República Oligárquica (1889-1930)

Durante a República Oligárquica, o país passou por várias mudanças nos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. *

A História republicana do Brasil se iniciou com o golpe militar que depôs a monarquia do Imperador Dom Pedro II e instaurou uma República Federativa, em 1889. O período entre 1889 e 1930 ficou conhecido por alguns nomes, tais como República Oligárquica, República Velha ou mesmo Primeira República. Neste texto se adotou República Oligárquica por ser mais ligada à coalização das classes sociais que governaram o país neste período.

O novo regime político inaugurado em 1889, republicano e federativo, era resultado de um rearranjo do poder conseguido pelas Forças Armadas e os latifundiários do país, principalmente depois da abolição da escravidão em 1888, que desestruturou a base da organização do trabalho que vinha desde o início da colonização. O princípio federativo garantiria autonomia às oligarquias estaduais no controle político e econômico de seus currais eleitorais e o exército se constituía como a principal instituição política do país, interferindo em vários momentos na composição da República brasileira.

Durante a República Oligárquica verificou-se também no Brasil o início do processo de industrialização e urbanização de algumas regiões, cujo caso mais expressivo é o de São Paulo, que passou a ser o principal polo de crescimento econômico, seja com as novas atividades industriais ou mesmo com a pujante economia cafeeira.

A industrialização necessitou também de novos braços para fazer funcionar as ferramentas e as máquinas. Como não houve a inserção maciça dos africanos libertos nessa atividade econômica, os grupos sociais dominantes recorreram ao estímulo da emigração europeia. Além de querer impulsionar a produção industrial, a vinda dos europeus era também uma tentativa de “embranquecer” a sociedade brasileira, já que a maioria da população era formada por trabalhadores de origem africana. Essa tentativa expressava ainda o pensamento racista que era veiculado pela classe dominante brasileira, gerando inclusive no país teorias “científicas” raciais que fundamentavam a suposta superioridade dos europeus.

A emigração alterou a composição social do país, ao mesmo tempo em que proporcionou o surgimento de um movimento operário que lutava por melhorias nas condições de salário e trabalho nas nascentes indústrias nacionais. As greves ocorridas na cidade de São Paulo durante a década de 1910 são um exemplo da insatisfação social decorrente das condições de vida da população. Com o movimento operário, apareceram também no país as propostas de transformações sociais oriundas do anarquismo e do comunismo. Outras lutas urbanas ainda foram vistas, como a Revolta da Vacina, ligada ao processo de reforma urbana no Rio de Janeiro.

No campo para além do poder das oligarquias agrárias houve também movimentos de contestação contra a ordem vigente. A Guerra de Canudos (1896-1897) foi uma das principais guerras civis da história do país, fazendo com que a comunidade liderada por Antônio Conselheiro, no interior da Bahia, infligisse sérias derrotas ao exército nacional até ser totalmente dizimada.

Também nas Forças Armadas houve divisões. Na marinha, a Revolta da Chibata lutou contra o racismo e os maus-tratos infligidos pelos oficiais. No exército, alguns setores tentaram mais uma vez alterar as instituições políticas, como o movimento tenentista na década de 1920. O resultado foi tanto a ocorrência da Coluna Prestes quanto o resultado posterior do Tenentismo, pondo fim à República Oligárquica, através da Revolução de 1930.

No aspecto cultural, destacaram-se o surgimento do rádio e, principalmente, a Semana da Arte Moderna de 1922, marcando uma ruptura artística com a produção cultural brasileira, fortemente influenciada pelas vanguardas artísticas europeias. Foi neste quadro de permanências e rupturas com o passado colonial que o país adentrou o século XX, indicando as profundas mudanças que sofreu o Brasil ao longo deste século.

* Créditos das imagens: Georgios Kollidas, Shutterstock.com e Arquivo Edgard Leuenroth

Por: Tales Pinto

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