Burguesia era a classe social que surgiu no renascimento comercial. Atualmente, é compreendida como a classe social composta pelos detentores dos meios de produção.
A burguesia é um conceito que se utiliza em várias áreas do conhecimento, como a História, Sociologia e Geografia. Refere-se à classe social que surgiu na transição da Idade Média para a Idade Moderna.
O termo burguesia tem sua origem nos burgos, como se denominava as pequenas cidades que surgiram durante o renascimento comercial, no século XI. Eram comerciantes que lucravam com o comércio dos produtos orientais que circulavam pelo mercado europeu na época.
Ao longo do tempo, principalmente no período de formação e desenvolvimento do capitalismo, a burguesia ganhou, nos estudos sociais, outra dimensão como a classe detentora dos meios de produção e que explora o trabalho dos operários.
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Resumo sobre burguesia
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Burguesia é um conceito usado em várias áreas do conhecimento, como a História, Sociologia e Geografia.
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Refere-se, a priori, aos comerciantes que surgiram na Europa, no século XI, durante o renascimento comercial.
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A origem da palavra burguesia vem de burgos, as cidades que surgiram em torno do comércio dos produtos orientais.
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Os burgueses, durante o desenvolvimento do capitalismo, se tornaram uma classe social que objetivava alcançar o poder.
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De acordo com Karl Marx, os burgueses são a classe social detentora dos meios de produção e exploradora do trabalho do proletário.
O que é burguesia?
Burguesia é um conceito utilizado em várias áreas do conhecimento, por isso o seu uso depende do contexto. Isso porque burguesia pode se referir aos comerciantes que surgiram no final da Idade Média bem como aos donos dos meios de produção ou, ainda, à classe social que liderou revoluções para alcançar o poder político. Na História, a burguesia é a classe social formada por comerciantes que lucraram com as atividades comerciais que ressurgiram na Europa durante o século XIV e XV.
As Ciências Sociais analisam a burguesia como a classe social detentora dos meios de produção e que se beneficiou da ascensão e expansão do capitalismo para exercer seu domínio sobre o proletariado. Karl Marx analisou a trajetória dessa classe ao elaborar o materialismo histórico dialético e apresentou caminhos para que o proletariado superasse a opressão oriunda da luta de classes.
Quais são as principais características da burguesia?
As características da burguesia se modificaram ao longo do tempo. Os estudos de Karl Marx e Friedrich Engels ampliaram essa caracterização. Originalmente, ou seja, entre os séculos XIV e XV, a burguesia era caracterizada como classe social que se enriqueceu com o renascimento comercial ocorrido na época.
A princípio, essa classe objetivava seus interesses econômicos e não tinha objetivos políticos. Isso começou a se modificar no século XVIII, quando as ambições burguesas alcançaram a disputa política e o controle do poder.
Sob a reflexão marxista, uma característica mais recente da burguesia é a detenção dos meios de produção. O burguês não é apenas o comerciante que se enriqueceu com a venda de produtos orientais, como era nos tempos renascentistas.
Marx percebeu que o monopólio dos meios de produção tornou a burguesia poderosa e influente na sociedade capitalista, tendo como consequência a alienação dos proletários, que não detém os meios de produção, mas produzem os produtos por meio disso.
Além disso, a burguesia também liderou revoluções entre os séculos XVIII e XIX, destronando monarquias absolutistas e instalando governos que adotaram medidas favoráveis ao seu desenvolvimento econômico.
Qual a origem da burguesia?
A burguesia surgiu na Europa, nos séculos XIV e XV, no período do renascimento comercial. Com a crescente atividade comercial, formaram-se os burgos, pequenas cidades que surgiram em razão do comércio de produtos oriundos do Oriente, como as especiarias. Os comerciantes, que lucravam com essa atividade econômica, começaram a ser chamados de burgueses e, por conseguinte, se transformaram em uma classe social denominada burguesia.
O surgimento da burguesia está atrelado ao surgimento do capitalismo, um sistema econômico que superou o que era vigente durante toda a Idade Média. Os burgueses ascenderam socialmente com o fortalecimento do capitalismo e se aliaram aos monarcas, que estabeleciam seus Estados Nacionais no continente europeu.
Desenvolvimento da burguesia
A burguesia surgiu em um momento de transformação na Europa por conta do renascimento das cidades e das atividades comerciais. Era uma classe social que enriqueceu às custas do comércio de produtos orientais, como as especiarias (canela, gengibre, noz-moscada, entre outros).
Enquanto a nobreza enfraquecia, principalmente por causa da diminuição da produção agrícola, a burguesia se tornava uma classe fortalecida e disposta a expandir sua influência, não apenas no âmbito econômico mas também na política, na sociedade e na cultura.
Assim como no seu surgimento, o desenvolvimento da burguesia também está atrelado ao desenvolvimento do capitalismo, no período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. A retomada do comércio favoreceu o retorno das moedas como meio para a troca comercial e a aproximação entre monarcas e burgueses, o que favoreceu tanto a centralização política nas mãos dos reis absolutistas como a implantação de medidas favoráveis aos interesses da burguesia.
→ Burguesia mercantil
A burguesia mercantil se refere a sua primeira fase, ou seja, à fase de seu surgimento na Europa durante o renascimento comercial, ocorrido entre os séculos XIV e XV. Essa classe social possuía o poder econômico, pois controlava as atividades comerciais nos burgos.
Os burgueses se aliaram aos monarcas absolutistas, superando o poder exercido pela nobreza. Essa aliança teve impacto na economia dos reinos europeus quando os reis investiram no comércio como principal atividade econômica.
O mercantilismo foi um modelo econômico característico desse período. Os reis, em especial os de Portugal e Espanha, investiram nas Grandes Navegações, pois esperavam encontrar uma nova rota comercial para as Índias, onde se encontravam as especiarias, produtos que eram valorizados no mercado europeu. Sendo assim, a burguesia financiou as navegações e lucrou com os produtos comercializados.
→ Burguesia industrial
No século XVIII, a Inglaterra se tornou o primeiro país do mundo a se industrializar. Esse pioneirismo é explicado pela posição geográfica favorável da Inglaterra, pelas ofertas de mão de obra e recursos naturais e por um mercado consumidor em expansão. A produção se mecanizou, ou seja, a mão de obra humana foi substituída pelas máquinas, que realizavam o trabalho de forma ágil e com menor custo.
O conceito de burguesia ganhou uma nova caracterização ao se adequar à realidade inglesa. Os donos das fábricas começaram a ser conhecidos como burgueses industriais e, ao contrário da burguesia mercantil, sua fonte de riqueza não estava mais no comércio, mas na indústria.
O burguês industrial era o dono da fábrica, que tinha o controle dos meios de produção e explorava o trabalho do proletariado, que realizava suas atividades nas fábricas. O termo burguesia não mais se referia à classe social que surgiu no final da Idade Média, mas àquela que era dona dos meios de produção.
Veja também: Comunismo — a ideologia política e socioeconômica que propõe a superação do capitalismo
Diferenças entre proletariado e burguesia
O materialismo histórico dialético, formulado por Karl Marx, deu ênfase às diferenças entre burguesia e proletariado:
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Proletariado: composto pelos que não possuem os meios de produção, mas os utilizavam para atender aos interesses dos burgueses.
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Burguesia: composta pelos proprietários dos meios de produção, que exploram o trabalho dos proletários.
Diferenças entre nobreza e burguesia
A diferenciação entre nobreza e burguesia advém dos tempos renascentistas:
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Nobreza: a classe social detentora das terras de onde se extraía a riqueza, principalmente durante a Idade Média.
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Burguesia: a classe social detentora do comércio que renasceu entre os séculos XIV e XV.
Burguesia na atualidade
Atualmente a burguesia se mantém como detentora dos meios de produção, e isso a faz influente sobre a sociedade, alienando o trabalhador daquilo que, de fato, ele produziu. As novas tecnologias que interferem diretamente no trabalho e nas relações sociais hoje em dia são produzidas pelos meios empregados pela burguesia.