Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT)

A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) foi criada em 1864 e teve um papel decisivo para a realização da chamada Comuna de Paris.

Karl Marx foi um dos integrantes da Associação Internacional dos Trabalhadores

Para compreendermos o que foi a Associação Internacional dos Trabalhadores, ou simplesmente AIT, que ficou conhecida também como a “1ª Internacional”, é necessário abordar um pouco do contexto da Europa transformada pela Revolução Industrial.

Sabemos que, com a complexificação do mundo do trabalho, provocada pelos efeitos da Revolução Industrial ao longo do século XVIII, várias ideologias políticas começaram a se desenvolver, como o liberalismo e o socialismo. Foi nessa época também que começou a se formar a moderna Ciência Econômica, cujo interesse principal era entender como as nações eram capazes de formar riqueza e como tal formação estava associada à propriedade privada e à relação empregador/empregado. Ocorreu que, uma coisa e outra (ideologia política e ciência econômica), no século XIX, passaram a ficar intimamente associadas, e diversos grupos a elas associados entraram em contendas teóricas e pragmáticas muito acirradas.

Foi nesse contexto também que, a partir das ideologias revolucionárias socialistas, formaram-se as organizações de trabalhadores que primeiro se insurgiram contra a estrutura do capitalismo industrial, na Europa, e seu modelo de sociedade. As primeiras investidas nesse sentido foram aquelas perpetradas na onda revolucionária de 1848, que ficaram conhecidas como “Primavera dos Povos”. Foi nessa época também que começou a circular o “Manifesto Comunista”, elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels para a chamada Liga Comunista, no qual se conclamavam os trabalhadores de todo o mundo (isto é, havia um caráter de universalidade no projeto comunista desde o berço) a se unirem em um só movimento revolucionário.

Entretanto, as estratégias pensadas pelo comunismo no “Manifesto” não foram assimiladas por todos os socialistas, haja vista que as correntes eram inúmeras e rivalizavam entre si, sendo uns mais radicais e outros mais brandos (denominados de reformistas). Ao longo da década de 1850, novas estratégias foram sendo elaboradas pelos comunistas, enquanto outros pensamentos e organizações de trabalhadores ganhavam força. Era o caso da organização de trabalhadores alemães formada por Ferdinand de Lassalle, contra a qual Marx e Engels desferiam duras críticas.

Na década seguinte, as várias organizações de trabalhadores começaram a pensar na possibilidade de criação de uma associação internacional de grande lastro na Europa que realmente pudesse dar diretrizes para uma revolução socialista de grande porte. Em 1864, em uma reunião política em St. Martin Hall, Long Acre, na cidade de Londres, que contou com uma mensagem inaugural lida por Marx, essa associação foi fundada, como descreve o pesquisador Osvaldo Coggiola:

Nos primeiros anos da década de 1860, já repostas as energias de classe dissipadas após as derrotas de 1848, a ascensão das lutas operárias e nacionais na Europa fez com que lideranças sindicais e ativistas socialistas começassem a pensar em fundar uma organização que reunisse as forças e militantes que estavam a favor da luta dos trabalhadores e das nações oprimidas. O resultado disso foi a criação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) em Londres, no St. Martin Hall, no ano 1864. Naquele ano, um pouco antes da fundação da Internacional, em julho, morrera Ferdinand de Lassalle, o líder dos socialistas alemães, fundador da primeira organização política de trabalhadores na Alemanha (a Allgemeinen Deutschen Arbeitervereins). [1]

A criação dessa associação (da qual, nas décadas posteriores, nasceriam mais duas – 2ª e 3ª Internacionais), apesar da continuidade de divergências quanto à estratégia, teve grande peso na realização da primeira tentativa de revolução comunista propriamente dita que ocorreu no mundo, a chamada “Comuna de Paris”, de 1871.

NOTAS

[1] COGGIOLA, Osvaldo. A primeira internacional operária e a comuna de Paris. Aurora, ano V, n. 8, 2011. p. 168.

Por: Cláudio Fernandes

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