Entre as rebeliões regenciais, a Sabinada conseguiu a independência da Bahia e a proclamação de uma república liberal.
A província da Bahia foi palco de várias rebeliões desde os anos finais do século XIX. Durante o Período Regencial, entre 1831 e 1840, ocorreram, por exemplo, a Revolta dos Malês, em 1835, e, em 1837, eclodiu a Sabinada, uma rebelião que proclamou uma República na província baiana e que durou cerca de quatro meses.
O nome Sabinada deriva de um de seus líderes, o médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, que editava o jornal Novo Diário da Bahia, publicação que divulgava ideais liberais e republicanos. As medidas tomadas pela Regência Una de Araújo Lima, em 1837, restringiram a autonomia das províncias que havia sido conquistada com o Ato Adicional de 1834.
O maior controle do Governo Central, localizado no Rio de Janeiro, desagradou vários grupos sociais urbanos de Salvador, principalmente funcionários públicos, pequenos comerciantes, artesãos e profissionais liberais. Concorriam ainda para contribuir com a insatisfação a crise econômica vivenciada pela província, em decorrência da queda na produção de cana-de-açúcar, o envio de dinheiro de impostos à Corte e a má administração da província.
A revolta já era esperada pelas autoridades, mas essa situação não conseguiu conter o grupo de conspiradores que tomaram o Forte de São Pedro, em Salvador, em 06 de novembro de 1837. O grupo era liderado pelos tenentes José Nunes e José Duarte da Silva, além de Francisco Sabino e outros civis. No dia seguinte, tomaram a Câmara Municipal de Salvador e proclamaram a República Bahiense, separada do Governo Central do Rio de Janeiro.
Curiosamente, a república nasceu com um período de vida predeterminado. Quatro dias depois, o vice-presidente, João Carneiro da Silva Rego, pediu que a Câmara estipulasse a duração da República até a maioridade de Pedro de Alcântara, futuro Pedro II, que ocorreria em 1843. Acreditavam que com a chegada do novo Imperador, os regressistas que estavam no poder seriam contidos, garantindo uma monarquia mais liberal, com maior autonomia provincial. Essa situação dava à Sabinada uma característica ambígua, pois ao mesmo tempo em que proclamava uma República, defendia uma Monarquia constitucional, em um futuro próximo. Possivelmente era um movimento mais liberal que republicano.
Os sabinos conseguiram a tomada total da cidade de Salvador. Porém, os grandes proprietários de terras do Recôncavo Baiano, aliados da Corte no Rio de Janeiro, organizaram o cerco a Salvador e iniciaram a retomada da cidade. Do lado dos rebeldes, houve o apoio de grupos populares, principalmente escravos, que viam a possibilidade de se tornarem livres caso o movimento fosse vitorioso. Não havia a possibilidade de uma abolição da escravatura, apenas aos que apoiassem a luta.
Vários confrontos ocorreram até que as forças ligadas ao regime monárquico central retomassem o Forte de São Pedro, em 1838, marcando a derrota do movimento. Mais de mil revoltosos morreram em combate e cerca de três mil foram presos, inclusive as principais lideranças. Muitos foram executados. A antecipação da maioridade de D. Pedro II, em 1840, garantiu anistia aos presos que haviam sobrevivido. Francisco Sabino foi degradado para Goiás, sendo que outros líderes tiveram a mesma condenação, cumprindo-as em São Paulo e Minas Gerais.
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