A ascensão do Império Otomano ocorreu entre os séculos XIV e XV, envolvendo, entre outras regiões, a Anatólia, onde hoje se encontra a atual Turquia.
O chamado Império Otomano, ou Império Turco-Otomano, foi um dos mais duradouros da história humana, tendo se formado em 1299 e só entrado em declínio entre os anos de 1922 e 1924. Os otomanos dominaram um vasto território, que abarcava a Anatólia (atual Turquia), parte do leste europeu, a Península Arábica, o Oriente Médio e o norte africano. A ascensão desse poderoso império só pode ser entendida se nos concentrarmos no contexto da conversão dos turcos ao islamismo, processo que remonta ao século IX d.C.
Os turcos representam um complexo grupo etnolinguístico de povos nômade que, na passagem da Idade Antiga para a Idade Média, migraram do extremo norte da Ásia para regiões como a Ásia Central, o Cáucaso, os Bálcãs e o Oriente Médio. Parte desse grupo entrou em contato, no século IX, com a cultura árabe-islâmica e foi rapidamente convertida para a religião do Corão. Esses turcos islâmicos desenvolveram uma dinastia chamada de seljúcida, que criaria um califado no Oriente Médio com sede em Bagdá. O grande líder dos seljúcidas foi Tughril, ou Tugrul (1037-1063).
Do califado seljúcida, muitos sultanatos e principados surgiram. Um deles foi construído na Anatólia, na região das antigas cidades gregas do lado oriental do Mar Egeu, por Osman de Sogut (1280-1324). O sultanato de Osman alcançou a sua independência em 1299. Foi a dinastia de Osman que ficou conhecida como “otomana”, como bem destaca o historiador Alan Palmer:
Sua dinastia ficou conhecida como “Osmanli” em turco e “Othman”, em árabe, termo que se transformou em “Otomano” nos idiomas da Europa ocidental. Osman morreu em 1326, quando seu exército cercava a cidade bizantina de Brusa (hoje Bursa), que foi tomada por seu filho e sucessor Ohran. Assim, Brusa se tornou a primeira capital efetiva de um sultanato otomano, que sobreviveu até 1922, embora a cidade fosse sucedida como capital por Adrianople (hoje Edirne) por volta de 1364, e, uns noventa anos mais tarde, pela atual Istambul. [1]
Os otomanos conseguiram uma expressiva ascensão no século seguinte, promovendo guerras na região do leste europeu e controlando várias cidades importantes do então Império Bizantino, incluindo sua capital, Constantinopla, que foi tomada pelo sultão Mehmed II em 1453. A expansão otomana assumiu proporções tão grandes que os herdeiros de Osman reivindicariam para si dos outros principados e sultanatos muçulmanos o título de califas, isto é, chefes de toda a comunidade islâmica universal.
NOTAS
[1] PALMER, Alan. Declínio e queda do Império Otomano. São Paulo: Globo, 2013. p. 2.