Civilização cretense

Os cretenses formaram uma grande civilização na ilha de Creta, por volta de 2000 a.C., e ficaram conhecidos pelo alcance de seu comércio marítimo.

Palácio principal localizado no sítio arqueológico da cidade de Cnossos em Creta

A ilha de Creta abrigou a civilização cretense, também conhecida como civilização minoica, considerada pelos historiadores uma das precursoras do povo grego. Os cretenses surgiram entre 3000 a.C. e 2000 a.C. e desenvolveram uma civilização que possuía uma cultura vibrante e que sobrevivia, principalmente, do comércio marítimo.

Surgimento dos cretenses

A habitação humana em Creta remonta há cerca de 9000 mil anos, e, muito provavelmente, os primeiros habitantes dessa ilha haviam migrado da Anatólia (Ásia Menor). A organização em aldeias e cidades nessa região deu-se por volta de 3000 a.C. Os grandes palácios que caracterizaram a civilização cretense só começaram a ser construídos a partir de 1900 a.C.

A descoberta de evidências que comprovaram a existência de uma civilização na ilha de Creta aconteceu no começo do século XX, com os estudos promovidos pelo arqueólogo britânico Arthur Evans. Entre 1900 e 1905, Evans descobriu uma série de objetos no sítio arqueológico de Cnossos, o que o levou a confirmar a existência dos cretenses. Esse arqueólogo foi o responsável por nomear os cretenses de “minoicos” em referência a Minos, lendário rei de Creta.

Características da civilização cretense

Afresco cretense retratando a prática do esporte do salto de touro*

A estrutura administrativa dos cretenses concentrava-se em torno dos quatro grandes palácios que existiam na ilha. Esses palácios localizavam-se em Cnossos, Festo, Mália e Cato Zacro e serviam de centros administrativos, religiosos e comerciais para os cretenses. Não se sabe ao certo se os grandes palácios mantinham contatos uns com os outros, no entanto, acredita-se que os cretenses eram, em geral, pacíficos, pois não há resquício de fortificações nos palácios escavados.

A partir do desenvolvimento dos palácios, consolidou-se um processo de concentração do poder em Creta, o que pode ter contribuído para o desenvolvimento do comércio marítimo dos cretenses. O alcance desse comércio marítimo estendeu-se por todo o Mar Egeu, além da costa da Grécia Continental, costa da Anatólia e regiões do Mar Negro.

O comércio cretense vendia, principalmente, os excedentes da produção agrícola, tendo oliva, figos, grãos, vinho e açafrão entre os principais produtos vendidos|1|. Os historiadores acreditam que, durante o período de supremacia da cidade de Cnossos, os cretenses formaram uma talassocracia, ou seja, impuseram um império marítimo sobre o Mar Egeu.

A descoberta dos palácios cretenses permitiu aos historiadores reconstituir detalhes dessa civilização, principalmente pelas pinturas encontradas nas paredes dos grandes palácios. Essas pinturas, conhecidas como afrescos, retratavam detalhes do cotidiano, como procissões religiosas, homens e mulheres realizando atividades diárias ou a prática de esportes, como o salto sobre touros (que também poderia ser uma prática religiosa). A arte minoica, por possuir semelhanças com a arte existente na Anatólia, ajudou os historiadores a concluírem que, provavelmente, os primeiros humanos que chegaram a Creta eram originários da Anatólia.

Na religião, os historiadores acreditam que havia uma deusa extremamente importante para os cretenses por causa da grande quantidade de esculturas de uma mulher com os braços erguidos (chamada de deusa-mãe). Os cretenses também erigiram altares para a adoração pública, e acredita-se que o chifre (relacionado ao touro) era um símbolo sagrado para os cretenses.

A civilização cretense desenvolveu uma forma de escrita que, a princípio, era em hieróglifos e, posteriormente, evoluiu para uma forma de escrita pré-grega, conhecida como Linear A. A Linear A permanece um grande mistério para os historiadores, pois ainda não foi decifrada, o que dificulta a compreensão de mais características dos cretenses.

Decadência dos cretenses

A decadência da civilização cretense iniciou-se por volta de 1500 a.C. Os historiadores especulam que esse declínio estaria relacionado a uma junção de fatores. O primeiro deles relaciona-se com desastres naturais, que prejudicaram a sobrevivência dos cretenses.

Esses eventos naturais seriam uma erupção vulcânica de grande magnitude, que tornou a sobrevivência mais difícil, além de terremotos, que podem ter destruído determinados locais na ilha, e um grande tsunami, que pode ter afetado a costa de Creta. O enfraquecimento, com a junção dos desastres naturais, pode ter facilitado a absorção dos cretenses pelos micênicos por volta de 1400 a.C.

|1| Minoans – Bronze Age Civilization in the Mediterranean Sea [em inglês]. Disponível aqui.

*Créditos da imagem: Pecold e Shutterstock

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Por: Daniel Neves Silva

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