Neocolonialismo

O neocolonialismo foi o ciclo de colonização que se iniciou no século XIX, sendo conduzido pelas nações europeias. África e Ásia foram transformadas em colônias europeias.

A partilha da África entre as nações europeias foi definida no contexto do neocolonialismo. [1]

Neocolonialismo foi um novo ciclo de colonização que se iniciou no século XIX, durante o contexto da Segunda Revolução Industrial, sendo promovido pelas nações europeias industrializadas. Estendeu-se até o século XX, sendo caracterizado pela ocupação dos continentes africano e asiático e sua transformação em colônias europeias.

O neocolonialismo foi motivado pela busca europeia por matérias-primas, mão de obra barata e novos mercados consumidores. As nações europeias utilizaram ideologias como o “fardo do homem branco” para justificar a invasão e exploração desses continentes. As consequências do neocolonialismo são perceptíveis até hoje.

Leia também: Conferência de Berlim — encontro realizado por nações europeias para definir como seria feita a colonização da África

Resumo sobre o neocolonialismo

  • O neocolonialismo foi o novo ciclo de colonização que foi iniciado pelas nações europeias no século XIX.

  • Foi motivado pela procura das nações europeias por matérias-primas, mão de obra barata e novos mercados consumidores.

  • As potências neocoloniais que invadiram África e Ásia foram: Espanha, Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Bélgica e Portugal.

  • A ocupação do continente africano foi organizada durante a Conferência de Berlim.

  • Os europeus usaram ideologias como o “fardo do homem branco” para justificar a colonização.

Videoaula sobre o neocolonialismo

O que é neocolonialismo?

O neocolonialismo é como conhecemos o novo ciclo colonial que se iniciou no século XIX e que se estendeu até o século XX. Nesse novo ciclo de colonização, diversas nações europeias deram início a uma corrida para a ocupação dos continentes africano e asiático. A dominação colonial foi realizada em questões políticas, econômicas e culturais.

Esses locais mencionados foram invadidos pelas nações europeias para que fornecessem forçadamente matérias-primas a fim de que as nações europeias pudessem dar continuidade ao seu processo de industrialização. Além disso, as colônias eram transformadas em grandes mercados consumidores.

Os habitantes dos locais invadidos pelos europeus se transformaram em peças de exploração para atender aos interesses destes, e a violência foi um traço comum do trato dos europeus em relação aos colonizados. Com o neocolonialismo novas potências imperialistas se estabeleceram regionalmente, como os Estados Unidos e o Japão.

Características do neocolonialismo

Entre as características básicas do neocolonialismo, destacam-se:

  • Desejo de obtenção de matérias-primas e recursos naturais.

  • Obtenção de novos mercados consumidores.

  • Exploração baseada nos continentes africano e asiático.

  • Processo de exploração liderado por grandes nações europeias, além dos Estados Unidos e Japão.

  • O processo de exploração neocolonial foi realizado em parceira com grandes indústrias e bancos.

  • Uso de discurso ideológico salvacionista e civilizatório e a construção da ideia do “fardo do homem branco”.

  • Violência e exploração contra as populações colonizadas.

Objetivos do neocolonialismo

O neocolonialismo se iniciou no contexto da Segunda Revolução Industrial, e foi o desenvolvimento industrial e tecnológico que motivou as nações europeias a iniciar um segundo ciclo de colonização. O desenvolvimento industrial demandava grandes quantidades de matérias-primas, e muitas delas não estavam disponíveis na Europa. Assim, um dos principais objetivos do neocolonialismo era obter matérias-primas.

Além delas, era necessário obter mão de obra barata que não fosse sindicalizada como os trabalhadores europeus. Por fim, os produtos fabricados nas indústrias europeias precisavam ser absorvidos, portanto eram necessários mercados consumidores. Nesse sentido, África e Ásia se estabeleceram como os locais prefeitos para tal.

Neocolonialismo no mundo

Colonizadora belga explorando o trabalho de dois congoleses no Congo Belga.

Sem sombra de dúvidas, o continente mais prejudicado pelo neocolonialismo foi o africano. Muitos historiadores apontam que a África colhe até hoje as consequências da invasão e exploração europeia. A presença europeia no continente se fortaleceu na segunda metade do século XIX.

Essa corrida teve como ponto de partida as pretensões de Portugal, Bélgica e França em territórios na África. A ocupação ganhou força entre o ciclo de 1884 e 1914, e colônias europeias no continente africano existiram até a década de 1970. Os interesses pela África eram tamanhos que levaram a choque entre as nações europeias.

Para dirimir as disputas por colônias na África, foi organizada entre 1884 e 1885 a Conferência de Berlim, cujo propósito era organizar a ocupação, divisão e a locomoção no interior do continente. Nesse evento, inúmeras fronteiras artificiais foram traçadas no mapa africano e até hoje elas podem ser percebidas.

No caso da Ásia, os destaques vão para as ocupações da China, Índia e do Sudoeste Asiático, com o estabelecimento da Indochina Francesa. Na África, diversas nações europeias destacaram-se como potências imperialistas: Espanha, Itália, Alemanha, França, Reino Unido, Bélgica e Portugal. No cenário asiático essa exploração foi conduzida por ingleses e franceses, sobretudo, embora Rússia e Japão também se estabeleceram como potências de influência regionalizada.

Acesse também: Como se deu a resistência ao neocolonialismo em Madagascar?

Neocolonialismo no Brasil

No caso do Brasil, não houve exploração neocolonialista no contexto dos séculos XIX e XX. Isso porque, na verdade, o Brasil passou pelo ciclo colonialista enquanto uma colônia de Portugal, no século XVI.

Muitos historiadores, economistas e cientistas sociais apontam, no entanto, que o Brasil e outras nações periféricas enfrentaram um neocolonialismo em sua política e economia. Isso porque o sistema político e a economia brasileira são fortemente influenciadas pelos interesses internacionais, e, ao longo de nossa história, interferências aconteceram como forma de atender aos interesses de grandes nações capitalistas, como o Golpe Civil-Militar de 1964.

Veja também: Brasil Colônia — detalhes sobre o período em que o Brasil foi colônia de Portugal

Diferenças entre neocolonialismo e colonialismo

  • Neocolonialismo: também chamado de imperialismo, refere-se ao ciclo colonial iniciado no século XIX e que se estendeu até o século XX, baseando-se na ocupação de África e Ásia, principalmente, para obtenção de recursos, mão de obra barata e novos mercados consumidores para dar continuidade ao processo de expansão industrial. Está relacionado com o contexto da Segunda Revolução Industrial.

  • Colonialismo: foi o ciclo colonial que se iniciou no final do século XV, sendo relacionado com a expansão marítima durante as Grandes Navegações e a procura por acumulação de riquezas enquanto uma prática mercantilista. Foi realizada no continente americano e envolveu Portugal, França, Reino Unido, Países Baixos e Espanha.

Neocolonialismo verde

O neocolonialismo verde é um termo usado atualmente para referir-se a uma conduta usada por nações desenvolvidas contra as nações em desenvolvimento. Esse conceito é usado para se referir às barreiras impostas contra as nações em desenvolvimento para que elas pudessem explorar os seus próprios recursos naturais.

Nesse sentido, as barreiras impostas se dão pelo uso do discurso de defesa do meio ambiente, sendo entendida como uma falsa defesa da conservação ambiental. Refere-se a uma forma de impedir o desenvolvimento econômico de uma nação. Além disso, as nações desenvolvidas podem usar a política internacional para limitar a forma como países em desenvolvimento lidam com esses recursos.

Por fim, quando os países desenvolvidos usam sua influência para ter acesso a recursos naturais que não pertence a eles, isso também é visto como uma forma de neocolonialismo verde.

Consequências do neocolonialismo

Entre as consequências do neocolonialismo estão:

  • fortalecimento de ideais supremacistas;

  • exploração econômica dos locais invadidos;

  • exploração das populações;

  • legado de desigualdade social;

  • genocídio;

  • empobrecimento dos continentes africano e asiático.

Exercícios resolvidos sobre neocolonialismo

Questão 1

O evento que marcou a divisão do continente africano como forma de resolver as disputas por territórios na África foi:

A) Conferência de Bandung

B) Conferência de Paz de Paris

C) Conferência de Berlim

D) Conferência de Durban

E) Conferência de Potsdam

Resolução:

Alternativa C.

A Conferência de Berlim foi organizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, sendo liderada pelo chanceler alemão Otto von Bismarck. Esse evento reuniu uma série de potências do final do século XIX, cujo objetivo era discutir a ocupação da África, dividir o território, estabelecer fronteiras e negociar termos relativos à navegação de alguns rios do continente.

Questão 2

As Guerras do Ópio são um assunto relacionado com o neocolonialismo e foram conflitos que os britânicos travaram contra que país?

A) China

B) Índia

C) África do Sul

D) Egito

E) Palestina

Resolução:

Alternativa A.

As Guerras do Ópio foram dois conflitos travados entre o Reino Unido e a China durante o século XIX. O primeiro conflito se estendeu de 1839 a 1842, e o segundo conflito se estendeu de 1856 a 1860, sendo motivado pela proibição do comércio de ópio na Chima. O governo britânico conquistava enorme lucro com esse comércio, decidindo invadir o país para acabar com a proibição.

Crédito de imagem

[1] Jackinthelight / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013.

MORAES, Maya Pavan Fernandes e GUIMARÃES, Patrícia Specimille. Brasil: do neocolonialismo imperialista aos movimentos nacionais industrializantes. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/peteconomia/article/view/37647/24833.

Por: Daniel Neves Silva

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