Caudilhismo

O caudilhismo foi um modo de se fazer política de maneira, em grande parte, autoritária que surgiu após as guerras pela independência na América Latina.

Monumento ao caudilho argentino Martín Miguel de Guemes

Com o processo de independência da América Hispânica no século XIX, isto é, das regiões do continente americano que foram colonizadas pela coroa espanhola, um nova forma de organização política passou a fazer-se presente. A figura dos “caudilhos” (em espanhol, caudillos), líderes políticos a um só tempo carismáticos, demagogos e autoritários, tornou-se proeminente nesse cenário. Tal proeminência formou o fenômeno que historiadores e sociólogos têm denominado de caudilhismo.

Um dos principais elementos que possibilitaram o destaque dos caudilhos da América Hispânica foi o fato de a maior parte desses líderes ser constituída de militares ou de membros da elite econômica com influência sobre milícias que participaram ativamente das guerras de independência. O prestígio social que um caudilho tinha em sua região era inigualável e vinha desde antes dos processos de independência, como bem apontou a pesquisadora Beatriz Helena Domingues, em seu ensaio Caudilhismo na América Latina:

Nas décadas que antecederam a independência tais caudilhos ganhavam o apoio de exércitos, ou criavam suas próprias milícias “plebeias”. Desta forma garantiam seu controle sobre várias classes pela adulação, pelo magnetismo pessoal ou pela ameaça do uso da força. O método normalmente dependia dos “princípios originais” e dos antecedentes do líder, adaptados aos diferentes segmentos da sociedade. São exemplos desta política os governos de Rosas na Argentina, Santa Anna no México, Carrera na Guatemala e Francia no Paraguai. [1]

Além dos líderes mencionados acima por Beatriz Domingues, outros que se destacaram posteriormente foram Martín Miguel de Guemes, Ramon Castilla e Carlos Antonio Lopez. A conquista do poder por um caudilho geralmente ocorria por meio de um golpe de Estado com auxílio militar. Mas a despeito do golpe, o modelo do caudilhismo possuía ampla aceitação popular, exatamente por mesclar à força das armas o carisma e capacidade demagógica do líder.

Esse fenômeno assemelha-se muito ao que se desenvolveu no Brasil após a Proclamação da República, em 1889, isto é: o coronelismo. No Brasil, a figura do coronel, em escala regional, aparenta-se à do caudilho, já que há, do mesmo modo, o uso da força, do carisma pessoal (que culmina no paternalismo) e retórica demagógica.

NOTAS

[1] DOMINGUES, Beatriz Helena. Caudilhismo na América Latina: entre a teoria política e a literatura. Anais Eletrônicos do VIII Encontro Internacional da ANPHLAC. 2008, p. 10.

Por: Cláudio Fernandes

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