Brexit é um termo que descreve a saída do Reino Unido da União Europeia, que foi decidida em um referendo de 2016.
O Brexit é um termo que descreve a saída do Reino Unido da União Europeia, que foi decidida em um referendo de 2016, quando 51,9% dos eleitores votaram pela saída, impulsionados pelo desejo de recuperar a soberania nacional, controlar a imigração e reduzir as contribuições financeiras ao bloco. Esse movimento tem raízes históricas na relação ambígua do Reino Unido com a União Europeia desde sua adesão em 1973, marcada por concessões especiais e um crescente euroceticismo.
As negociações do Brexit foram complexas, envolvendo disputas comerciais, fronteiras e direitos dos cidadãos, e resultaram em desafios políticos e econômicos para o Reino Unido, como a perda de acesso ao mercado único e a saída de empresas. O pós-Brexit trouxe incertezas econômicas, aumento de custos de exportação, perda de trabalhadores migrantes e tensões internas, especialmente na Escócia e Irlanda do Norte, que votaram pela permanência na UE. O Reino Unido agora enfrenta a redefinição de seu papel global por meio de novos acordos comerciais e desafios internos, como o fortalecimento de movimentos separatistas.
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Resumo sobre o Brexit
- Brexit é o termo que descreve a saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em um referendo em 2016, com o objetivo de recuperar a soberania nacional e o controle sobre suas leis, fronteiras e políticas de imigração.
- Desde sua adesão à Comunidade Econômica Europeia em 1973, o Reino Unido sempre manteve uma relação ambígua com a União Europeia, marcada por concessões especiais e uma crescente resistência à centralização do poder em Bruxelas.
- As principais causas do Brexit incluem o desejo de recuperar a soberania nacional, controlar a imigração, reduzir as contribuições financeiras à União Europeia e o crescente movimento eurocético no país.
- Os objetivos do Brexit eram restabelecer o controle sobre as leis e fronteiras do Reino Unido, negociar acordos comerciais independentes e diminuir a influência política e econômica da União Europeia sobre o país.
- As negociações do Brexit foram complexas e envolveram disputas sobre comércio, fronteiras e direitos dos cidadãos, resultando em um processo de vários anos e na necessidade de um novo acordo sob o governo de Boris Johnson.
- O referendo de 2016 resultou em 51,9% dos eleitores votando a favor do Brexit, refletindo divisões regionais e nacionais, e levando à renúncia do então primeiro-ministro David Cameron, defensor da permanência na UE.
- O Brexit envolveu diretamente o Reino Unido, que é composto por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, com divergências regionais sobre a saída, já que Escócia e Irlanda do Norte votaram pela permanência na UE.
- As vantagens do Brexit incluem o restabelecimento da soberania e controle sobre a imigração, enquanto as desvantagens envolvem a perda de acesso ao mercado único europeu, a saída de empresas e a complexidade nas negociações comerciais.
- O Brexit trouxe divisões políticas no Reino Unido, desaceleração econômica, perda de investimentos e impacto no comércio, enquanto a União Europeia continuou a se consolidar sem a presença britânica.
- Economicamente, o Brexit resultou em aumento de custos de exportação, incerteza para investimentos, perda de trabalhadores migrantes em setores-chave e a realocação de empresas financeiras para outros países da União Europeia.
- Após o Brexit, o Reino Unido enfrenta desafios políticos e econômicos, enquanto redefine seu papel global, negociando novos acordos comerciais e lidando com tensões internas, como o movimento pela independência da Escócia.
O que é Brexit?
Brexit é a junção das palavras "Britain" (Grã-Bretanha) e "exit" (saída), referindo-se à saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Essa decisão foi formalizada por meio de um referendo realizado em 23 de junho de 2016, no qual 51,9% dos eleitores votaram a favor de deixar o bloco europeu. O Brexit representou o rompimento de uma longa relação entre o Reino Unido e a União Europeia, e seu impacto afetou diversos aspectos políticos, econômicos e sociais tanto para o Reino Unido quanto para a Europa. Esse processo foi um marco na política internacional e gerou profundas transformações nas relações comerciais e diplomáticas.
Antecedentes históricos do Brexit
As tensões entre o Reino Unido e a União Europeia têm raízes profundas. Desde sua adesão à Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1973, o Reino Unido mantinha uma relação ambivalente com o bloco europeu, refletida em suas frequentes disputas sobre políticas de integração.
A crescente centralização do poder em Bruxelas e o avanço para uma maior união política entre os membros da UE sempre foram motivos de discórdia para muitos britânicos, especialmente para aqueles que valorizavam a soberania nacional. Ao longo das décadas, o Reino Unido obteve várias concessões especiais, como a não participação no euro (moeda única europeia) e no Espaço Schengen (acordo de livre circulação). Essas concessões, porém, não impediram o crescimento do sentimento eurocético no país, que culminou com a realização do referendo de 2016.
Quais as causas do Brexit?
O Brexit foi motivado por diversas causas, tanto políticas quanto econômicas e sociais. Entre as principais razões está a questão da soberania nacional, com muitos britânicos acreditando que o Reino Unido estava perdendo o controle sobre suas leis e regulamentos para instituições europeias. Além disso, a imigração foi um ponto crucial: a livre circulação de pessoas dentro da União Europeia levou a um aumento da imigração para o Reino Unido, o que gerou preocupações sobre pressão nos serviços públicos e o impacto no mercado de trabalho.
O movimento eurocético, que ganhou força dentro do Partido Conservador e do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), também desempenhou um papel importante, alimentando a ideia de que o Reino Unido seria mais próspero fora da UE. Por fim, havia a percepção de que o país estava contribuindo financeiramente mais do que recebia em benefícios da União Europeia.
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Quais os objetivos do Brexit?
Os defensores do Brexit apresentaram uma série de objetivos para a saída do Reino Unido da União Europeia.
Em primeiro lugar, recuperar o controle sobre a soberania e as leis britânicas, sem interferência de regulamentações europeias.
Outro objetivo era retomar o controle das fronteiras e da imigração, encerrando a livre circulação de pessoas entre os países membros da UE.
Economicamente, o Reino Unido buscava conseguir a liberdade de negociar acordos comerciais diretamente com outros países, sem as restrições impostas pelas políticas comerciais da União Europeia.
Outro objetivo era reduzir as contribuições financeiras ao orçamento da União Europeia, que muitos britânicos consideravam desproporcionais em relação aos benefícios recebidos.
Como foram as negociações para o Brexit?
As negociações para o Brexit foram complexas e prolongadas, envolvendo disputas sobre questões cruciais como os direitos dos cidadãos, o controle das fronteiras, as tarifas comerciais e o futuro das relações econômicas entre o Reino Unido e a União Europeia. O processo oficial de saída começou em 29 de março de 2017, quando a então primeira-ministra Theresa May invocou o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, iniciando um período de negociações de dois anos.
No entanto, o processo foi marcado por desacordos tanto dentro do governo britânico quanto entre o Reino Unido e a União Europeia. Um dos principais pontos de discórdia foi a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, uma vez que qualquer restabelecimento de uma fronteira física poderia ameaçar o Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa. Depois de várias tentativas de aprovar um acordo no Parlamento britânico e a renúncia de Theresa May, Boris Johnson assumiu o cargo de primeiro-ministro e conseguiu negociar um novo acordo, que foi finalmente aprovado em janeiro de 2020.
Referendo sobre o Brexit
O referendo sobre o Brexit foi realizado em 23 de junho de 2016 e consistiu em um evento divisor de águas na história recente do Reino Unido. A votação apresentou uma pergunta simples aos eleitores: "O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?".
A campanha "Leave" (Sair) foi liderada por figuras proeminentes, como Boris Johnson e Nigel Farage, e argumentava que a saída da UE permitiria ao Reino Unido retomar o controle de suas leis, fronteiras e finanças. Por sua vez, a campanha "Remain" (Permanecer) alertava para os riscos econômicos e políticos de deixar a União Europeia.
O resultado final foi de 51,9% a favor do Brexit e 48,1% a favor de permanecer, refletindo uma nação profundamente dividida. A participação foi alta, com mais de 33 milhões de eleitores. O resultado do referendo levou à renúncia do primeiro-ministro David Cameron, que havia defendido a permanência na UE.
Países que fazem parte do Brexit
O Brexit envolveu diretamente apenas o Reino Unido, que é composto por quatro países: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. Embora o Reino Unido como um todo tenha votado a favor da saída da União Europeia, a votação revelou divisões regionais significativas. A Inglaterra e o País de Gales votaram majoritariamente a favor do Brexit, enquanto a Escócia e a Irlanda do Norte votaram para permanecer na UE. Essas divisões regionais geraram tensões políticas, especialmente na Escócia, onde o apoio à independência do Reino Unido aumentou após o referendo do Brexit.
Quais as vantagens e as desvantagens do Brexit?
- Vantagens: entre as vantagens do Brexit, os defensores apontam o restabelecimento da soberania nacional, com o Reino Unido recuperando o controle sobre suas leis, fronteiras e políticas de imigração. A liberdade para negociar acordos comerciais bilaterais com outros países também foi vista como uma vantagem, assim como a economia das contribuições financeiras para o orçamento da União Europeia.
- Desvantagens: as desvantagens são significativas: a saída da UE resultou na perda do acesso irrestrito ao mercado único europeu, o que afetou negativamente vários setores econômicos. Além disso, o Brexit complicou a questão da fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, ameaçando a paz na região. Outro ponto negativo foi a saída de empresas e instituições financeiras que se mudaram para outras cidades europeias.
Consequências do Brexit
As consequências do Brexit foram sentidas tanto no Reino Unido quanto na União Europeia.
Politicamente, o Reino Unido enfrentou divisões internas, com a Escócia renovando seu apelo por um referendo de independência e a Irlanda do Norte preocupada com o impacto sobre a fronteira com a República da Irlanda.
Economicamente, o Reino Unido viu uma desaceleração no crescimento econômico, com a saída de investimentos e a reestruturação de cadeias de suprimentos.
O Brexit também levou a uma redução na força de trabalho disponível, especialmente em setores que dependiam de imigrantes da UE, como a agricultura e o atendimento.
Internacionalmente, o Reino Unido passou a buscar novas alianças e acordos comerciais, enquanto a UE continuou a se consolidar sem o país.
Impacto econômico do Brexit
O impacto econômico do Brexit foi profundo:
- Um dos principais efeitos foi a perda do acesso ao mercado único da União Europeia, o que levou a um aumento nos custos de exportação para as empresas britânicas.
- O comércio entre o Reino Unido e a UE tornou-se mais burocrático e caro, com novas tarifas e barreiras alfandegárias.
- A incerteza gerada pelo processo do Brexit também causou uma retração nos investimentos estrangeiros, enquanto muitas empresas, especialmente no setor financeiro, transferiram suas operações para outras cidades europeias, como Frankfurt e Paris.
- O setor agrícola britânico também foi impactado pela falta de trabalhadores migrantes, levando a problemas de colheita e produção.
Em contrapartida, o Reino Unido buscou compensar essas perdas firmando novos acordos comerciais, como o que foi assinado com o Japão.
Pós-Brexit
No cenário pós-Brexit, o Reino Unido enfrenta desafios e oportunidades, sendo uma fase de ajustes e redefinição da identidade e da posição do Reino Unido no mundo. A partir de janeiro de 2021, quando as novas regras de comércio e imigração entraram em vigor, o país se viu na tarefa de redefinir seu papel no cenário global. O Reino Unido tem buscado fortalecer suas relações com outros países, como os Estados Unidos e o Japão, além de negociar sua entrada em acordos comerciais multilaterais. No entanto, a adaptação às novas regras de imigração e comércio tem sido lenta e custosa para muitos setores da economia. Ao mesmo tempo, questões políticas internas, como o fortalecimento do movimento independentista escocês e os desafios na Irlanda do Norte, continuam a pressionar o governo britânico.
Fontes
BACHMANN, Veit; SIDAWAY, James D. Brexit geopolitics. Geoforum, v. 77, p. 47-50, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.geoforum.2016.10.001
DHINGRA, Swati; SAMPSON, Thomas. Expecting Brexit. Annual Review of Economics, v. 14, p. 495-519, ago. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1146/annurev-economics-051420-104231.
SOARES, António Goucha. Brexit: o referendo de 2016. Relações Internacionais, v. 61, p. 63-75, 2019. Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) - Universidade Nova de Lisboa (UNL). Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.5/26484.