Comuna de Paris

A Comuna de Paris foi um movimento ocorrido na França, em 1871. Trabalhadores se manifestaram principalmente com barricadas e reivindicaram melhores condições de vida.

Celebração do 150º aniversário da Comuna de Paris, na França. [1]

A Comuna de Paris, na França, em 1871, foi o primeiro governo de trabalhadores da história. Foram eles que protagonizaram manifestações contra a crise econômica, que os afetava diretamente, e reivindicaram que a França reagisse à Guerra Franco-Prussiana.

O movimento durou quase três meses, sendo encerrado pela repressão dos oligarcas, que se articularam com o exército, matando mais de 20 mil pessoas nas ruas de Paris naquela que ficou conhecida como Semana Sangrenta.

Leia também: Revolução Francesa — o acontecimento fundador da chamada Idade Contemporânea

Resumo sobre a Comuna de Paris

  • A Comuna de Paris foi o movimento protagonizado por trabalhadores franceses que, em 1871, por quase três meses, constituíram o primeiro governo popular da história.

  • A causa dos levantes foi, principalmente, a crise econômica. Mas eles também serviram como resposta ao governo provisório e à não reação à Guerra Franco-Prussiana.

  • A Comuna aconteceu durante os meses de março a maio do ano de 1871, quando trabalhadores unidos à guarda nacional não deixaram que o governo provisório de Adolphe Thiers e o exército se instalassem em Paris. Além disso, os prussianos foram expulsos.

  • Entre 22 e 28 de maio, mais de 20.000 pessoas morreram assassinadas pelo exército, organizado pela oligarquia. Essa semana ficou conhecida como Semana Sangrenta.

  • Após intensa repressão do governo, a Comuna foi encerrada.

Videoaula sobre a Comuna de Paris

Antecedentes históricos da Comuna de Paris

A França antes dos bombásticos acontecimentos da Comuna de Paris havia participado de uma guerra: a Guerra Franco-Prussiana, ente os anos 1870 e 1871. Os estados germânicos visavam não só a se unificarem, mas a se expandirem para a França. Interferiram também influenciando fortemente a Espanha. Napoleão III, o governante francês, então, se viu ameaçado e declarou guerra contra a Prússia.

O poderio bélico dos prussianos era notável, e em menos de seis meses eles já tinham avançado até Paris, onde fizeram Napoleão III prisioneiro e se instalaram no Palácio de Versalhes. A França cedeu os territórios da Alsácia e Lorena, e o rei Guilherme I foi reconhecido oficialmente pelos franceses como imperador do Reich.

Esse conflito foi o que garantiu a unificação alemã. Para os franceses, isso significou a deposição de Napoleão III, e a França voltou a ser uma república, agora com governo provisório.

Tudo isso levou a um sentimento humilhante na população francesa (chamado “revanchismo francês”), que, como pode-se imaginar, com tantos conflitos, também passava por uma crise econômica que deixava milhares à mingua.

Causas da Comuna de Paris

A Comuna de Paris foi um movimento protagonizado por trabalhadores e pessoas pobres da França, iniciado após a derrota do país na Guerra Franco-Prussiana, com a deposição de Napoleão III e o início da república, conduzida pelo presidente Adolphe Thiers, em um governo provisório.

Foram convocadas também novas eleições no Parlamento, para estabelecimento republicano completo. Os parlamentares eleitos eram, em sua maioria, conservadores, ligados aos setores agrários e proprietários de terras.

A população passava fome, por causa da crise econômica que assolava a França, e já havia se manifestado quanto a isso. As movimentações aumentaram porque, com a derrota na guerra mencionada, o presidente havia assinado um acordo (tido como muito ruim pelos franceses) com Bismarck, então primeiro-ministro do reino da Prússia, mas o exército prussiano continuou circundando a capital, Paris.

Até a guarda nacional estava em insurreição por causa dessa situação. Thiers pretendia roubar seus canhões e outras armas para retomar a capital. O presidente planejava retornar a Versalhes para controlar a situação, porém, ele e o próprio exército foram derrotados pela guarda nacional e trabalhadores organizados.

Leia também: Otto von Bismarck e a Unificação Alemã

Participantes da Comuna de Paris

Os participantes da Comuna de Paris foram, principalmente, os trabalhadores, mas não só eles. As mulheres tiveram destaque nessa conjuntura, bem como membros da guarda nacional.

Barricada do Faubourg Saint-Antoine durante a Comuna de Paris.

Como podemos perceber na foto acima, as barricadas, que garantiram que não passasse nada nas ruas de Paris, eram, basicamente, pedras arrancadas do calçamento, além de madeira e até os próprios móveis pessoais que os indivíduos depositavam ali.

Notamos também que houve membros armados — os da guarda nacional, que se revoltaram e formaram o Comitê Central da Guarda Nacional — e a população comum, organizada em associações políticas chamadas de “clubes revolucionários”. Esses clubes, mais tarde, deram origem ao Comitê Central Republicano de Defesa Nacional dos 20 Distritos de Paris.

Até alguns soldados do exército que acompanhavam o presidente se uniram aos levantes por estarem insatisfeitos com toda a situação francesa de então. Como dito, as mulheres tiverem papel central: foram elas que avisaram quando o exército estava chegando e continuaram nos fronts de batalha durante toda a Comuna.

Barricada da Place Blanche, defendida por mulheres durante a Semana Sangrenta.

Tomada de Paris e o início da Comuna

O presidente Thiers governava de Versalhes e planejava voltar a Paris. Para isso, pretendia roubar armamento da guarda nacional e retomar a capital. Então, a guarda nacional se unificou à população e, conjuntamente, conseguiu expulsar tanto o exército francês (e Thiers) quanto o prussiano.

A Comuna de Paris, de fato, só foi formada após o episódio em que os indivíduos não deixaram o exército francês entrar e expulsaram o exército prussiano. A partir de então, a capital francesa ficou sob o comando dos comitês que citamos acima. Juntaram-se ao movimento também membros da Organização Internacional dos Trabalhadores, mais conhecida como I Internacional, que reunia revolucionários do mundo inteiro.

Para governarem, se organizavam por meio de eleições. Assim, no dia 28 de março, foram eleitos representantes dos diversos distritos, entre eles operários, artistas, jornalistas, artesãos, pequenos comerciantes, intelectuais etc. Ou seja, eram bastante democráticos nisso, bem como em relação às diversas ideologias que coexistiam. Eles tomavam decisões visando a um objetivo em comum.

Além desses eleitos, chamados de delegados, foram organizadas também comissões sobre diversos assuntos, como educação, finanças, saúde, guerra etc. Na Comuna, ninguém recebia salários altos. A base de cálculo era o que recebia um operário. Dessa forma, todos ganhavam no máximo tal valor.

As funções também deveriam ser executadas com igualdade. Caso alguém não estivesse cumprindo sua função, poderia deixar o posto a qualquer momento.

A Comuna de Paris é, até hoje, exemplo para diversas organizações populares. Serviu também de inspiração para revoluções posteriores, apesar de ter durado apenas 71 dias (de 18 de março a 28 de maio de 1871), pois ali foram colocadas em prática reivindicações históricas dos subalternos, como: igualdade civil entre mulheres e homens, separação entre Igreja e Estado, substituição da polícia pela guarda nacional, suspensão de trabalhos noturnos, abolição da pena de morte, criação da aposentadoria, gratuidade da educação, redução de jornadas de trabalho (que eram absurdas naquele período), desapropriação de imóveis sem uso etc.

Semana Sangrenta

A Câmara Municipal de Paris, após o grande incêndio da Comuna em 1871.

Todos esses acontecimentos geraram uma reação por parte daqueles que anteriormente estavam no poder. Dessa maneira, eles começaram a orquestrar aquele que veio a ser um verdadeiro massacre: a Semana Sangrenta, que ocorreu entre os dias 21 e 28 de maio de 1871. Em apenas sete dias, mais de 20 mil pessoas morreram.

Tudo começou na noite de 21 de maio, quando o exército invadiu Versalhes, já planejando avançar para outros espaços. A população se armou e se protegeu como pôde: nas famosas barricadas e usando pedras, areia e madeira. Outra tática que usavam contra as armas de fogo era colocar fogo em prédios.

O exército, além de avançar pelos distritos, também fazia pelotões de fuzilamento. Foi assim que mataram tantos e destruíram a Comuna.

Fim da Comuna de Paris

Após o massacre de maio, na Semana Sangrenta, com mais de 20 mil mortos, a Comuna, como pode-se prever, acabou. E não só ela. Algumas profissões, como a de sapateiro, por exemplo, e outras da classe trabalhadora mais pobre, quase foram extintas da cidade, depois de tantas mortes.

Aqueles que não foram assassinados em combate foram mortos depois, em fuzilamentos. Outros 70 mil se viram obrigados a se exilarem na Guiana. Assim, Thiers voltou ao governo, com o apoio da aristocracia. Os conservadores o apoiaram no massacre e queriam extinguir qualquer lembrança daquele movimento. A III República Francesa só se encerrou durante a Segunda Guerra Mundial, com a invasão de Hitler.

Leia também: Batalha da França — a invasão do território francês pelas tropas nazistas

Exercícios resolvidos sobre a Comuna de Paris

Questão 1

(UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre a Comuna de Paris.

I – Ocorreu como desdobramento imediato da crise provocada pela queda de Napoleão III e a consumação da derrota francesa ante a Prússia em 1871.

II – Apresentou importantes medidas de cunho popular-progressista, visando a dissolver o exército permanente, separar a Igreja do Estado, instituir o ensino gratuito e entregar as fábricas à direção dos trabalhadores.

III – Constituiu o exemplo histórico europeu mais bem-sucedido, no século XIX, de conquista do poder pela burguesia liberal.

Quais estão corretas?

a. Apenas I.

b. Apenas II.

c. Apenas III.

d. Apenas I e II.

e. Apenas I e III.

Resolução:

Letra D

A preposição III está errada, porque a Comuna não foi uma conquista do poder pela burguesia liberal, e sim por trabalhadores.

Questão 2

(UEG-GO 2018)

Leia o texto a seguir:

Na madrugada de 18 de março, Paris acordou com o rebentamento do trovão vive la commune! Que é a Comuna, essa esfinge que atormenta o espírito burguês?

“Os proletários da capital — dizia o Comitê Central no seu manifesto do dia 18 de março —, no meio dos desfalecimentos e das traições das classes governantes, compreenderam que para eles tinha chegado a hora de salvar a situação tomando em mãos a direção dos negócios públicos.

MARX, Karl. Vive la Comune! In: MARQUES, A. BERUTTI, F. FARIA, R. História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 2010. p. 56.

A citação refere-se à Comuna de Paris, movimento popular que controlou a capital francesa em 1871. O manifesto dos revolucionários acusou o governo francês de traição porque o mesmo

a) coligou com a Inglaterra e Prússia contra os trabalhadores para evitar a revolução socialista.

b) obrigou os proletários a integrarem-se ao exército para lutarem na Guerra Franco-Prussiana.

c) autorizou a ocupação de Paris permanentemente pelo exército prussiano.

d) entregou as estratégicas regiões de Alsácia e Lorena para serem incorporadas à Prússia.

e) tentou desarmar a população de Paris, obedecendo às imposições do governo prussiano.

Resolução:

Letra D

As regiões Alsácia e Lorena foram incorporadas à Prússia, e esse foi um dos maiores motivos do sentimento de “revanchismo francês”.

Créditos da imagem

[1] Mathieu FEVRY / Shutterstock

Por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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