Pacto de Varsóvia

O Pacto de Varsóvia foi uma aliança militar estabelecida entre a União Soviética e suas repúblicas-satélite do Leste Europeu durante a Guerra Fria.

O Pacto de Varsóvia foi assinado no Palácio Presidencial de Varsóvia. [1]

O Pacto de Varsóvia foi a aliança militar comandada pela União Soviética durante a Guerra Fria. Durante a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos e a União Soviética foram aliados, mas após o conflito as duas superpotências iniciaram a Guerra Fria, conflito político ideológico no qual os dois países buscaram impor seu modo de produção, o capitalista e o socialista, para todo o globo. Durante a Guerra Fria, apesar do medo constante de uma guerra nuclear, as forças do Pacto de Varsóvia e da Otan não entraram em guerra e a aliança socialista foi desfeita em 1991, quando a União Soviética colapsou.

Leia também: Guerra Fria — detalhes sobre o conflito político-ideológico travado entre Estados Unidos e União Soviética

Resumo sobre Pacto de Varsóvia

  • O Pacto de Varsóvia foi a aliança militar comandada pela União Soviética durante a Guerra Fria.

  • O Pacto de Varsóvia foi criado em 1955 e durou até 1991, quando ocorreu a dissolução da União Soviética.

  • Moscou foi escolhida como a sede do Pacto de Varsóvia e o comando unificado das forças armadas do bloco coube sempre a um general soviético.

  • A aliança militar foi criada pela União Soviética para ser um contraponto à Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.

  • Os altos gastos soviéticos para a manutenção das forças militares do Pacto de Varsóvia foi um dos motivos que levaram à crise econômica responsável pelo fim da União Soviética.

  • As tropas do Pacto de Varsóvia não entraram em combate contra as tropas da Otan.

  • Após o fim do Pacto de Varsóvia diversos países que foram satélites da União Soviética aderiram à Otan.

  • A expansão da Otan para a Europa Oriental é apontada como um dos motivos da Guerra da Ucrânia.

O que foi o Pacto de Varsóvia?

O Pacto de Varsóvia foi uma aliança política e militar entre a União Soviética e sete repúblicas-satélite dessa potência, todos os países do pacto eram da Europa Oriental. Em 1949 os estadunidenses lideraram a criação da Otan, que contava inicialmente com países da América do Norte e da Europa Ocidental. A formação de um bloco capitalista incomodou os soviéticos, levando-os a criar em 1955 a própria aliança militar.

Contexto histórico do Pacto de Varsóvia

Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, ocorreu a Revolução Russa. Essa revolução, comandada pelos bolcheviques, levou à implementação do primeiro governo socialista no mundo e a fundação, em 1922, da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, composta pela união de 15 repúblicas:

  • Rússia;

  • Armênia;

  • Azerbaijão;

  • Bielorrússia;

  • Estônia;

  • Geórgia;

  • Cazaquistão;

  • Quirquistão;

  • Letônia;

  • Lituânia;

  • Moldávia;

  • Tajiquistão;

  • Turcomenistão;

  • Ucrânia;

  • Uzbequistão.

Na década de 1920 e na primeira metade da década de 1930 a União Soviética se manteve relativamente isolada dos conflitos europeus, passando a colaborar com os republicanos na Guerra Civil Espanhola, a partir de 1936, quebrando o isolamento.

Uma semana antes do início da Segunda Guerra Mundial, Stalin e Hitler assinaram o Pacto Ribbentrop-Molotov, também chamado de pacto de não agressão. Pelo pacto, as duas potências se comprometeram a não se atacar, além de dividir o território da Polônia entre os dois países.

Em 1941, com o ataque japonês a Pearl Harbor e a invasão nazista ao território soviético, Estados Unidos e União Soviética passaram a lutar juntos contra as forças do Eixo.

Durante a guerra, diversas conferências foram realizadas entre os líderes dos Aliados, a maioria delas contou com a presença dos “Três Grandes”: Churchill, Stalin e Roosevelt, líderes do Reino Unido, União Soviética e Estados Unidos, respectivamente. Entre as principais conferências do período estão a de Teerã, Yalta e Potsdam.

Nas conferências os Aliados definiram que os nazistas seriam julgados por um tribunal, que ficou conhecido como Tribunal de Nuremberg, e que a Alemanha seria desnazificada e desmilitarizada. Também definiram como seria o novo mapa-múndi e quais países ficariam sob a influência da União Soviética ou dos Estados Unidos.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial os antigos Aliados, Estados Unidos e União Soviética, foram gradativamente se afastando politicamente. As duas potências iniciaram uma corrida armamentista e a interferir na política interna de diversos países, buscando implementar seu modelo político-econômico em todo o mundo. As disputas entre as duas superpotências deram origem à chamada Guerra Fria. Foi nesse contexto que o Pacto de Varsóvia foi criado.

Criação e história do Pacto de Varsóvia

A criação do Pacto de Varsóvia está diretamente ligada à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan. A Otan foi fundada em 4 de abril de 1949 e é uma aliança militar liderada pelos Estados Unidos e que contava inicialmente com 12 países. No mesmo ano, a União Soviética testou com sucesso sua primeira bomba nuclear, para muitos historiadores esse é o marco de início da Guerra Fria.

Em maio de 1955 a República Federal da Alemanha passou a integrar a Otan e pôde se rearmar. Desde as conferências durante a Segunda Guerra, Estados Unidos e União Soviética se comprometeram a desmilitarizar seus territórios na Alemanha e, com a adesão da Alemanha Ocidental à Otan, a União Soviética decidiu criar sua própria aliança militar, também militarizando a Alemanha Oriental.

Páginas com assinaturas dos representantes dos oito países fundadores do Pacto de Varsóvia.

O Palácio Presidencial de Varsóvia foi escolhido como o local onde aconteceriam as reuniões para a elaboração do tratado. Os soviéticos enviaram para Varsóvia seu primeiro-ministro, Nikolai Bulganin; o ministro das relações exteriores, Molotov; e dois generais da Segunda Guerra, Zhukov e Koniev. Os primeiros-ministros dos outros membros fundadores também participaram, assim como um general chinês que participou como observador.

O Pacto de Varsóvia foi oficialmente chamado de Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência. O tratado que fundou o pacto foi assinado em 14 de maio de 1955 pela União Soviética e outros sete países socialistas da Europa Ocidental. O objetivo principal da aliança militar era o de criar um contraponto à Otan, que havia adicionado a Alemanha Ocidental ao bloco no mesmo ano.

As forças conjuntas dos países jamais foram utilizadas contra as forças da Otan, mas foram empregadas para combater grupos dissidentes dentro do próprio bloco socialista. Em 1956 eclodiu a Revolução Húngara, ela se iniciou com uma manifestação estudantil contra a presença soviética na Hungria e contra o governo do país, títere da União Soviética. Outros grupos aderiram ao movimento e o governo em Budapeste foi derrubado. A União Soviética enviou tropas do Pacto de Varsóvia à Hungria que acabaram reprimindo a revolta. Em 1968 as tropas do pacto foram novamente empregadas, dessa vez contra manifestantes na Checoslováquia, e, em 1981, tropas reprimiram manifestações na Polônia.

Na década de 1980 a União Soviética entrou em grave crise econômica e política. Em 1989 a Alemanha foi unificada e o Muro de Berlim, derrubado. Em 1991, a União Soviética foi desintegrada e o Pacto de Varsóvia deixou de existir.

Quais os objetivos do Pacto de Varsóvia?

O primeiro objetivo do Pacto de Varsóvia foi o de criar uma aliança militar entre os países socialistas da Europa para que pudessem, em caso de guerra, lutar contra as tropas da Otan. Ao criar o pacto, os países do Leste Europeu permitiram que tropas soviéticas ocupassem seus territórios, fazendo com que os soviéticos ocupassem a fronteira entre o mundo capitalista e socialista.

Cartaz soviético de 1981 mostrando as principais armas utilizadas pelas tropas do Pacto de Varsóvia.

O Pacto de Varsóvia aumentou consideravelmente o poder bélico dos soviéticos. Uma das cláusulas do tratado estabelecia que as armas, veículos e equipamentos de todas as repúblicas signatárias seriam unificados. Dessa forma seria mais fácil, por exemplo, remanejar armas e munições dentro do bloco soviético.

Outro objetivo dos soviéticos com o pacto foi o de aumentar o seu poder político, sua influência na Europa e seu poder de barganha nas negociações internacionais, sobretudo com os Estados Unidos.

Quais países assinaram o Pacto de Varsóvia?

Fizeram parte do Pacto de Varsóvia:

  • União Soviética;

  • Albânia;

  • Checoslováquia;

  • Alemanha Oriental;

  • Hungria;

  • Polônia;

  • Romênia;

  • Bulgária.

Importância do Pacto de Varsóvia

O Pacto de Varsóvia foi importante para a União Soviética garantir sua presença política e militar nas suas repúblicas-satélite. Além de levar uma hipotética linha de frente contra a Otan para longe do seu território, através do pacto a União Soviética conseguiu manter sob sua influência tais repúblicas.

Esse pacto também foi importante para os soviéticos continuarem o controle sobre a sua área de influência, mantendo tropas nas repúblicas-satélite e utilizando tropas da aliança quando sua influência foi ameaçada nessas repúblicas.

Como foi fim do Pacto de Varsóvia?

Em 19 de agosto de 1989 ocorreu o chamado “Piquenique Pan-Europeu”, dia no qual a Cortina de Ferro foi rompida pela primeira vez, iniciando um efeito em cadeia que culminou com o fim da União Soviética e do Pacto de Varsóvia.

No Piquenique Pan-Europeu, manifestantes húngaros atravessaram a fronteira para a Áustria sem serem reprimidos pelos soldados da fronteira. O ato foi previamente organizado por grupos de húngaros e austríacos. Os militantes conclamaram a população através da distribuição de folhetos, e o movimento utilizou um pombo rompendo o arame farpado como símbolo.

Menos de um mês após o piquenique, o governo húngaro abriu suas fronteiras com a Áustria, provocando a migração de centenas de milhares de habitantes do bloco soviético para a Áustria.

Em 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim caiu, dando início ao processo de reunificação da Alemanha. Em 1991, a União Soviética foi desintegrada e o Pacto de Varsóvia deixou de existir.

Pacto de Varsóvia x Otan

Os países da Otan e do Pacto de Varsóvia nunca se enfrentaram diretamente. Durante toda a Guerra Fria as duas superpotências mantiveram suas forças militares relativamente equiparadas, isso valeu também para os seus arsenais nucleares. Segundo a teoria da destruição mútua assegurada, esse equilíbrio e a certeza da destruição dos dois países em caso de guerra é o que fez com que ela não ocorresse.

Com o fim da União Soviética, e o consequente fim do Pacto de Varsóvia, a Otan continuou sua expansão, possuindo atualmente 32 países-membros.

Em 2013 uma revolta popular se iniciou em Kiev, na Ucrânia. Os manifestastes, que ocuparam a principal praça da cidade, conhecida como Maidan, exigiam a renúncia do presidente ucraniano, alinhado à Rússia. O presidente havia recusado um acordo de livre comércio com a União Europeia e iniciar as negociações para a entrada da Ucrânia na Otan.

A Rússia de Vladimir Putin alegou que a entrada da Ucrânia para a Otan ameaçava a soberania russa, ocupando militarmente a Crimeia em 2014. Em 2022, alegando que populações russas sofriam violência no leste da Ucrânia, a Rússia invadiu o território ucraniano, iniciando a guerra.

Em 2023, a Finlândia, outro país vizinho da Rússia, se tornou membro da Otan. Em 2024 foi a vez da Suécia aderir ao bloco.

Para saber mais detalhes sobre a Otan, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre Pacto de Varsóvia

Questão 1

Foram países que fizeram parte do Pacto de Varsóvia:

A) Estados Unidos, França e Inglaterra.

B) União Soviética, França e Inglaterra.

C) União Soviética, Albânia e Hungria.

D) União Soviética, China e Vietnã.

Resolução:

Alternativa C.

O Pacto de Varsóvia foi a aliança político e militar entre a União Soviética e seus países-satélite do leste da Europa. União Soviética, Albânia e Hungria foram países do Pacto de Varsóvia.

Questão 2

(UFMG) Os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial foram tensos entre as grandes potências mundiais. Considerando-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e o Pacto de Varsóvia, criados nesse período, é CORRETO afirmar que:

A) a Otan visava apaziguar os conflitos relacionados à divisão da cidade de Berlim, bem como a proteger os países sob sua influência econômica das ameaças de invasão externa e de conflitos militares.

B) ambos desenvolveram políticas que incentivaram a chamada corrida armamentista, que, durante o período da Guerra Fria, colocou o Planeta sob a ameaça de uma guerra nuclear.

C) ambos foram estabelecidos, simultaneamente, para defender os interesses dos países que disputavam, após a Segunda Guerra, uma reordenação dos espaços europeu e americano.

D) os países signatários do Pacto de Varsóvia se aliaram e, para defender seus interesses financeiros, formaram um bloco econômico, a fim de competir com a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos.

Resolução:

Alternativa B.

A criação da Otan e do Pacto de Varsóvia aumentou a velocidade da corrida armamentista entre Estados Unidos e União Soviética, inclusive com a ampliação do arsenal nuclear das duas superpotências. Essa corrida armamentista ocorreu até a década de 1980, quando a economia soviética entrou em crise e acordos entre EUA e URSS passaram a ser feitos com o objetivo de reduzir os seus arsenais nucleares.

Créditos de imagem

[1] Marcin Białek / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

JUDT, Tony. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Editora Objetiva, São Paulo, 2008.

MASSON, Phillippe. A Segunda Guerra Mundial: História e estratégias. Editora Contexto, São Paulo, 2010.

MUNHOZ, Sidnei José. Guerra Fria: história e historiografia. Appris Editora, Curitiba, 2020. 

Por: Jair Messias Ferreira Junior

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