com pautas morais e religiosas.
|1| NAPOLITANO, Marcos. Democracia, “populismo” ou política de massas: a “República de 46” (Aula 6, parte 5). Para acessar, clique aqui.
*Créditos da imagem: FGV/CPDOC