O nascimento do cinema está associado à invenção do cinematógrafo no século XIX, um aparelho capaz de capturar “imagens-movimento”.
Até a primeira metade do século XIX seria impossível imaginar algum dispositivo capaz de registrar várias imagens em muitos quadros por segundo, de modo a capturar o movimento real de coisas e seres vivos, que vemos naturalmente, a olho nu. Esse fenômeno, que hoje é tão banal e que poder ser feito de uma câmera de celular, é fruto de uma cadeia de invenções tecnológicas de fins do século XIX que culminaram no cinematógrafo, a base para o nascimento do cinema enquanto arte.
O primeiro artefato tecnológico que, pela primeira vez, conseguiu captar o que hoje se denomina a “imagem-movimento” (ou imagem em movimento) foi o cinetoscópio. Esse aparelho foi desenvolvido em 1889 por um assistente do cientista e inventor americano Thomas Edison, chamado William Dickson. O cinetoscópio de Dickson conseguia capturar as imagens, mas não fazia a projeção delas em telas. O espectador tinha de observar as imagens por meio de uma lente semelhante a um microscópico. Um dos vídeos mais famosos registrados pelo cinetoscópio era o de um homem espirrando.
A ideia inicial de Edison e Dickson era combinar o cinetoscópio com o fonógrafo e, assim, desenvolver um artefato que contivesse simultaneamente o registro da imagem e do som. Entretanto, isso não foi possível na época, e Edison não chegou a registrar a patente do cinetoscópio, o que provocou uma onda de invenções tecnológicas inspiradas em seu modelo. Uma dessas invenções foi desenvolvida pelo francês Léon Bouly, em 1892, que a ela deu o nome de cinematógrafo. O cinematógrafo de Bouly conseguia fazer a gravação e a projeção de imagens-movimento em tela, possibilitando a visualização coletiva.
Como Bouly não possuía dinheiro para patentear sua invenção, os encarregados de levar adiante o cinematógrafo foram os irmãos Auguste e Louis Lumière, que o patentearam no ano de 1895. O primeiro filme que Auguste e Louis exibiram foi “La Sortie de L'usine Lumière à Lyon” (A saída da Fábrica Lumière em Lyon). Os Lumière conseguiram chamar a atenção de um público bem diversificado nessa época. As exibições que faziam incitaram a imaginação de mágicos, hipnotizadores, ilusionistas, especialistas em efeitos de trucagem, cenógrafos, diretores de teatro etc.
As pessoas ligadas a essas várias formas de entretenimento e espetáculo foram as primeiras a usar o cinematógrafo como instrumento de criação artística deliberada. O pioneiro na mistura de efeitos visuais, teatro e cinema foi o ilusionista francês Georges Méliès, que produziu o clássico “Viagem à Lua”, de 1902. Às produções de Méliès seguiram-se as de nomes como o do americano D. W. Griffith, dos soviéticos Vertov e Eisenstein, dos alemães Fritz Lang e Robert Wiene e do espanhol Luis Buñuel.