A Origem da Língua Portuguesa ocorreu na Idade Média, em meio às guerras dos povos ibéricos contra os mouros pela reconquista da Península Ibérica.
Cada povo (ou cultura) tem como uma das principais características definidoras de sua formação a língua. As civilizações da Antiguidade europeia e da Ásia Menor, na medida em que se estruturavam em torno de cidades-estado, também desenvolviam seu dialeto próprio. Algumas dessas civilizações, como a helenística (formada com a expansão do império de Alexandre, o Grande) e a romana, tornaram-se vastos impérios e, por consequência, levaram a sua matriz linguística a regiões diversas.
Durante a Idade Média, a língua oficial do Império Romano, o latim, passou a ser absorvida pela Igreja Católica. Todavia, houve outros segmentos linguísticos que incorporaram a estrutura do latim e formaram línguas novas. Foi o caso das línguas que se desenvolveram na Península Ibérica, como o português.
A origem da Língua Portuguesa está associada, evidentemente, à própria formação de Portugal. Tantos os reinos espanhóis quanto o Condado Portucalense (que daria origem a Portugal moderno) formaram-se durante as guerras de reconquista da Península Ibérica. Essas guerras foram travadas contra os mouros, isto é, os muçulmanos que haviam expandido seus domínios naquela região desde o século VIII d.C.
O português possui raízes imbrincadas com a língua galega que, assim com o catalão e o castelhano, na Espanha, teve seu período de confluência e mistura. O início da separação entre o galego e o português aconteceu com o processo de independência de Portugal, que começou em 1185. Essa separação foi se consolidando com as já citadas guerras pela expulsão dos mouros, deflagradas em 1249 e, sobretudo, com a resistência à anexação castelhana, que fora articulada em 1385.
Um dos principais fomentadores do desenvolvimento da língua portuguesa e de sua independência com relação ao galego foi o rei D. Dinis (1261-1325). D. Dinis foi grande mecenas (apoiador cultural) da literatura trovadoresca e aprovou o português como língua oficial de Portugal. Como afirmaram os pesquisadores Ricardo da Costa e Letícia Fantin Vecovi, o modelo adotado por D. Dinis para alçar a língua portuguesa a um patamar maior foi o de seu avô, Afonso X:
“Em 1297, findado o processo de Reconquista, D. Dinis, monarca e grande mecenas da literatura trovadoresca, adotou o português como língua do reino de Portugal, assim como seu avô Afonso X, o Sábio (1221-1284), monarca de Leão e Castela, anos antes fizera com o castelhano, ao mandar redigir na língua grandes obras históricas, astronômica e legais. O caráter oficial possibilitou ao português seu desenvolvimento autônomo em relação ao galego, língua esta que, em virtude da expansão territorial portuguesa e da dominação castelhana, perdeu a importância literária de outrora.” [1]
A oficialização do português durante a Idade Média foi de grande ajuda para que, por exemplo, muitas obras de poesia e crônicas históricas fossem escritas em larga escala. Apesar de o estilo dessas obras não ser propriamente esmerado, como seria o caso dos escritores modernos, elas contribuíram para a afirmação da língua portuguesa enquanto língua de uma nação.
A principal obra desse período de afirmação da língua portuguesa é Crônica Geral da Espanha de 1344, escrita por D. Pedro, conde de Barcelos e filho bastardo de D. Dinis. Essa obra inspirou-se em crônicas castelhanas que contavam, de forma geral, as história das guerras de Reconquista, porém com ênfase na formação do Estado Português. Com o processo de expansão marítima, a língua portuguesa chegou ao seu ponto de esmero e consolidação, sob a pena de Luís de Camões, Pe. Antônio Vieira e outros grandes escritores.
NOTAS
[1] COSTA, Ricardo da; VECOVI, Letícia Fantin. “Ainda suspira a última flor do Lácio?” Caplletra58 – Revista Internacional de Filologia, Primavera 2015, p. 37.