A Blitzkrieg foi uma estratégia militar adotada pela Alemanha Nazista, durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial.
A Blitzkrieg foi uma estratégia de guerra utilizada pela Alemanha Nazista nos anos iniciais da Segunda Guerra Mundial. A estratégia era baseada no ataque rápido às linhas inimigas, na rápida penetração do seu território e no cerco aos exércitos adversários, forçando-os à rendição ou à aniquilação. Em 1939, ela foi colocada em prática na Polônia, levando à rápida vitória nazista. A partir de então, ela foi utilizada com sucesso até 1942.
Após a Operação Barbarossa, o relevo, as condições das estradas soviéticas e o clima do país impossibilitaram a Blitzkrieg, levando os nazistas às suas primeiras derrotas na guerra.
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Resumo sobre Blitzkrieg
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Blitzkrieg, ou guerra relâmpago, é o nome da estratégia militar utilizada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
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A surpresa era uma peça fundamental na Blitzkrieg, uma vez que ela só seria eficiente se os alemães avançassem rapidamente nas defesas inimigas.
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A Blitzkrieg penetrava em pontos fracos na linha adversária, concentrando suas forças neles.
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Seu objetivo não era derrotar rapidamente os exércitos inimigos, mas sim cercá-los e cortar suas redes de comunicação e suprimentos.
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A Blitzkrieg ocorria por meio do ataque combinado entre força aérea, unidades blindadas, artilharia e infantaria.
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Iniciava-se com bombardeios aéreos e de artilharia nos aeroportos, nas redes de comunicação e nas de transporte do inimigo.
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Os bombardeios estratégicos eram seguidos pelo ataque de colunas de Panzers e, por fim, pela ocupação do território pela infantaria.
Contexto histórico da Blitzkrieg
Entre 1914 e 1918, ocorreu a Primeira Guerra Mundial, quando as forças da Entente, formada por França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Itália, Brasil, entre diversos outros países, enfrentaram a aliança composta pelo Império Alemão, o Império Austro-Húngaro, o Império Turco-Otomano e a Bulgária.
Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha se rendeu, e, no ano seguinte, os vencedores impuseram aos germânicos o Tratado de Versalhes. Pelo tratado, a Alemanha foi obrigada a reduzir seu efetivo do exército a cem mil voluntários; foi proibida de ter força aérea e marinha de guerra; perdeu suas colônias e parte do seu território; e foi obrigada a pagar pesadas indenizações aos vencedores.
O tratado e a instabilidade política interna provocaram grave crise econômica na década de 1920, e grupos radicais, de esquerda e direita, se fortaleceram. Na década de 1920, foi fundado o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha, que ficou popularmente conhecido como Partido Nazista.
Durante toda a década de 1920, o Partido Nazista foi pouco votado nas eleições alemãs, nunca obtendo mais do que 5% dos votos. Em 1929, ocorreu a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, que provocou uma crise global e atingiu em cheio a economia alemã. A crise radicalizou ainda mais o país, e, nas eleições de 1933, os nazistas conseguiram 288 assentos no Parlamento, o que tornou o partido o maior da casa, elegendo Adolf Hitler para chanceler.
Hitler ignorou todas as cláusulas militares do tratado e passou a ampliar as forças armadas da Alemanha desde o início de seu governo. Foi nesse contexto que a Blitzkrieg passou a ser desenvolvida.
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Qual é a origem da Blitzkrieg?
A Prússia, antigo Estado que foi o responsável pela Unificação da Alemanha, tinha uma tradição militar baseada em rápidos e pesados ataques ao inimigo. Essa antiga tática é considerada, por muitos pesquisadores, como o embrião da Blitzkrieg.
Heinz Guderian, general do exército alemão, é considerado um dos principais idealizadores das táticas que, posteriormente, ficaram conhecidas como Blitzkrieg. Na década de 1930, ele foi defensor da chamada “guerra mecanizada” e da criação das “divisões Panzer”, compostas majoritariamente por tanques de guerra.
Os primeiros tanques de guerra e aviões de combate foram utilizados na Primeira Guerra Mundial, e, no período entreguerras, houve grande desenvolvimento dessas duas tecnologias. Ao chegar ao poder, em 1933, Hitler ignorou o Tratado de Versalhes e passou a ampliar o exército, além de recriar a força aérea e a marinha de guerra alemã.
Em 1936, com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Hitler enviou aviadores alemães, a Legião Condor, e unidades de blindados para auxiliar as tropas nacionalistas, comandadas pelo general Francisco Franco. A guerra foi a oportunidade para Hitler testar novas teorias de guerra, entre elas a Blitzkrieg.
Em 26 de abril de 1937, por exemplo, a Legião Condor praticou o primeiro grande bombardeio de área da história, destruindo boa parte da cidade basca de Guernica com toneladas de explosivos e bombas incendiárias. O bombardeio de área foi largamente utilizado durante a Segunda Guerra Mundial, muitas vezes como uma das etapas da Blitzkrieg, antecedendo às invasões das tropas terrestres.
O termo Blitzkrieg não foi utilizado pelas forças armadas alemãs e não esteve presente em nenhum manual das três forças. Usualmente, a tática de guerra nazista era chamada pelo seu alto comando de Bewegungskrieg, ou “guerra de manobra”. A palavra Blitzkrieg passou a ser largamente utilizada pela propaganda nazista, comandada pelo ministro Joseph Goebbels, e pela mídia ocidental, principalmente após a rápida conquista da Polônia em 1939.
Quais os objetivos da Blitzkrieg?
O principal objetivo da Blitzkrieg era derrotar rapidamente as forças inimigas, causando o menor número possível de baixas entre os soldados do Reich. Militarmente, o objetivo principal era furar, em um ou mais pontos, a linha de defesa do inimigo, penetrando em seu território e evitando confrontos diretos com grandes unidades. Estas eram cercadas, havendo o corte de suas linhas de comunicação e de fornecimento de suprimentos, o que as forçaria à rendição.
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Como funcionava a Blitzkrieg?
A Blitzkrieg se iniciava com bombardeios aéreos, em pontos estratégicos, que buscavam cortar as redes de comunicação dos exércitos, destruir infraestruturas defensivas, desorganizar as tropas adversárias, e, algumas vezes, criar o pânico entre a população inimiga, fazendo esta abandonar as cidades, congestionando as estradas e dificultando a mobilização das tropas de defesa.
A Luftwaffe e a artilharia destruíam inicialmente os aeroportos e aviões inimigos, muitas vezes ainda no solo, garantindo a supremacia alemã nos céus. Também eram atacados baterias antiaéreas, pontes, ferrovias, rodovias, portos, centrais telefônicas, entre outras estruturas vitais para a resistência adversária.
Após a primeira onda de ataques à infraestrutura, as unidades blindadas furavam a defesa inimiga em um ou mais Schwerpunkt (centro de gravidade ou ponto focal), utilizando veículos blindados concentrados em pontos fracos da defesa, penetrando em território inimigo e cercado grandes unidades, no que os alemães chamaram de Kesselschlacht, algo como “batalha de caldeirão”. Após o cerco das maiores unidades inimigas, a infantaria ocupava o território e os Panzers e outros veículos motorizados continuavam a penetrá-lo.
Por fim, era realizada a ocupação com tropas da infantaria, que ocupavam lugares estratégicos das cidades dominadas, como prefeituras, quartéis da polícia, centrais telefônicas, estações ferroviárias, aeroportos, entre outros.
A imagem abaixo ilustra o ataque: em azul, tropas alemãs penetram as defesas soviéticas (vermelho) em três Schwerpunkt, pontos focais. Tropas soviéticas foram cercadas em dois locais, 1 e 2 em vermelho.
Usos da Blitzkrieg pelos alemães
→ Blitzkrieg na invasão à Polônia
A Segunda Guerra Mundial se iniciou na madrugada de 1º de setembro de 1939, quando tropas da Alemanha iniciaram sua Blitzkrieg sobre o território polonês. Poucos dias antes, Hitler e Stalin haviam assinado o Pacto de Não Agressão, em que, além de se comprometerem a não se atacarem, os dois ditadores dividiriam a Polônia.
Os alemães atacaram com 2750 tanques, 2315 aviões, nove mil canhões e cerca de 1,5 milhão de soldados.|1| Liderados por Guderian, os tanques nazistas penetraram rapidamente as linhas polonesas, recebendo apoio aéreo da Luftwaffe, e fazendo com que os poloneses recuassem para o leste, onde também enfrentavam as tropas soviéticas.
Os poloneses, com forças militares muito inferiores às dos alemães e soviéticos, resistiram até 6 de outubro, quando os últimos territórios poloneses foram tomados pelos dois países invasores.
→ Uso de metanfetaminas durante a Blitzkrieg
Além dos Panzers e de seus aviões Stuka, os alemães também utilizaram metanfetaminas durante as Blitzkrieg. Durante a invasão da Polônia, por exemplo, algumas tripulações de tanque trabalharam incessantemente por mais de cinco dias, isso só foi possível graças às metanfetaminas desenvolvidas pelas farmacêuticas alemãs.
A mais usada durante a guerra foi a Pervetin, considerada uma espécie de poção mágica pelos nazistas. Além de inibir o sono, a Pervetin provocava euforia nos soldados e diminuía a fome. Contudo, o uso contínuo da droga se mostrou desastroso para as tropas, aumentando o número de doentes, surtos psicóticos e casos de violência entre os soldados.
→ Outras vezes em que os alemães usaram a Blitzkrieg
Após conquistar o leste, as tropas nazistas e a Blitzkrieg rumaram para o oeste, para a França. Um exército alemão atacou a Bélgica, fazendo com que tropas belgas, britânicas e francesas se deslocassem para a região. Pelas Ardenas, ponto fraco da Linha Maginot, tropas alemãs se deslocaram, completando a Kesselschlacht e cercando as tropas britânicas, francesas e belgas, forçando a retirada de Dunquerque. Mais uma vez, a Blitzkrieg se mostrou eficaz no campo de batalha.
Em 1941, quebrando o pacto germânico-soviético, os alemães invadiram a União Soviética, iniciando a Operação Barbarossa. Mais uma vez, a Blitzkrieg foi utilizada, pegando desprevenidas as tropas defensoras. Os nazistas obtiveram grandes vitorias nos meses iniciais da Operação Barbarossa, cercando e capturando milhões de soviéticos, mas os invasores não conseguiram mais avançar e estagnaram nas três frentes de batalha, Stalingrado, Leningrado e na direção de Moscou.
O vasto território soviético, as péssimas condições de suas estradas e seu rigoroso inverno impossibilitaram a Blitzkrieg. A partir de 1942, os nazistas passaram a sofrer sucessivas derrotas na União Soviética, passando de atacantes a defensores. Stalin conseguiu reorganizar seu exército, que avançou sobre o território do Reich. Esse avanço só terminou, em 1945, com a conquista de Berlim, o suicídio de Hitler e a rendição da Alemanha.
→ Videoaula sobre Blitzkrieg alemã na Segunda Guerra Mundial
A popularização da Blitzkrieg
Durante a guerra, os exércitos aliados também passaram a utilizar a Blitzkrieg como estratégia de combate, valorizando a surpresa nos ataques, o ataque em ponto focal e o cerco das tropas inimigas. Os Aliados também desenvolveram defesas contra a Blitzkrieg, como o uso de dentes de dragão e campos minados.
A partir da Tempestade do Deserto, as forças armadas dos Estados Unidos passaram a adotar uma espécie de Blitzkrieg contemporânea, baseada na rapidez do ataque e com concentração de poder de fogo em pontos focais.
Nota
|1|RICHIE, A. The Invasion of Poland. The National WWII Museum, 17 out. 2023. Disponível em: https://www.nationalww2museum.org/war/articles/invasion-poland-september-1939
Créditos das imagens
[1]Maurizio Fabbroni/ Shutterstock
[2]Wikimedia Commons (adaptado)
[3]Karolis Kavolelis/ Shutterstock
Fontes
BEEVOR, A. A Segunda Guerra Mundial. Editora Record, São Paulo, 2015.
FERRAZ, F. C. A Segunda Guerra Mundial. Editora Contexto, São Paulo, 2022.
JUDT, T. Pós-guerra: uma história da Europa desde 1945. Editora Objetiva, São Paulo, 2008.
MASSON, P. A Segunda Guerra Mundial: História e estratégias. Editora Contexto, São Paulo, 2010.
RICHIE, A. The Invasion of Poland. The National WWII Museum, 17 out. 2023. Disponível em: https://www.nationalww2museum.org/war/articles/invasion-poland-september-1939