Comunismo de Guerra foi o nome dado à política adotada pelos bolcheviques durante a Guerra Civil que ocorreu entre 1918 e 1921. Após a tomada do poder em outubro de 1917 e da assinatura do tratado de Brest-Litovski em março de 1918, as forças militares, políticas e econômicas ligadas ao antigo regime czarista, apoiadas por várias nações ocidentais, decidiram invadir a Rússia para acabar com o nascente Estado Bolchevique.
O comunismo de guerra foi uma política que visava reorientar a produção industrial e agrícola russa para enfrentar as forças do Exército Branco, como ficaram conhecidas as forças que enfrentaram os bolcheviques e o Exército Vermelho.
A economia russa já estava em crise, como consequência dos estragos causados pela I Guerra Mundial. Para manter munido dos suprimentos necessários o Exército Vermelho, o governo bolchevique lançou mão de medidas coercitivas para alcançar esse objetivo.
Na área agrícola, o comunismo de guerra representou o confisco da produção realizada pelos camponeses para alimentar as tropas vermelhas e também controlar o comércio clandestino que estava se desenvolvendo. O privilégio da distribuição era dado aos combatentes, sendo que o restante da população era submetido a um duro racionamento de alimentos. Neste aspecto, o comunismo de guerra representou uma forte oposição dos camponeses ao governo, já que se viam privados de comercializar livremente sua produção agrícola. Mas a argumentação bolchevique era que tal medida era necessária para a vitória da revolução, um objetivo mais amplo que as necessidades imediatas dessa classe rural.
Nas indústrias, o comunismo de guerra representou a militarização do trabalho, submetendo os operários a uma rígida disciplina laboral e à manutenção de uma hierarquia dentro das fábricas. Foi neste período que os bolcheviques passaram a adotar métodos tayloristas de organização do processo de produção e a centralizar a administração das fábricas em um único administrador. O resultado destas medidas foi a perda do poder que detinha os comitês de fabrica, órgãos pelos quais os operários exerciam o poder dentro das empresas. Oposições a essas medidas surgiram dentro do próprio partido bolchevique, através da Oposição de Esquerda, que criticava a centralização, a hierarquização e a reprodução da disciplina de trabalho capitalista.
Dentro desse esforço de guerra, os sindicatos ficaram submetidos ao Estado, não podendo atuar com autonomia frente ao governo. As estradas de ferro passaram a ser administradas pelo Exército Vermelho, em virtude da importância logística que tinham para os combates contra o Exército Branco.
Mesmo dentro do Exército Vermelho práticas militares autoritárias foram adotadas, como o fim da eleição de oficiais, a necessidade de prestar continência aos superiores e a pena de morte. Os principais líderes do Comunismo de Guerra foram Lênin, presidente do Conselho de Comissários do Povo, que administrava o Estado Soviético, e Leon Trotsky, comandante do Exército Vermelho.
Essas medidas tornavam o nascente Estado bolchevique muito semelhante aos demais Estados capitalistas, com a diferença de que boa parte dos meios de produção havia passado para o Estado. Dessa forma, eliminavam-se os proprietários privados e formava-se uma nova classe de burocratas e tecnocratas que controlavam os meios de produção através do Estado, passando a gerir os rumos da sociedade soviética.
O Comunismo de Guerra acabou quando teve fim a Guerra Civil, em março de 1921. Em seu lugar foi adotada a Nova Política Econômica (NEP), que pretendia liberar o comércio interno para que se realizasse uma acumulação de capitais, com o objetivo de desenvolver a economia, dentro dos moldes de um capitalismo de Estado, e aplacar a insatisfação camponesa ao liberar a comercialização dos excedentes agrícolas.