Maomé

Maomé, conhecido como Muhammad pelos muçulmanos, foi o profeta que liderou o surgimento do islamismo, no século VII. Órfão desde a infância, Muhammad foi criado pelo tio, tornou-se condutor de caravanas e recebeu uma revelação de Alá, em 610. Em 622, fugiu de Meca e deu início à expansão do islamismo pela Península Arábica.

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Nascimento

Maomé, marcado na história como o profeta que deu origem ao islamismo, nasceu em Meca, em abril de 570. No calendário islâmico, seu nascimento aconteceu no terceiro mês, conhecido como Rabi al-Awwal. O nome Maomé é um aportuguesamento da forma francesa, Mahomet, que deriva da variação em turco, Mehmet.

Os muçulmanos, por sua vez, preferem que o profeta seja chamado na forma árabe: Muhammad. O profeta pertencia ao clã Hashim, vinculado à tribo dos coraixitas. Sua tribo era tradicional em Meca, mas não era uma das mais ricas nem das mais influentes, e era responsável pela preservação da Caaba, um local sagrado.

Sabe-se poucas coisas da infância de Muhammad, e o destaque vai para as sucessivas perdas que ele sofreu nessa fase. Seu pai, Abdallah, morreu antes mesmo de ver o filho nascer; a mãe do profeta, Amina bin Wahb, faleceu quando ele tinha seis anos; por fim, seu avô, Abd al-Muttalib, morreu quando ele tinha oito anos.

Vida adulta

Depois do falecimento de seu avô, Muhammad passou para a tutela de seu tio, Abu Talib. Este foi a referência paterna de Muhammad e próximo dele durante toda a vida do profeta. Com Abu Talib, Muhammad aprendeu o ofício que o sustentou durante muitos anos: tornou-se condutor de caravanas e guiava as expedições de comerciantes árabes que iam para locais como a Mesopotâmia.

Muhammad se tornou um profissional de boa reputação, e sua honestidade fez ele ser conhecido como um homem de grande confiança. Essa reputação atraiu Khadija bint Khuwaylid, uma viúva que tinha prosperado como comerciante. Ela contratou Muhammad para que ele conduzisse uma caravana dela até a Síria.

Quando Muhammad voltou, Khadija propôs casamento ao profeta. Ele aceitou se casar com ela, e acredita-se que ele tinha por volta de 25 anos quando isso aconteceu. Comenta-se que Khadija teria cerca de 40 anos quando se casou com Muhammad, mas, pela quantidade de filhos que ela teve com ele (seis), muitos historiadores acreditam que ela seria mais jovem que isso.

Dos seis filhos que Muhammad e Khadija tiveram juntos, apenas as quatro mulheres sobreviveram à infância. Fala-se que o casamento dos dois foi muito feliz e que Khadija tinha uma grande influência na vida do profeta. Muhammad não contraiu um segundo casamento enquanto Khadija esteve viva, assim, sua fase poligâmica aconteceu somente depois do falecimento dela.

Muhammad como profeta

Hira, a caverna onde Muhammad recebeu a revelação de Alá por meio do anjo Gabriel.[1]

Acredita-se que a trajetória de Muhammad como profeta iniciou-se em 610, embora ele tenha começado suas pregações somente em 613. Na tradição islâmica, acredita-se que foi em 610 que Muhammad teve a primeira revelação de Deus (Allah, em árabe). Isso aconteceu quando ele estava em retiro numa caverna localizada no deserto, nos arredores de Meca.

A revelação teria acontecido, supostamente, no dia 17 do Ramadã, nono e mais importante mês do calendário islâmico. Na ocasião, o anjo Gabriel teria aparecido a Muhammad e ordenado que ele recitasse a palavra de Deus. Um breve período de confusão foi logo sucedido por um ato entendido como milagroso: Muhammad recitou a palavra de Deus, mesmo sem conhecê-la.

O acontecimento foi perturbador para Muhammad, que ficou bastante confuso sobre o que havia acontecido com ele. Na tradição islâmica, conta-se que Khadija teve um importante papel em auxiliar o profeta a entender o que houve. Muhammad deu início as suas pregações em Meca somente em 613, e uma das primeiras pessoas a se converter ao islamismo foi sua esposa.

  • Perseguição

Suas pregações repercutiram em Meca, e ele conseguiu converter alguns poucos seguidores. O número de fiéis do islamismo era bastante baixo no início, mas, mesmo assim, suas pregações incomodaram os grandes comerciantes da região.

Isso aconteceu porque Muhammad começou a pregar uma religião monoteísta e a condenar os deuses pagãos tradicionais da cidade. Meca era um importante centro comercial, mas também um centro de peregrinação religiosa. Pregar contra os deuses da cidade poderia afetar a peregrinação religiosa e prejudicar os comerciantes, que lucravam bastante com a fé local.

Assim, os poucos fiéis de Muhammad começaram a ser perseguidos, e alguns deles decidiram abandonar a cidade. O próprio Muhammad começou a ser procurado para que ele apostatasse de sua fé. Foram oferecidas muitas coisas para que ele abandonasse sua posição de pregador do islamismo, mas ele rejeitou tudo que lhe foi oferecido.

A perseguição a Muhammad, então, tornou-se mais violenta. Em 619, o profeta passou por momentos difíceis, pois, nesse ano, Abu Talib, seu tio, e Khadija, sua esposa, faleceram. Além disso, ele foi expulso do clã Hashim, por conta da pressão dos grandes comerciantes de Meca.

Acesse também: Ramadã, a festividade que acontece no nono mês do calendário islâmico

Crescimento do Islã

Medina, a cidade onde Muhammad recebeu abrigo ao sofrer perseguição em Meca.[2]

Sem a proteção do seu clã, a vida de Muhammad corria grande risco. Ele sabia disso e foi atrás de proteção, sendo recebido pela cidade de Yathreb, conhecida posteriormente como Medina. A aceitação de Muhammad em Medina se deu porque os comerciantes dessa cidade pensaram que isso poderia ser útil para enfraquecer Meca, cidade rival.

Com o apoio de Medina, Muhammad fugiu de Meca. Esse acontecimento se passou em 622, recebendo o nome de Hégira e sendo considerado um momento marcante na tradição islâmica. A Hégira é o evento que inaugurou o calendário islâmico.

Em Medina, Muhammad tornou-se o senhor da cidade, governando-a e promovendo importantes mudanças. Sua fuga deu início a uma guerra contra Meca, e Muhammad mobilizou os recursos da cidade para prejudicar seu local de origem. Os confrontos entre Medina e Meca estenderam-se por toda a década de 620.

Muhammad ordenou o ataque a caravanas que saíam de Meca; houve confrontos em campo aberto entre tropas das duas cidades; e Meca chegou a formar um grande exército que cercou Medina, mas não conseguiu entrar nela. Em 630, um grandioso ataque foi liderado pelo profeta contra Meca, e a cidade se rendeu sem resistência.

Com isso Meca foi conquistada, e Muhammad ordenou a destruição dos ídolos pagãos e ofereceu anistia à população local desde que ela se convertesse.

Acesse também: Diferença entre sunitas e xiitas – essencial para compreender bem o islamismo

Últimos anos

O período a partir de 622 marcou o auge da vida de Muhammad, sobretudo quando Meca foi conquistada, em 630. Essa fase marcou o crescimento do islamismo pela Península Arábica, uma vez que outras cidades na região também foram conquistadas e convertidas a essa religião. Muhammad faleceu em 8 de junho de 632, por conta de uma doença, e foi sucedido no comando dos muçulmanos por Abu Bakr, o primeiro califa.

Créditos das imagens

[1] artpixelgraphy Studio e Shutterstock

[2] Photographer RM e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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