Descobrimento da América

O “descobrimento da América” aconteceu quando os espanhóis chegaram ao continente americano, em 12 de outubro de 1492. Isso se deu na expedição do genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na esfericidade da Terra e procurou alcançar o continente asiático navegando pelo oeste. A expedição de Colombo avistou terra na região das Bahamas.

A chegada dos europeus ao continente americano foi um acontecimento relacionado com as grandes navegações, expedições marítimas que exploravam o Oceano Atlântico no século XV. Depois da chegada à América, a Espanha assinou o Tratado de Tordesilhas com Portugal e deu início à colonização.

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Os europeus descobriram a América?

Os historiadores consideram o termo “descobrimento” inapropriado para referir-se à chegada dos europeus à América, em 1492.

Em 1492, uma expedição espanhola chegou ao continente americano, realizando o que ficou conhecido como “descobrimento da América”. A escolha do termo correto para referir-se a esse acontecimento ainda é alvo de debates entre os historiadores. Uma opinião corrente entre os historiadores latino-americanos é a de que o termo descobrimento não é o mais apropriado.

Primeiramente, porque essa posição de descobrimento baseia-se numa perspectiva eurocêntrica, que sugere que a existência da América está condicionada à chegada dos europeus. Assim, nessa interpretação, transparece-se a ideia de que a América só se tornou relevante para o mundo quando os europeus tomaram conhecimento de sua existência.

Nesse sentido, argumentam muitos historiadores, o termo “descobrimento” não é adequado, uma vez que a América não precisou ser descoberta pelos europeus para existir ou ser relevante. Isso reforça a ideia corrente de que a América não era uma terra que foi entregue aos europeus, como se fosse uma dádiva, porque aqui já existiam milhões de habitantes que viram seu território ser invadido e conquistado por outros povos.

Além disso, devemos levar em consideração o fato de que a expedição de Cristóvão Colombo não estava à procura de novas terras, mas da Ásia. Esse fato é tão comprovado que Colombo faleceu, em 1506, acreditando que havia chegado à Ásia e não a um novo continente. A noção de descobrimento foi construída posteriormente, e um dos primeiros a defendê-la foi Gonzalo Fernández de Oviedo, em seu Historia general y natural de las Indias.

Por conta de todo esse debate, existe uma série de terminologias que são propostas por diferentes historiadores como alternativas ao termo descobrimento. Uma bastante comum fala em “chegada dos europeus à América”, e outros europeus sugerem termos como “invasão”, “invenção”, “conquista”, “achamento” etc.

A expedição de Colombo foi a primeira a chegar à América?

A ideia de descobrimento da América, que se consolidou a partir da chegada dos espanhóis, em 1492, fez com que a expedição de Colombo fosse vista como a primeira a chegar ao continente americano. No entanto, os historiadores sabem que isso não é verdade, porque a primeira vez que europeus pisaram em solo americano aconteceu no final do século X.

Por volta do ano 1000, nórdicos, isto é, vikings, liderados por Leif Eriksson, chegaram ao continente americano. Eriksson foi um explorador norueguês que liderou uma expedição com cerca de 35 pessoas, alcançando a região da Terra Nova, atual território canadense. Os vikings estabeleceram-se numa pequena colônia chamada L’Anse Aux Meadows.

Entretanto, o assentamento viking fracassou e acredita-se que, em menos de uma década, tenha sido abandonado. Tem-se que o fator que levou ao abandono foram os ataques sofridos por tribos indígenas que viviam na região. Outro destaque desse assentamento viking é que nele nasceu a primeira criança filha de europeus na América. Essa criança nasceu entre 1004 e 1013 e chamava-se Snorri Thorfinnsson.

Contexto

A chegada da expedição espanhola à América, em 1492, foi um dos momentos mais significativos da exploração do Oceano Atlântico, iniciada nesse mesmo século. Essa exploração ficou conhecida como grandes navegações e foi o resultado de um investimento no desenvolvimento náutico, permitindo que barreiras no oceano fossem cruzadas.

A exploração do Atlântico, além de ser fruto de um desenvolvimento tecnológico que permitiu a construção de embarcações próprias para a navegação atlântica, foi motivada por forte interesse econômico para garantir-se novos pontos de comércio. A exploração do Oceano Atlântico em si tinha como finalidade final a garantia de retorno financeiro para a Coroa.

Os pioneiros nesse processo foram os portugueses, principalmente porque o país reunia as condições geográficas, políticas e econômicas que lhes permitiu investir no desenvolvimento e na exploração náutica. O ponto de partida para eles foi a conquista de Ceuta, em 1415, motivada para garantir acesso aos mercados de ouro controlados pelos árabes na África.

Os espanhóis só entraram na navegação atlântica tardiamente, porque o país não tinha condições políticas e econômicas para explorar o Atlântico antes de 1492. Na segunda metade do século XV, os reinos de Castela e Aragão, que formavam a atual Espanha, passaram por guerras dinásticas, conflitos contra os franceses e contra os mouros. Só depois de resolvidas essas questões é que a Espanha lançou-se nesse empreendimento.

Um dos grandes interesses das navegações atlânticas, sobretudo para Portugal, era encontrar uma nova rota que alcançasse a Índia. Para isso, navegantes foram incentivados a realizar expedições na costa africana para encontrar a tal passagem que os permitisse chegar à Índia e ter acesso ao mercado de especiarias.

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Expedição de Colombo

Ao todo, Cristóvão Colombo fez quatro viagens para a América.[1]

O responsável por colocar a Espanha no mapa das grandes navegações foi o navegante genovês Cristóvão Colombo. Ele tinha iniciado sua carreira na década de 1470 e era um defensor da ideia de que a Terra é redonda. Por isso, ele procurava financiamento para uma expedição para o oeste.

A ideia de Colombo, com base na noção da esfericidade da Terra, era navegar para o oeste para alcançar a Ásia. Na década de 1480, ele tinha procurado apoio financeiro de d. João II, mas o rei de Portugal preferiu financiar expedições pela costa africana. O rei português, inclusive, quis contar com os serviços de Colombo nessas expedições, mas o genovês preferiu pedir ajuda à Espanha.

Na Espanha, ele conseguiu convencer os reis católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, a financiarem sua expedição. Após convencê-los, Colombo assinou os termos da expedição nas Capitulações de Santa Fé, em 17 de abril de 1492. O genovês organizou três embarcações para sua expedição: Niña, Pinta e Santa María.

A expedição liderada por Colombo saiu da Espanha em 3 de agosto de 1492. Colombo navegou para o oeste, crente de que chegaria à Ásia, no entanto, ele conseguiu ter a noção de que essa travessia seria bem mais demorada do que o esperado. Para evitar que os marinheiros entrassem em desespero e se amotinassem, ele manteve um registro falso que marcava distâncias menores do que haviam sido de fato percorridas durante o dia.

Desafios à parte, a expedição liderada por Colombo avistou terra no dia 12 de outubro de 1492. O território avistado foi Guanahani, que Colombo nomeou como San Salvador, e, atualmente, sabe-se que é uma das ilhas que formam as Bahamas, no Caribe.

Nessa primeira viagem, Colombo ainda esteve em Cuba e Hispaniola, ilha em que hoje se localiza o Haiti e a República Dominicana. Em Hispaniola, Colombo formou um pequeno assentamento, Navidad, e, como uma de suas embarcações naufragou, algumas dezenas de seus homens foram deixadas para desenvolverem o assentamento.

Em Hispaniola, Colombo conheceu um dos líderes locais: Guacanagari. O contato do genovês com o líder indígena foi inicialmente pacífico, e Guacanagari mostrou-se amigável e prestativo, tendo ajudado Colombo em muitas coisas. No entanto, antes de voltar para a Espanha, Colombo sequestrou alguns indígenas e para levá-los aos reis espanhóis. Ao todo, Colombo fez quatro viagens para a América.

Saiba mais: História da América – povos pré-colombinos, períodos colonial e contemporâneo

Colonização

Ruínas de La Isabela, assentamento espanhol construído na ilha de Hispaniola.

Depois que os espanhóis chegaram às novas terras, a informação espalhou-se, levando a negociações diplomáticas com Portugal. Como os portugueses navegavam no Atlântico havia um bom tempo, eles exigiram o direito de garantir-se a posse de algumas das novas terras que poderiam existir. Assim houve a assinatura do Tratado de Tordesilhas, em 1494. Esse tratado demarcou uma linha imaginária a 370 léguas de Cabo Verde e definiu quais terras seriam espanholas e quais seriam portuguesas.

Mesmo antes da assinatura do tratado, os espanhóis já haviam iniciado a colonização da América, uma vez que a segunda expedição foi formada por cerca de 1200 homens, muitos dos quais embarcaram com o intuito de estabelecer-se no novo continente. Os dois primeiros assentamentos espanhóis (Navidad e La Isabela) fracassaram devido aos conflitos com os indígenas e à indisposição dos espanhóis de realizarem o trabalho necessário para garantirem sua própria sobrevivência.

No longo prazo, a colonização espanhola permaneceu e deu início a uma intensa exploração econômica das terras invadidas por meio do trabalho compulsório e escravo dos nativos e de africanos. Os povos nativos passaram por um genocídio realizado pelos espanhóis, e milhões de índios morreram vítimas da violência ou das doenças trazidas pelos espanhóis. Caso queira aprofudar-se no tema deste tópico, leia: Dominação espanhola na América.

Créditos da imagem

[1] Everett Historical e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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