Idade Contemporânea

Idade Contemporânea é o período da História que se inicia com a Revolução Francesa (1789) e perdura até os dias de hoje.

John F. Kennedy e Nikita Khrushchev em uma representação da Guerra Fria, um dos fatos marcantes da Idade Contemporânea. [1]

  Idade Contemporânea é o período da História que se inicia com a Revolução Francesa (1789) e perdura até os dias de hoje. É um período marcado por grandes transformações sociais, políticas e econômicas, em que a sociedade pôde testemunhar grandes acontecimentos nunca antes vistos na História, como as guerras napoleônicas — que mudaram a geopolítica da Europa —, a Revolução Industrial, a Grande Depressão de 1929, as guerras mundiais, além dos grandes avanços tecnológicos e da política social, como os direitos das mulheres, ao voto e trabalhistas, a liberdade de expressão, entre outros.

Leia também: Idade Média — período marcado pelo estabelecimento do feudalismo na Europa

Resumo sobre a Idade Contemporânea

  • O conceito de Idade Contemporânea faz parte de um método didático e cronológico formulado por historiadores europeus, durante o século XIX, intitulado periodização da História.

  • A Idade Contemporânea é marcada pela renovação da ciência, do pensamento e pelos avanços tecnológicos.

  • Foi na Idade Contemporânea do Brasil que ocorreu um fato mundialmente inédito: a transferência de um rei e toda a sua corte de um país (Portugal) para outro (Brasil).

  • A vida social contemporânea está mais atrelada à tecnologia, configurando o que chamamos de era da informação.

Periodização da História

A Idade Contemporânea está inclusa no que chamamos de periodização da História, que é um método didático e cronológico levantado pelos historiadores europeus do século XIX com o objetivo de demarcar, com uma certa precisão, importantes mudanças ocorridas na sociedade.

A periodização da História é a seguinte:

  • Em primeiro lugar, temos a Pré-História, que corresponde aos acontecimentos antes do surgimento da escrita.

  • Em seguida, temos a Idade Antiga (ou Antiguidade), que corresponde ao período do surgimento da escrita até a queda do Império Romano (Ocidental) no ano de 476 d.C.

  • Logo depois, a Idade Média, que corresponde aos mil anos de domínio dos “bárbaros” na Europa após a queda de Roma e perdura até a queda do Império Bizantino (Império Romano Oriental) no ano de 1453.

  • A seguir, vem a Idade Moderna, que possui um curto período de tempo, se iniciando com a derrocada bizantina de 1453 e terminando com a Revolução Francesa de 1789.

  • E, por fim, a Idade Contemporânea, a nossa era, que se inicia com a Revolução Francesa e perdura até os dias atuais.

Características da Idade Contemporânea

A humanidade contemporânea passou por uma profunda transformação em todas as áreas — política, econômica e social. Isso se deu por causa dos pensamentos iluministas (XVIII) e das ideologias surgidas através das revoluções Francesa (1789), Americana (1765-1791) e Russa (1917-1923). Além disso, essa transformação aconteceu por causa dos grandes avanços comerciais, industriais e das consequências das duas Grandes Guerras Mundiais, como os anos dourados da década de 1920 até a Crise de 1929, que marcou a história econômica do século XX. Também se incluem aqui a Guerra Fria, o surgimento e a queda da União Soviética, os atentados ao World Trade Center (2001) e a Primavera Árabe (2010).

A vida social contemporânea tornou-se mais atrelada à tecnologia.

A Idade Contemporânea é marcada principalmente pelo avanço assustador da tecnologia, ou seja, o que é moderno hoje pode ser ultrapassado amanhã. A humanidade contemporânea criou um estilo de vida “não padronizado” que se desprendeu do tradicional, tornando-se mais independente, e se alojou nas eras da informação e da incerteza.

No campo científico, as pesquisas sobre medicamentos melhoraram a qualidade de vida da população. No campo social, o combate ao racismo, à homofobia, à misoginia, à desigualdade, entre outros temas, gerou constantes debates entre os acadêmicos e autoridades, buscando solucionar questões que implicam o desenvolvimento da sociedade.

Leia também: Capitalismo — o sistema econômico vigente na era contemporânea

Idade Contemporânea no Brasil

No Brasil, a Idade Contemporânea se inicia com grandes debates e conflitos em prol da independência, da libertação dos escravos, da qualidade de vida e contra os altos impostos e monopolização portuguesa, tais como:

  • Inconfidência Mineira (1789);

  • Conjuração Baiana (1798);

  • Revolução Pernambucana (1817);

  • Cabanagem (1835-1840);

  • Revolução Farroupilha (1835-1845);

  • Revolta dos Malês (1835);

  • Sabinada (1837-1838).

A contemporaneidade brasileira também é marcada por um acontecimento mundialmente inédito: a transferência de um rei e toda a sua corte de um país (Portugal) para outro (Brasil). A chegada da Família Real ao Brasil (1808) modificou radicalmente a estrutura política brasileira com a abertura dos portos às nações amigas, fazendo do Brasil não mais uma colônia de Portugal. Mais tarde, o Brasil tornou-se Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815). A partir daí, surgiram o Primeiro Reinado (1822-1831), com D. Pedro I; o Segundo Reinado (1840-1889), com D. Pedro II; e a primeira Constituição (1824).

Os conflitos internacionais também foram marcantes na contemporaneidade brasileira, como a Guerra da Cisplatina (1825-1828), que se tornou impopular e ocasionou uma grave crise no Primeiro Reinado, e a Guerra do Paraguai (1864-1870), tendo como destaque o marechal Deodoro da Fonseca, que mais tarde proclamou a República (1889), tornando-se o primeiro presidente do país.

Proclamação da República, por Benedito Calixto (1893).

A partir da República, o Brasil contemporâneo foi marcado pela:

  • política do café com leite (1889-1930);

  • Era Vargas (1930-1945);

  • “50 anos em 5”, de Juscelino Kubitschek (1956-1961);

  • Regime Civil-Militar (1964-1985);

  • processo de redemocratização (1979);

  • Constituição de 1988;

  • Plano Real (1994);

  • era do Partido dos Trabalhadores (2003-2016);

  • bolsonarismo (2019-2022);

  • governo Lula, simbolizando o retorno do Partido dos Trabalhadores (2023).

Principais acontecimentos da Idade Contemporânea

  • 1789: Revolução Francesa.

  • A partir do século XVIII: Iluminismo.

  • 1799-1815: Era Napoleônica.

  • 1822: Independência do Brasil.

  • Meados do século XIX: avanço do nacionalismo e da unificação de certos países europeus.

  • 1861-1865: desenvolvimento norte-americano e a Guerra de Secessão.

  • 1889: Proclamação da República no Brasil.

  • Século XVIII e XIX: Revolução Industrial.

  • Século XIX: colônias espanholas tornam-se independentes.

  • 1914-1918: Primeira Guerra Mundial.

  • 1917: Revolução Russa.

  • 1929: quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

  • Décadas de 20 e de 30: surgimento dos regimes totalitários — nazifascismo, stalinismo, franquismo e salazarismo.

  • 1939-1945: Segunda Guerra Mundial.

  • 1945: criação da ONU.

  • 1948: Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela ONU.

  • 1945-1991: Guerra Fria.

  • 1950-1953: Guerra da Coreia.

  • Década de 50 e 60: avanços tecnológicos espaciais ocasionados pela disputa entre EUA e URSS (corrida espacial).

  • 1964-1975: Guerra do Vietnã.

  • 1989: Queda do Muro de Berlim.

  • Década de 90 em diante: aumento da globalização, do terrorismo e das desigualdades sociais.

Leia também: União Soviética — nação que surgiu e acabou no século XX

Exercícios resolvidos sobre a Idade Contemporânea

Questão 1

(Enem 2019) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral da ONU na Resolução 217-A, de 10 de dezembro de 1948, foi um acontecimento histórico de grande relevância. Ao afirmar, pela primeira vez em escala planetária, o papel dos direitos humanos na convivência coletiva, pode ser considerada um evento inaugural de uma nova concepção de vida internacional.

LAFER, C. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). In: MAGNOLI, D. (Org.) História da paz. São Paulo: Contexto, 2008.

A declaração citada no texto introduziu uma nova concepção nas relações internacionais ao possibilitar a:

a) Superação da soberania estatal.

b) Defesa dos grupos vulneráveis.

c) Redução da truculência belicista.

d) Impunidade dos atos criminosos.

e) Inibição dos choques civilizacionais.

Resposta:

Letra B

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi formulada em um contexto pós-guerra, incluindo do Holocausto, que dizimou cerca de seis milhões de judeus. Apesar de a declaração falar sobre a “redução da truculência belicista” e “inibição dos choques civilizacionais” com o objetivo de evitar uma possível 3ª Guerra Mundial, a questão em si nos apresenta qual seria a “nova concepção” (novidade) presente na declaração, que, nesse caso, é a defesa dos grupos vulneráveis.

Questão 2

(Enem PPL 2020) A divisão representada do território alemão refletia um contexto geoestratégico de busca por

a) Espólio de guerra.

b) Áreas de influência.

c) Rotas de navegação.

d) Controle do petróleo.

e) Monopólio do comércio.

Resposta:

Letra B

Se observarmos os países que estão inclusos no mapa alemão, podemos ver que é um contexto relacionado à Guerra Fria, em que a Alemanha era dividida entre Oriental (socialismo soviético) e Ocidental (capitalismo americano). Ambos os países — EUA, que representavam o capitalismo, e URSS, que representava o socialismo — estavam em busca de áreas de influência.

Fontes

SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

WERNER, Camila et al. O Livro da História. 1. ed. São Paulo: Globo Livros, 2017. 

  

Por: Marcell de Oliveira Ardissao

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