Julgamento dos Templários

A Ordem dos Cavaleiros Templários foi extinta pelo papa Clemente V, no ano de 1312, no Concílio de Vienne

Após a acusação de heresia feita pelo rei da França Felipe, o Belo (1285-1314), a Ordem dos Cavaleiros Templários foi extinta e julgada pelo papa Clemente V. A Ordem foi extinta pela real culpa de heresia dos cavaleiros? Ou o papa resolveu protegê-los?

Segundo algumas versões recorrentes da história, os Templários foram perseguidos e condenados pela Santa Inquisição. Alguns foram queimados nas fogueiras, outros se refugiaram na Inglaterra, Portugal e Escócia. Recentemente, com a abertura dos arquivos documentais do Estado Pontifício do Vaticano, ficou claro que a história do fim da Ordem dos Templários não foi igual à versão que conhecemos.

Após a análise dos arquivos do Vaticano, alguns historiadores puderem constatar que o julgamento dos Templários se constituiu num grande problema diplomático entre a Igreja Católica, representada pelo papa Clemente V, e o rei francês Felipe, o Belo.

No século XIV, mais precisamente no final do ano de 1308, teve início o interrogatório dos 72 Cavaleiros Templários, realizado pelo papa Clemente V. A Ordem dos Templários surgiu a partir do momento em que alguns sacerdotes da Igreja Católica se tornaram cavaleiros e passaram a compor a elite guerreira cristã que combatia nas Cruzadas. 

Antes do julgamento realizado pelo papa, o rei da França, Felipe, havia instaurado ilegalmente, no ano de 1307, um processo contra a Ordem dos Templários. Todos os cavaleiros que viviam na França foram presos a mando do monarca.

A prisão dos Cavaleiros Templários na França deu início há uma crise diplomática entre a Igreja Católica e o Estado francês. O papa Clemente V mandou retirar das prisões francesas os 72 padres cavaleiros para serem julgados pela Igreja, ou seja, pelo papa, pois, em razão dos privilégios a que os Templários tinham direito, somente o papa tinha autoridade para julgá-los.

O deslocamento dos cavaleiros para a cidade de Poitiers (França), local onde residia o papa, necessitou de muitos cuidados em razão da capacidade bélica dos Templários. Dessa maneira, os cavaleiros foram amarrados uns sobre os outros em uma carroça e levados para o interrogatório.

O papa Clemente V desafiou e não cedeu às pressões do governo francês. Ele argumentou que o julgamento realizado pelo rei Felipe da França era ilegal, visto que os Templários estavam sendo julgados por agentes reais, e não por inquisidores da Igreja.

Os interrogatórios em Poitiers terminaram em 1º de julho de 1308. O papa reuniu um conselho de bispos e juntos eles deliberaram a pena dos cavaleiros: estes deveriam pedir perdão à Igreja Católica e fazer penitência. Assim sendo, os padres Templários receberam a completa absolvição e a Ordem dos Templários poderia continuar mostrando seus distintivos, participar das cerimônias da Igreja e receber os sacramentos sagrados.

O rei Felipe, o Belo, não ficou satisfeito com a absolvição dos Templários, e começou uma luta veemente contra a Igreja Católica, acusando vários clérigos com escândalos imorais. O papa se viu acuado, pois se continuasse na defesa dos Templários, rapidamente iria ocorrer uma separação dentro da Igreja Católica, ou seja, a criação de uma Igreja da França separada de Roma.

O papa Clemente V estava no meio de uma crise diplomática: salvar os Templários ou optar pela unidade dos cristãos? No Concílio de Vienne (1311-1312), ele resolveu a questão diplomática: não condenou os Templários à prisão ou à morte, como queria o rei francês, Felipe, entretanto fechou a Ordem dos Templários. Ao contrário daquilo que conhecemos sobre os Templários, a Ordem não foi condenada à fogueira pela Inquisição. Eles foram absolvidos e extintos pelo papa no ano de 1312.

Por: Leandro Carvalho

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