Ísis é uma divindade presente na religiosidade dos egípcios na Antiguidade. Se tornou uma deusa extremamente importante durante o primeiro milênio a.C.
Ísis é uma divindade que estava presente na religiosidade egípcia, considerada uma deusa muito boa, que se preocupava em garantir o bem das pessoas. Era considerada a mãe dos deuses e também a mãe de todos os faraós e, por isso, era diretamente relacionada com o trono egípcio. Seu culto tornou-se popular somente no primeiro milênio a.C.
Ela era esposa de Osíris, um importante deus da religiosidade egípcia, e ficou conhecida por sua saga para encontrar o corpo de seu marido quando este foi assassinado por Set. O culto a ela espalhou-se por todo o Egito e chegou à Grécia durante o Período Helenístico, associando-se ao culto a Deméter.
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Resumo sobre Ísis
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Ísis foi uma importante deusa na religiosidade egípcia durante o primeiro milênio a.C.
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Era esposa de Osíris, e juntos foram os primeiros governantes egípcios.
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Fez uma jornada para resgatar o corpo de seu marido depois que ele foi assassinado por Set.
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Existiam templos e santuários para ela espalhados em todo o Egito.
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O culto a ela chegou à Grécia, e ela era associada à deusa Deméter.
Quem era a deusa Ísis?
Ísis era uma deusa que estava presente na religiosidade dos egípcios na Antiguidade e que ao longo dos anos se tornou uma das divindades mais populares desse povo, sendo associada de alguma forma a todos os outros deuses egípcios e considerada a mãe de todos os faraós, tendo, portanto, uma forte relação com o trono egípcio.
A relação de Ísis com o trono e com os faraós é reforçada de diversas maneiras. O nome pelo qual os egípcios a conheciam — Eset — é traduzido como assento, em referência ao termo “trono”. Algumas representações de Ísis retratam um trono vazio na cabeça dessa deusa. Ísis também poderia ser chamada por outros nomes, como Mut-Netjer, traduzido como “mãe dos deuses”.
Os egípcios acreditavam que Ísis era a responsável por trazer as cheias do rio Nilo, fundamentais para a manutenção da vida naquela região no meio do deserto do Saara. Era considerada uma deusa que se preocupava em garantir o melhor para todas as pessoas, além de ser aquela que garantia uma boa vida após a morte na crença egípcia.
Ísis é também reconhecida por ter sido esposa de Osíris, o primeiro faraó dos egípcios. A esse casal é atribuído um período de paz, justiça e prosperidade na Terra, e eles são considerados os responsáveis por transmitir os conhecimentos da agricultura e da medicina para a humanidade, além de terem estabelecido a instituição do casamento.
Outra atribuição dessa deusa para os egípcios era o seu reconhecimento como a deusa protetora dos comerciantes e navegantes, sendo muito comum que pessoas que exerciam esses ofícios usassem talismãs como forma de garantir proteção e ajuda dessa deusa. Os egípcios acreditavam que Ísis tinha grandes poderes mágicos.
Os historiadores supõem que o culto a Ísis tenha surgido no período Pré-Dinástico (período da história egípcia anterior a 3100 a.C.). Ela é parte da Enéade de Heliópolis, conjunto de nove deuses descendentes de Atum ou Rá, e faz parte da Tríade de Abidos, composta também por Osíris e Hórus.
Ísis na mitologia egípcia
Na mitologia egípcia, Ísis é filha de Geb e Nut, sendo irmã dos seguintes deuses: Osíris, Set, Néftis e Hórus (conhecida como outra forma do deus Hórus). Ísis era casada com Osíris e, como mencionado, eles são considerados os primeiros governantes da Terra de acordo com os mitos egípcios. A relação de Ísis e Osíris é tema de um dos mitos mais famosos da mitologia egípcia.
O governo de Osíris e Ísis era popular, e eles eram amados pelas pessoas. Um irmão de Ísis e Osíris, o deus chamado Set, começou a sentir ciúmes do prestígio de seu irmão e passou a cogitar a hipótese de livrar-se dele. Ele decidiu realmente fazer isso depois que Néftis, sua esposa, deitou-se com Osíris disfarçada de Ísis.
Set então elaborou um plano para assassinar Osíris e livrar-se do corpo dele, e assim o fez. Osíris foi aprisionado em um sarcófago, onde foi morto, seu corpo foi lançado no rio Nilo, e as águas o levaram até a Fenícia. Ísis viajou até essa região para resgatar o corpo de seu marido e o levou de volta para o Egito.
De volta ao Egito, o corpo de Osíris foi esquartejado por Set em 14 ou 42 partes (isso varia de acordo com a versão do mito), e essas partes foram lançadas em diferentes localidades do território egípcio. Ísis encontrou todas, menos a parte que correspondia ao pênis de Osíris. Ela então realizou um ritual e usou os seus poderes mágicos para ressuscitá-lo.
Osíris foi ressuscitado, e ele e sua esposa, Ísis, geraram um filho juntos: Hórus. Osíris não pôde ficar no mundo dos vivos porque não tinha uma parte de seu corpo e passou a reinar sobre a vida após a morte, cumprindo um importante papel nos ritos funerários dos egípcios e sendo considerado deus dos mortos.
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Culto a Ísis na religiosidade egípcia
Vimos que o culto a Ísis era popular em todo o Egito, e santuários e templos construídos em homenagem a essa deusa se espalharam por todo o território egípcio na Antiguidade. É importante notar que o culto a Ísis se popularizou somente a partir do primeiro milênio a.C. Antes disso, entende-se que ela possuía um papel secundário na religiosidade egípcia.
O culto a Ísis se centralizava em Behbeit El-Hagar, lugar que possuía um dos primeiros grandes templos dedicados a ela. Esses templos eram administrados por sacerdotes e sacerdotisas que organizavam o culto a essa deusa, e determinados locais desses templos só poderiam ser visitados pelos próprios sacerdotes e sacerdotisas.
A religiosidade egípcia em geral, junto do culto a Ísis, se associou fortemente aos gregos durante o Período Helenístico e a colonização do Egito. Esse processo se iniciou com a conquista do Egito por Alexandre, o Grande durante o século IV a.C. O culto a Ísis foi associado ao da deusa grega Deméter, deusa da agricultura.
Essa associação foi feita porque a busca de Ísis por Osíris no mito que mencionamos nesse texto se relacionou com a busca de Deméter por sua filha, Perséfone, quando esta foi raptada por Hades. Acreditava-se que o culto a ambas as deusas garantia uma boa vida após a morte. Além disso, tratava-se de rituais marcados por serem exclusivos aos iniciados.