Massacre de Babi Yar

O Massacre de Babi Yar foi um dos maiores atos genocidas cometidos pelos nazistas durante o Holocausto e resultou na morte de mais de 33 mil judeus em cerca de 36 horas.

Memorial construído em Kiev em homenagem a todos os judeus que foram mortos durante o Massacre de Babi Yar *

O Massacre de Babi Yar é conhecido como um dos maiores extermínios cometidos durante a Segunda Guerra Mundial. Esse massacre aconteceu na cidade de Kiev, na Ucrânia, e resultou no fuzilamento de mais de 33 mil judeus, em cerca de 36 horas, pelos nazistas auxiliados por colaboradores ucranianos.

Antecedentes

O Massacre de Babi Yar aconteceu em Kiev, na Ucrânia, durante a invasão da União Soviética iniciada a partir da Operação Barbarossa. Durante essa expedição, cerca de 3,6 milhões de soldados alemães cruzaram a fronteira e iniciaram o avanço que tinha como objetivo a conquista do território soviético para a obtenção de seus recursos materiais e destruição do bolchevismo.

A invasão da União Soviética era o passo mais importante dos nazistas no estabelecimento do “espaço vital”, onde os alemães viveriam às custas da escravização dos eslavos. A operação alemã estipulava quatro cidades soviéticas como alvos estratégicos:

  • Leningrado, ao norte;

  • Moscou, ao centro;

  • Kiev e, posteriormente, Stalingrado, ao sul.

A conquista de Kiev era fundamental para os alemães, pois garantiria o controle sobre a Ucrânia e sua importante produção de grãos. Para os nazistas, obter a produção de alimentos da União Soviética representava a possibilidade de alimentar sua população, enquanto os soviéticos padeceriam de fome.

Solução Final e o Einsatzgruppen

O extermínio de judeus promovido pelos nazistas na Europa, principalmente no Leste Europeu, fez parte do plano formulado por Reinhard Heydrich e Heirinch Himmler chamado de Solução Final. Esse plano estipulava ações que resultariam na eliminação total dos judeus desse continente. O projeto, porém, só foi aplicado durante a guerra após Heydrich e Himmler convencerem Hitler a implantá-lo de imediato (Hitler planejava fazê-lo depois da guerra).

A primeira fase da Solução Final foi realizada pelos grupos de extermínio nazistas chamados de Einsatzgruppen (força-tarefa, em português). Esses grupos haviam sido criados em 1938, durante a anexação da Áustria, e foram transferidos para a ação no Leste Europeu. Heydrich chefiava a atuação do Einsatzgruppen e autorizou-os a implantar a Solução Final a partir do fuzilamento de judeus.

A ação do Einsatzgruppen foi distribuída em três grandes grupos, cada qual responsável por atuar em uma área ocupada da União Soviética. Ao todo, estima-se que esse grupamento tenha sido responsável pela morte de, pelo menos, um milhão de judeus, incluindo o Massacre de Babi Yar.

Massacre de Babi Yar

Antes da invasão da União Soviética, a cidade de Kiev, na Ucrânia, era conhecida por possuir uma grande comunidade judaica. Alguns historiadores afirmam que cerca de 20% da população dessa cidade era formada por judeus, o que totalizava aproximadamente 200 mil pessoas. Assim que a invasão germânica iniciou-se, grande parte da população judaica fugiu de Kiev, cada vez mais ameaçada pelos nazistas.

A conquista de Kiev aconteceu oficialmente em 19 de setembro de 1941. A essa altura, cerca de 70% dos judeus da cidade já haviam fugido e o restante ficou por não ter condições para mudar-se. Assim que conquistaram a cidade ucraniana, os nazistas estabeleceram-se em importantes prédios com a intenção de utilizá-los para governá-la.

No dia 24 de setembro, bombas instaladas nesses prédios pela polícia secreta soviética foram explodidas com o objetivo de sabotar a administração nazista. A destruição resultou na morte de dezenas de alemães e enfureceu os líderes nazistas na região. Reuniões foram realizadas para determinar uma punição a Kiev, e a decisão foi a de promover o extermínio da população judaica da cidade.

Assim, a partir do dia 26 de setembro, os nazistas espalharam diversos cartazes em Kiev convocando os judeus a obrigatoriamente reunirem-se em um local determinado pelos alemães. Os cartazes alemães instruíam o seguinte:

“Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 8 horas de segunda-feira, 29 de setembro de 1941, portando documentos, dinheiro, roupas de baixo, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados”.|1|

O que se seguiu entrou para história como um massacre terrível e um dos símbolos da crueldade dos nazistas. No local determinado por eles, reuniram-se mais de 33 mil judeus, todos imaginando que seriam transferidos para algum gueto ou campo de concentração. Em vez disso, os judeus foram organizados ali para serem massacrados.

O massacre dos judeus de Kiev não foi realizado somente pelo Einsatzgruppen C (responsável pela Ucrânia), mas contou com o apoio de membros da Wehrmacht, o exército alemão. Além disso, cidadãos ucranianos, que atuavam como colaboradores da ocupação nazista, também ajudaram na execução desse fuzilamento em massa.

Ao longo de 36 horas, 33.761 judeus foram sistematicamente fuzilados e depositados em valas comuns. O Massacre de Babi Yar praticamente extinguiu os judeus existentes em Kiev, e os pouquíssimos sobreviventes viviam escondidos da forma que fosse possível e temiam tudo e a todos, pois os nazistas ofereciam recompensas para quem entregasse judeus às autoridades.

Apesar de sua proporção, o Massacre de Babi Yar permaneceu nas sombras durante décadas, pois a União Soviética recusou-se a reconhecê-lo como um ato de extermínio contra judeus, apenas reconhecendo-o um ato genocida contra o povo soviético. O reconhecimento devido a esse massacre somente aconteceu com a independência da Ucrânia, em 1991.

|1| O Massacre de Babi Yar. Disponível aqui.

* Créditos da imagem: Radovan1 e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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