Tomé de Sousa ficou marcado na história brasileira como o primeiro governador-geral do Brasil, estando à frente desse cargo entre os anos de 1549 e 1553.
Tomé de Sousa foi um fidalgo português que ficou marcado na história brasileira como o primeiro governador-geral do Brasil, cargo que ocupou de 1549 a 1553. Chegou aqui com cerca de 1000 homens, sendo o responsável por coordenar a construção de Salvador, a primeira capital do Brasil.
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Resumo sobre Tomé de Sousa
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Tomé de Sousa foi o primeiro filho ilegítimo de um padre português.
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Ascendeu por sua carreira militar e pelas expedições das quais ele participou no Marrocos e na Índia.
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Foi indicado ao cargo de governador-geral do Brasil pelo rei de Portugal d. João III.
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Chegou aqui em março de 1549, trazendo consigo cerca de 1000 homens.
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Foi o responsável por liderar a construção de Salvador, primeira capital do Brasil.
Biografia de Tomé de Sousa
Tomé de Sousa nasceu em 1503, e não sabemos o dia ou mês de seu nascimento. Ele nasceu no norte de Portugal, em um povoado chamado Rates. Foi o primeiro filho ilegítimo de João de Sousa, um padre conhecido como o prior de Rates. Era considerado espúrio justamente por ser filho de um padre.
A mãe de Tomé de Sousa se chamava Mécia Rodrigues de Faria, e a condição ilegítima de seu filho era algo que pesava contra ele e suas ambições sociais. A carreira militar foi o caminho que Tomé de Sousa então encontrou para prosperar. Já na sua adolescência, ingressou na Ordem de Cristo, uma ordem religiosa e militar.
Em 1518, mudou-se para Lisboa, e seu envolvimento com os meios militares fez com que ele participasse de expedições realizadas pelos portugueses no Marrocos e na Índia. Tomé de Sousa participou de campanhas militares no Marrocos entre os anos de 1527 e 1528 e retornou ao Marrocos em 1534 e 1539.
Essas campanhas militares foram resultados do desejo da Coroa portuguesa de tomar terras no Marrocos e estabelecer um reino cristão naquela região. Naturalmente, as campanhas lusas no Marrocos também tinham um apelo econômico muito forte. Por fim, Tomé de Sousa também esteve presente na Índia em 1535 e 1536.
A participação de Tomé de Sousa em campanhas militares no Marrocos e em expedições na Índia garantiram sua ascensão. Ele se aproximou de pessoas influentes, e isso permitiu que ele fosse nomeado fidalgo pelo rei de Portugal, o que lhe garantiu o reconhecimento como um nobre.
Ele também foi nomeado comendador de São Pedro de Rates e de Arruda — uma indicação de sua ascensão social. Por fim, Tomé de Sousa foi indicado pelo próprio rei de Portugal, d. João III, a ser o primeiro governador-geral do Brasil, na década de 1540.
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Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil.
O rei de Portugal decidiu implantar o governo-geral no Brasil em 1548, e Tomé de Sousa foi o primeiro a assumir a posição de governador-geral. Essa nova forma de administração da colônia foi resultado da mudança de estratégia de Portugal em relação ao Brasil. A colônia portuguesa na América deixava de ter posição marginal.
A intenção de Portugal com essa mudança era garantir o desenvolvimento de sua colônia na América e, principalmente, garantir o controle da terra. O antigo sistema implantado, o das capitanias hereditárias, tinha se mostrado ineficaz em garantir o desenvolvimento econômico da colônia e proteger a terra de invasores.
O fracasso das capitanias se deveu a múltiplos fatores, principalmente a falta de recursos dos donatários para investir em sua capitania, a falta de interesse dos donatários, a grande dificuldade de comunicação com Portugal, e os constantes ataques promovidos pelos índios, os habitantes originários da terra.
Além disso, havia o risco de Portugal perder as terras caso não tomasse medidas mais enérgicas de promover a sua ocupação. Os franceses, por exemplo, eram um risco constante, pois invadiam o território, aliavam-se com os índios e contrabandeavam o pau-brasil para a Europa. Por fim, a pirataria na costa brasileira tornou-se comum.
A Coroa portuguesa decidiu então centralizar a administração da colônia, e por isso foi criado o governo-geral. Tomé de Sousa, na função de governador-geral, teria como responsabilidade a coordenação da administração colonial. Para isso, a Coroa retomou o controle da capitania da Baía de Todos os Santos.
Essa capitania foi escolhida porque o seu donatário, Francisco Pereira Coutinho, tinha sido capturado, morto e devorado pelos índios tupinambás. Tomé de Sousa então, nomeado para o cargo em 1548, seria enviado para essa capitania. Com ele viria uma série de ordens do rei agrupadas em um documento chamado Regimento.
No Regimento, Tomé de Sousa tinha algumas ordens, como fundar uma cidade-fortaleza para garantir a centralização da administração, reforçar a segurança do litoral brasileiro, distribuir sesmarias, e incentivar a construção de engenhos no Brasil. Essas eram apenas algumas das muitas obrigações do fidalgo português no Brasil.
Tomé de Sousa chegou ao Brasil em 29 de março de 1549 e trouxe consigo cerca de 1000 pessoas, das quais muitos eram degredados. Com ele também vieram Manuel da Nóbrega e outros seis jesuítas, com o objetivo de iniciar a catequização dos índios. O primeiro grande trabalho de Tomé de Sousa foi a construção da cidade de Salvador.
Essa cidade, atual capital da Bahia, foi a primeira capital do Brasil, sendo construída pelos portugueses que vieram com Tomé de Sousa, mas também por indígenas que tinham relações pacíficas com os portugueses. Alguns dos indígenas mobilizados para o trabalho eram pagos com objetos diversos, e outros eram escravizados.
Tomé de Sousa também foi o responsável por introduzir a pecuária no Brasil, uma vez que as primeiras cabeças de gado foram introduzidas no país durante a sua gestão. Em março de 1553, o rei de Portugal indicou o nome de Duarte da Costa como substituto de Tomé de Sousa. Duarte da Costa chegou ao Brasil em julho de 1553.
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Videoaula sobre capitanias hereditárias
Morte de Tomé de Sousa
Em 1553, Tomé de Sousa retornou a Portugal, permanecendo os últimos anos de sua vida no país europeu. Atuou como conselheiro real e faleceu em 28 de janeiro de 1579. Casou-se entre 1538 e 1539, sendo que sua esposa se chamava Maria da Costa. Juntos, tiveram uma filha chamada Helena de Sousa.
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