A Conferência de Potsdam ocorreu no final da Segunda Guerra Mundial para que Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética definissem como ficaria o mundo após o conflito.
A Conferência de Potsdam foi uma das reuniões realizadas entre as lideranças dos Aliados no período final da Segunda Guerra Mundial. Nessas reuniões a Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética conduziram discussões, inicialmente sobre as estratégias militares conjuntas adotas no conflito e, posteriormente, sobre como seria o mundo pós-guerra.
Essa conferência ocorreu pouco mais de seis meses após a rendição da Alemanha, em um momento no qual o Japão era o único país do Eixo que continuava na guerra. Em Potsdam, as três potências aliadas definiram as quatro zonas de ocupação aliada da Alemanha e de Berlim. Também definiram as novas fronteiras entre a Alemanha, Polônia e União Soviética, a ocupação aliada na Áustria, a transferência de populações de origem alemã que viviam fora do território alemão. Por fim, decidiram que a Alemanha deveria ser desmilitarizada e desnazificada.
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Resumo sobre a Conferência de Potsdam
- A Conferência de Potsdam reuniu o presidente dos Estados Unidos, Harry Truman; o líder da União Soviética, Josef Stalin; e o líder britânico, Winston Churchill.
- Na conferência os três líderes definiram o futuro da Europa pós-Segunda Guerra Mundial.
- Alemanha e Áustria foram divididas em quatro zonas de ocupação: Reino Unido, Estados Unidos, União Soviética e França.
- Após a guerra a Alemanha deveria ser desmilitarizada e desnazificada.
- Existiram diversos pontos de atrito entre as três potências aliadas, principalmente sobre as indenizações que deveriam ser pagas pela Alemanha.
- Foi na Conferência de Potsdam que Truman informou Stalin do sucesso norte-americano no teste da bomba nuclear.
Principais objetivos da Conferência de Potsdam
Nos primeiros anos da guerra as grandes potências aliadas discutiam como combateriam as tropas do Eixo, mas, com o desenrolar da guerra, as discussões se modificaram para o futuro da Alemanha e do mundo pós-guerra.
Na Conferência de Yalta, que ocorreu antes da Conferência de Potsdam, foram realizadas discussões entre os três líderes sobre o futuro da Alemanha e sobre quais países ocupariam esse país após o conflito. A Conferência de Yalta ocorreu em fevereiro de 1945, momento no qual a derrota alemã era iminente. Muitas questões não foram resolvidas em Yalta, e uma nova conferência ocorreu para resolver essas questões.
A Alemanha se rendeu em 7 de maio de 1945, e os Aliados deveriam decidir o que aconteceria com ela e seus aliados europeus. As decisões deveriam definir as seguintes questões:
- como seria o novo território da Alemanha, da Polônia e de outros países do Leste Europeu;
- como os criminosos de guerra seriam julgados;
- quais indenizações os derrotados deveriam pagar;
- quais seriam as áreas de influência da Inglaterra, da União Soviética e dos Estados Unidos no continente europeu.
Para discutir essas questões foi realizada a Conferência de Potsdam.
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Como ocorreu a Conferência de Potsdam?
Os aliados decidiram realizar a primeira conferência após a rendição alemã na cidade de Potsdam, que é vizinha de Berlim, a capital da Alemanha. A ideia era mostrar ao mundo que os aliados possuíam total controle sobre a Alemanha. A Conferência de Potsdam aconteceu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945.
Dela participaram diversos consultores militares, mas as principais decisões foram tomadas novamente pelas três grandes nações aliadas: Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética.
Stalin novamente representou a União Soviética durante toda a conferência, mas os representantes das outras duas nações mudaram em relação às conferências anteriores. Roosevelt faleceu em abril de 1945 e, no seu lugar, assumiu Harry Truman como novo presidente dos EUA. Já quanto à Inglaterra, Churchill iniciou a conferência como representante do país, mas foi substituído no decorrer dela pelo novo primeiro-ministro inglês, Clement Attle, membro do Partido Trabalhista que foi o vencedor das eleições parlamentares.
→ Divergências entre os Aliados
Durante as negociações em Potsdam, diversas discordâncias ocorreram entre a União Soviética e os Estados Unidos e Inglaterra. A primeira delas era a questão das indenizações que a Alemanha deveria pagar. A União Soviética defendia que a Alemanha deveria pagar pesadas indenizações pela destruição provocada com a guerra. Estados Unidos e Inglaterra era contrários, pois acreditavam que esses termos eram próximos do Tratado de Versalhes, um dos motivos que levaram o mundo à Segunda Guerra.
Outra discussão realizada foi sobre as novas fronteiras dos países do Leste da Europa. Novamente os aliados de língua inglesa e os soviéticos tiveram dificuldades em encontrar consenso. Além dos novos territórios foi discutido o que aconteceria com as populações de origem alemã que viviam em outros países.
→ Avisos sobre a bomba nuclear
A Conferência de Potsdam também é famosa por ter sido nela que Truman informou Stalin sobre a bomba nuclear desenvolvida pelos Estados Unidos. Truman afirmou anos depois que informou Stalin, em uma conversa informal, que os Estados Unidos tinham “desenvolvido uma nova arma de poder de destruição incomum”.
Truman afirmou que Stalin não se espantou com a informação. No dia seguinte Truman autorizou o uso das bombas nucleares contra o Japão. Stalin possuía espiões nos Estados Unidos e sabia do desenvolvimento da arma pelos norte-americanos. No mesmo dia em que Stalin soube do sucesso americano com a bomba nuclear, ele enviou um telegrama para os cientistas da União Soviética, pressionando-os para acelerarem o desenvolvimento da bomba nuclear.
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Principais decisões da Conferência de Potsdam
Mesmo com os atritos entre as principais nações aliadas, algumas decisões foram tomadas em Potsdam. A primeira delas dividiu a Alemanha em quatro áreas, que seriam ocupadas por franceses, ingleses, soviéticos e norte-americanos. A mesma divisão foi feita em Berlim e com o território da Áustria.
Outra decisão tomada na Conferência de Potsdam foi a de que a Alemanha deveria ser totalmente desarmada e desmilitarizada. Toda a indústria bélica alemã deveria ser desmantelada e todos os grupos militares e paramilitares deveriam ser extintos. Outra proposta da conferência foi a de desnazificar a sociedade alemã.
A sociedade alemã deveria ser instruída em princípios democráticos, com significativa mudança no sistema de ensino do país. Antigos membros do Partido Nazista e simpatizantes deste que ocupavam cargos no sistema judiciário alemão deveriam ser cassados.
Também foi proposto que um novo governo alemão fosse eleito, mas o início da Guerra Fria acabou com as negociações entre soviéticos e norte-americanos, e a Alemanha acabou dividida em duas áreas, a Alemanha Ocidental, de economia capitalista, e a Alemanha Oriental, de economia socialista.
Também foram decididas em Potsdam as novas fronteiras entre a Alemanha, Polônia e União Soviética. Stalin exigiu parte do território leste da Polônia, e esses territórios foram concedidos para a União Soviética. A Polônia, em forma de compensação pelos territórios perdidos, recebeu territórios da região leste da antiga Alemanha. Esse fato levou à deportação de milhões de alemães que viviam nessa região.
Populações de origem alemã foram expulsas de outros países europeus, como Hungria, Tchecoslováquia e Áustria. Centenas de milhares de alemães morreram nessas migrações forçadas, por fome, doenças ou por violências praticadas pela população civil ou por soldados aliados.
Outras conferências da Segunda Guerra Mundial
→ Conferência de Teerã
Ocorreu em 1943 e foi a primeira conferência que reuniu os três grandes. As discussões sobre a aliança militar dos Aliados e as estratégias de guerra contra o Eixo predominaram nessa conferência. Stalin pressionou norte-americanos e ingleses para abrirem uma nova frente de batalha na França, para obrigar a Alemanha a remanejar soldados que lutavam contra a União Soviética.
Stalin desconfiava que seus aliados atrasavam a abertura de novas frentes de batalha para enfraquecer o Exército Vermelho. Churchill e Roosevelt se comprometeram a abrir uma nova frente de batalha no Norte da França e reforçar as tropas que lutavam na Iugoslávia.
→ Conferência de São Francisco
A conferência aprovou em seu último dia a Carta das Nações Unidas, considerada para alguns a carta de fundação da ONU, que foi assinada por diversos países participantes da conferência e que ficou aberta para que outros países se tornassem signatários no futuro.
A Carta das Nações Unidas passou realmente a entrar em vigor em 24 de outubro de 1945, quando os Estados Unidos, União Soviética, China, França e Reino Unido assinaram o documento. A ONU comemora sua fundação nessa data. Os cinco países se tornaram membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, com direito de veto sobre as decisões tomadas pela Assembleia Geral.
→ Conferência de Yalta
Ocorreu na cidade de Yalta, na Crimeia, em fevereiro de 1945. Novamente os três grandes participaram da conferência. Dessa vez a Alemanha e a Europa pós-guerra fizeram parte das principais discussões da conferência. Os três grandes fizeram um esboço das quatro zonas de ocupação da Alemanha após o fim da guerra. Também foram discutidos em Yalta a criação de um tribunal para julgar os criminosos de guerra e o apoio da União Soviética na luta contra o Japão.
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Doutrina Truman e Plano Marshall
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética eram as duas superpotências econômicas e militares do mundo. Em 1947, Truman fez um discurso de 33 segundos para o Congresso americano que marcou o início da chamada Doutrina Truman.
No discurso ele defendeu que os Estados Unidos deveriam apoiar qualquer nação que estivesse sobre o perigo de se tornar socialista e cair na órbita soviética por causa de “pequenos grupos armados”. Afirmou ainda que o apoio também deveria ser econômico. O objetivo de Truman era fazer com que países em dificuldades econômicas conseguissem desenvolver a economia de mercado, evitando que crises econômicas levassem esses países ao socialismo.
Ainda em 1947, Truman lançou o Plano Marshall, um plano de ajuda econômica dos Estados Unidos para os países afetados pela Segunda Guerra Mundial. Ao todo os Estados Unidos injetaram mais de 18 bilhões de dólares na Europa do pós-guerra. Boa parte dos recursos foram investidos na reconstrução de infraestrutura, como rodovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, termoelétricas, hospitais, escolas, etc.
Os principais beneficiários do Plano Marshall foram a Inglaterra, a França, Alemanha Ocidental e a Itália. Se o fim da Primeira Guerra foi marcado pelo Tratado de Versalhes, que sugou os poucos recursos econômicos da Alemanha, levando-a à crise, a Segunda Guerra Mundial terminou com o Plano Marshall, que teve por principal objetivo investir nos países arrasados pela guerra, para que eles se tornassem aliados dos Estados Unidos na Guerra Fria.
Créditos das imagens
[1] Achim Wagner/ Shutterstock
Fontes
BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Editora Record, São Paulo, 2015.
FERRAZ, Francisco Cesar. A Segunda Guerra Mundial. Editora Contexto, São Paulo, 2022.
JUDT, Tony. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Editora Objetiva, São Paulo, 2008.
MASSON, Phillippe. A Segunda Guerra Mundial: História e estratégias. Editora Contexto, São Paulo, 2010.