Vida de Olga Benário e sua vinda ao Brasil

Olga Benário foi uma importante revolucionária comunista alemã e foi mandada ao Brasil em missão oficial do Partido Comunista da União Soviética.

Prisão de Moabit, em Berlim, foi atacada por Olga e seu grupo em 1928 para libertar o comunista Otto Braun *

Olga Benário foi uma revolucionária comunista alemã que na sua juventude atuou na luta contra o Nazismo na Alemanha e recebeu como missão da União Soviética vir ao Brasil e garantir a segurança de Luís Carlos Prestes. Durante a sua missão, Olga casou-se com Prestes e colaborou na elaboração da Intentona Comunista em 1935. Presa, ela foi deportada para a Alemanha, onde foi executada na câmara de gás em 1942.

Juventude de Olga Benário

Olga Benário nasceu na cidade de Munique, na Alemanha, em 12 de fevereiro de 1908. Ela era filha de uma família abastada, e seu pai, Leo Benário, era um membro influente do Partido Social-Democrata Alemão durante a República de Weimar (1919-1933), período republicano e democrático da história alemã.

O envolvimento de Olga com grupos comunistas começou cedo. Aos 15 anos, ela entrou para o Grupo Schwabing, criado por jovens que pertenciam à Juventude Comunista. Pouco tempo depois, com 16 anos, Olga mudou-se para a cidade de Berlim com o seu namorado, Otto Braun, para atuar na luta contra as milícias de extrema-direita, especialmente contra o Nazismo.

A mudança de Olga, além disso, ocorreu muito por causa da desaprovação de sua mãe à sua militância. Em Berlim, ela destacou-se, tornando-se um dos principais membros do Partido Comunista, e foi responsável por elaborar as estratégias de agitação.

Em 1926, a jovem foi presa em razão de sua militância contra a República de Weimar. Durante seu tempo de prisão, Olga foi constantemente interrogada para que cedesse informações sobre Otto Braun. Em dezembro de 1926, ela foi libertada e, percebendo que seu namorado estava sendo gravemente acusado, planejou libertá-lo.

Olga Benário transformou-se em procurada da justiça alemã e foi acusada de alta traição à pátria após o assalto à prisão de Moabit, de onde resgatou Otto Braun antes que ele fosse sentenciado. Após isso, a justiça alemã fixou recompensa de 5 mil marcos (correspondente a dois anos de trabalho na Alemanha) e, por isso, Olga precisou fugir para a União Soviética.

Assim que chegou à União Soviética, a comunista tornou-se uma figura proeminente do Partido Comunista. Ela foi exaltada como o ideal de revolucionária e pôde receber formação intelectual em teoria marxista e, após solicitar, recebeu treinamento militar. Olga defendia que a luta armada era essencial no combate aos fascismos da extrema-direita.

Em 1934, Olga recebeu uma missão da Internacional Comunista (entidade do Partido Comunista responsável pela divulgação do comunismo internacionalmente): garantir a segurança de Luís Carlos Prestes em seu retorno ao Brasil. Ele havia liderado a Coluna Prestes de 1927 a 1929, contra o autoritarismo do governo de Artur Bernardes. Após isso, Prestes tornou-se um estudioso do marxismo e aderiu ao comunismo.

Olga e a Intentona Comunista

A vinda de Luís Carlos Prestes ao Brasil aconteceu com o intuito de mobilizar um movimento revolucionário para derrubar o governo de Getúlio Vargas e instalar um regime alinhado com o comunismo soviético. Esse movimento seria liderado por Prestes, auxiliado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL) e pelo Partido Comunista do Brasil. A ANL era um grupo comunista que teve forte crescimento após sua fundação e pregava a luta contra o fascismo.

Durante essa missão, Olga Benário e Luís Carlos Prestes viriam ao Brasil disfarçados como um rico casal em lua de mel. Por motivos de segurança, eles passaram por diferentes partes do mundo em vários meios de transporte. No decorrer da viagem, Olga e Prestes envolveram-se afetivamente e tornaram-se, de fato, um casal.

Uma vez no Brasil, os dois militantes instalaram-se de forma clandestina na cidade do Rio de Janeiro, juntamente com um grupo de estrangeiros que haviam sido mandados por Moscou para organizar a revolução comunista. A partir da liderança de Prestes, foi organizada a Intentona Comunista em 1935. Esse movimento foi um golpe militar à esquerda que eclodiu em três capitais: Natal, Recife e Rio de Janeiro.

No entanto, a Intentona foi um fracasso e foi rapidamente controlada pelo exército. O presidente Vargas impôs, então, uma caçada a Prestes que resultou na sua prisão em março de 1936. Olga também foi presa no mesmo momento. Durante a sua prisão, ela anunciou sua gravidez e que o pai era Luís Carlos Prestes.

Na prisão, Olga Benário foi interrogada constantemente para que passasse informações sobre o complô comunista, porém, como não delatou ninguém, foi sentenciada à deportação, o que era problemático por duas razões:

  1. A lei brasileira na época proibia a sua deportação, pois Olga carregava uma filha de nacionalidade brasileira;

  2. Além de comunista, ela era judia e isso representava risco, podendo sofrer bastante em posse do governo nazista.

Morte de Olga Benário

A ordem da deportação de Olga veio do Superior Tribunal Federal, e a revolucionária embarcou para a Alemanha em setembro de 1936. Olga foi recebida pela polícia secreta nazista (a Gestapo) e foi encaminhada para a prisão feminina de Barminstrasse, localizada em Berlim. Nessa prisão, ela deu à luz a Anita Leocádia Prestes em 27 de novembro de 1936. Sua filha seria encaminhada para um orfanato comum, mas após pressão internacional o governo alemão cedeu e devolveu Anita para a família de Prestes.

Olga tinha esperanças de que a pressão internacional a libertasse, no entanto, isso não aconteceu. Ela foi transferida de prisão por diversas vezes, passando por Lichtenburg, Ravensbrück e Bernburg. Olga foi morta na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg em abril de 1942. A confirmação da sua morte só aconteceu após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

* Créditos da imagem: 360b e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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