Pol Pot, nascido em uma família abastada, transformou-se no líder do Khmer Vermelho e promoveu uma ditadura tirânica no Camboja, de 1975 a 1979.
Pol Pot governou o Camboja, de 1975 a 1979, após o tomar o poder à frente do Khmer Vermelho e de sua guerrilha. Ele comandou o país de maneira ditatorial e impôs uma utopia agrária, que resultou no que ficou conhecido como genocídio cambojano – 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência das ações tirânicas de seu governo.
Primeiros anos da vida de Pol Pot
Pol Pot nasceu em um vilarejo de pescadores chamado Prek Sbauk, na província de Kampong Thom, na Indochina Francesa (atual Camboja) em 19 de maio de 1925. Seu nome real era Saloth Sar, e Pol Pot era apenas um pseudônimo adotado em vida. A família de Pol Pot era considerada abastada para os padrões da época.
Ainda criança, em 1934, Pol Pot mudou-se para a capital do Camboja, Phnom Penh, onde passou a viver com seu irmão, que era oficial de justiça. Na capital cambojana, ele iniciou seus estudos, primeiro em um monastério budista e, depois, em uma escola ocidental fundada por franceses.
Após concluir seus estudos regulares, Pol Pot garantiu uma bolsa de estudos em Paris, na França, para estudar radioeletrônica. A bolsa obtida em 1949 só possível graças às conexões que sua família possuía com a família real cambojana (sua irmã, Saloth Roueng, era concubina do rei cambojano Sisovath Monivong).
Em Paris, Pol Pot ingressou em movimentos estudantis de orientação comunista como o Cercle Marxiste. No entanto, ele foi obrigado a retornar ao Camboja em 1953, após fracassar nos exames de seu curso. Assim que retornou, Pol Pot vinculou-se ao Khmer Viet Minh (Partido Comunista liderado por vietnamitas).
Vida política
Com o fim do domínio colonial francês e a assinatura do Acordo de Genebra de 1954, o Camboja ganhou sua independência e o Khmer Viet Minh foi desmobilizado. Pol Pot, então, entrou para o Partido Democrático e atuou ativamente durante as eleições de 1955. O resultado dessas eleições (que foram fraudadas) garantiu a vitória de Norodom Sihanouk, e isso foi uma grande decepção para Pol Pot.
Nos cinco anos seguintes, Pol Pot passou a atuar clandestinamente no Partido Revolucionário do Povo do Kampuchea, um partido revolucionário comunista que havia se formado no Camboja. Paralelamente à sua militância, Pol Pot lecionou Literatura Francesa e História em uma escola na capital cambojana.
Em 1960, ele tornou-se líder do partido e atuou ativamente para que seu partido tomasse o poder. Durante a década de 1960, Pol Pot passou a esconder-se no interior do Camboja por causa da repressão política do governo de Norodom Sihanouk e procurou apoio nos vizinhos Vietnã do Norte e China, porém sem sucesso.
A partir de 1966, o partido alterou seu nome para Partido Comunista de Kampuchea, e ficou mais conhecido apenas como Khmer Vermelho. Sem apoio estrangeiro, Pol Pot resolveu iniciar a luta contra o governo cambojano após formar uma guerrilha. A luta iniciada em 1968 seguiu sem muitos resultados até 1970, quando dois eventos mudaram a sorte do Khmer Vermelho.
Primeiro, o golpe militar liderado por Lon Nol destituiu Norodom Sihanouk do poder. Esse golpe, apoiado pelos Estados Unidos, arrastou o Camboja para uma guerra civil e levou Sihanouk a apoiar abertamente o Khmer Vermelho. O segundo evento relacionava-se aos bombardeios massivos que os Estados Unidos realizaram no Camboja como desdobramento da Guerra do Vietnã. Os ataques americanos possibilitaram ao Khmer Vermelho mobilizar grande número de pessoas ao seu lado.
Genocídio cambojano
A guerra civil, que se instalou no Camboja após 1970, foi finalizada em 1975, quando as tropas do Khmer Vermelho conquistaram a capital e forçaram Lon Nol a fugir do país. Pol Pot assumiu o poder e impôs uma utopia agrária e uma tirania, a qual resultou na morte de milhões de cambojanos.
O governo forçou o esvaziamento das cidades e levou milhares de pessoas a fazendas coletivas de trabalho forçado, onde eram sujeitas a uma carga de trabalho de até 18 horas por dia. As más condições, os maus-tratos, a pouca comida e o trabalho excessivo provocaram a morte por exaustão de milhões de pessoas nesses locais.
Além disso, o governo impôs intensa perseguição contra todas as religiões, sobretudo o budismo (religião mais popular do Camboja). Milhares de monges budistas foram mortos e, em cerca de dois anos, não havia mais nenhum monastério budista em funcionamento. Estrangeiros e minorias étnicas também foram perseguidos durante o governo de Pol Pot.
Todos que eram considerados inimigos do governo ou vistos como suspeitos eram levados a centros de detenção onde eram interrogados, torturados e executados sumariamente. Esse foi o destino de muitos professores e estudantes existentes no Camboja. A principal prisão utilizada pelo governo ficou conhecida como S-21. Ao todo, a tirania de Pol Pot resultou na morte de pelo menos 1,5 milhão de pessoas, e estima-se que esse número pode ter alcançado 2,5 milhões de pessoas.
Queda de Pol Pot
A tirania de Pol Pot terminou em janeiro de 1979, quando ele foi derrubado do poder após a invasão do exército vietnamita. Essa invasão aconteceu em represália aos ataques promovidos pelo líder cambojano contra vietnamitas nas fronteiras dos dois países. Depois de perder o poder, Pol Pot escondeu-se nas selvas do interior do Camboja e tentou retomar o governo do país até 1985, quando abriu mão da liderança do partido.
Pol Pot viveu em isolamento no interior do Camboja até sua morte que, supostamente, aconteceu após ele sofrer um ataque cardíaco em 15 de abril de 1998. Os funcionários do governo de Pol Pot que promoveram crimes durante o genocídio cambojano foram julgados pela ONU e pelo governo que se instalou no Camboja nos anos seguintes.
* Créditos da imagem: Juandax e Wikimedia Commons/CC BY 4.0