Cientistas na Segunda Guerra Mundial

O papel dos cientistas na Segunda Guerra Mundial foi de fundamental importância, haja vista que foram eles os responsáveis pelas inovações tecnológicas aplicadas à guerra.

Igor Kurchatov foi um dos primeiros cientistas atômicos da URSS*

As guerras modernas, assim como quaisquer outras práticas humanas realizadas a partir do desenvolvimento da ciência moderna, nos séculos XVI e XVII, destacaram-se por um progressivo avanço tecnológico. Dos canhões, terrestres e navais, do século XVIII às bombas atômicas do século XX, sempre houve um trânsito muito grande entre ideias e descobertas científicas e sua aplicação beligerante. No caso específico da Segunda Guerra Mundial, os cientistas tiveram um papel de destaque, pois boa parte das estratégias traçadas pelos comandos militares dependeu do arcabouço técnico e científico de que dispunham.

Se nos fins do século XIX e sobretudo durante a Primeira Guerra Mundial o mundo já pôde ver o uso de aviões, tanques de guerra, metralhadoras, gases tóxicos, entre outras armas que resultaram de avanços científicos, na Segunda Guerra, essas aplicações tornaram-se exponenciais. Foi o caso, por exemplo, do desenvolvimento do sistema de radares da RAF (Real Air Force), Força Aérea Britânica, pelo Scientific Survey of Air Defense (Centro de Pesquisas de Defesa Aérea), à época comandado por Sir Henry Tizard. O uso dos radares possibilitou uma maior precisão nos combates aéreos e nos bombardeamentos. Logo, outros países lançaram-se ao mesmo tipo de pesquisa de radares.

A criptoanálise, associada à matemática avançada e à informática – nascente, nessa época – também teve destaque. Alemães e ingleses travaram uma verdadeira batalha tecnológica para a descoberta de informações criptografadas. A máquina Enigma, usada pelos nazistas, e o protótipo do computador, The Bomb, que conseguiu decifrar tal máquina, estão entre os inventos mais sofisticados do período da guerra. Alan Turing foi um dos principais cientistas envolvidos nesse processo.

As pesquisas com energia atômica foram as mais disputadas e as mais perigosas. Os nazistas tiveram a pretensão de desenvolver a bomba atômica e valeram-se de mentes extraordinárias, como Werner Heisenberg, para executar o projeto, porém, sem sucesso. Ao mesmo tempo, os americanos levavam a cabo o mesmo tipo de pesquisa, com uma grande equipe liderada por Oppenheimer e composta por muitos cientistas evadidos dos países europeus.

Entre os soviéticos, as pesquisas em energia nuclear também tiveram um progresso razoável, se bem que o desenvolvimento maior foi realizado após a guerra, como acentua o historiador Norman Davies:

A URSS não registrou, por si só, progressos significativos ao nível das armas atômicas. O seu principal cientista atômico, Igor Kurchatov (1903-1960), desenvolveu trabalho na área de minas e blindagem de tanques até 1943, altura em que uma cópia do Relatório Maud da Grã-Bretanha alertou o Kremlin para a necessidade de enveredar por outros caminhos. Andrey Sakharov (nascido em 1921) atingiu o patamar mais elevado da investigação apenas em 1945, tendo, em larga medida, sido responsável pelo desenvolvimento da bomba de hidrogênio, depois de terminada a guerra.” [1]

NOTAS

[1] DAVIES, Norman. A Europa em Guerra. Lisboa: Edições 70, 2006. p. 459.

* Créditos da imagem: Shutterstock e rook76

Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por: Cláudio Fernandes

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