Princesa Isabel

Princesa Isabel era filha do imperador D. Pedro II e herdeira do trono do Brasil. Ela assinou a Lei Áurea em 1888 e, um ano depois, foi expulsa junto à família real.

A princesa Isabel era filha de D. Pedro II e herdeira do trono brasileiro. [1]

Princesa Isabel foi uma das filhas de D. Pedro II, imperador do Brasil entre 1840 e 1889, e a herdeira do trono brasileiro. Tornou-se herdeira com a morte de seus dois irmãos e recebeu uma educação compatível com a função que exerceria. A princesa Isabel, no entanto, nunca teve grande interesse pela política, optando por priorizar sua vida privada.

Casou-se com o francês Conde d’Eu, com quem teve quatro filhos. A princesa Isabel assinou duas importantes leis durante sua vida: a Lei do Ventre Livre e a Lei Áurea. Foi regente do Brasil em três ocasiões, mas foi expulsa do Brasil, em 1889, com a Proclamação da República. Passou os últimos anos de sua vida no exílio.

Leia também: Maria Leopoldina — princesa austríaca que se tornou imperatriz do Brasil

Resumo sobre princesa Isabel

  • A princesa Isabel foi filha de D. Pedro II e herdeira do trono do Brasil.

  • Tornou-se herdeira aos quatro anos porque os seus dois irmãos, Afonso e Pedro, faleceram.

  • Teve boa educação, mas demonstrava pouco interesse pelos estudos.

  • Manteve-se alheia à política brasileira e priorizava a sua vida privada.

  • Assinou a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.

Nascimento e juventude da princesa Isabel

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourboun nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1846. Ela foi a segunda filha de D. Pedro II, imperador do Brasil, com Teresa Cristina, esposa do imperador e imperatriz do Brasil. A princesa Isabel ainda teve três irmãos, chamados Afonso, Leopoldina e Pedro.

Aos quatro anos de idade, foi anunciada como a herdeira do trono do Brasil, e isso aconteceu porque os seus dois irmãos, Afonso e Pedro, haviam falecido precocemente. O falecimento de Afonso aconteceu em 1847; já o falecimento de Pedro aconteceu em 1850.

Enquanto herdeira do trono, a princesa passou pela melhor formação possível. A educação da princesa Isabel tornou-se mais rigorosa quando ela chegou à adolescência, passando ela a ficar 15 horas por dia estudando diversas áreas do conhecimento, como Geografia, História Natural, Retórica, Economia Política, Geologia, Mineralogia, Astronomia, Botânica, História, Latim, Inglês, Francês etc.

Os relatos, no entanto, mostram que a princesa Isabel não gostava muito de se dedicar aos estudos, utilizando justificativas para fugir das aulas e se recusando a fazer as atividades que eram propostas. A princesa Isabel também ficou conhecida desde a sua juventude por ser uma pessoa extremamente religiosa, indo com frequência à igreja.

Apesar das idas frequentes à igreja, a princesa Isabel viveu uma juventude em relativo isolamento, não sendo encontrada em eventos públicos, festas, bailes, entre outros. Ela cresceu no Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Casamento da princesa Isabel

Ao completar 18 anos, a princesa Isabel casou-se com Conde d’Eu, também conhecido por seu nome completo: Luís Filipe Maria Fernando Gastão. O casamento, como de praxe entre famílias aristocráticas, se deu por meio de um arranjo entre as duas famílias reais e foi resultado de uma longa busca realizada por D. Pedro II.

Encontrar um pretendente para a princesa Isabel não foi tarefa fácil, uma vez que a monarquia no Brasil era considerada pobre e não era atrativa para muitos potenciais pretendentes europeus. No final, os arranjos fizeram com que a princesa se casasse com Conde d’Eu. O casamento aconteceu no dia 15 de outubro de 1864.

Os relatos apontam que Conde d’Eu encarou o casamento como uma oportunidade pessoal, uma vez que ele vinha de uma família aristocrática empobrecida. Do casamento nasceram quatro filhos, chamados Luísa Vitória, Pedro, Luís e Antônio. O esposo da princesa, no entanto, nunca foi bem-visto pelas elites da corte.

Veja também: Guerra do Paraguai — conflito que contribuiu para o fim da monarquia no Brasil

Princesa Isabel e a política brasileira

Aos 14 anos, a princesa Isabel prestou juramento à Constituição do Brasil, o que formalizava sua posição como futura imperatriz do Brasil. Apesar disso, os relatos dos historiadores apontam que ela não possuía muito apreço pela política e também não era muito bem-vista como a próxima imperatriz do país.

O pouco apreço da princesa pela política fazia com que ela se mantivesse alheia ao que acontecia no cenário político nacional. A princesa preferia dar atenção à sua vida doméstica e seus assuntos privados. De qualquer forma, enquanto herdeira, ela precisou assumir o comando do Brasil em três ocasiões distintas.

As regências da princesa Isabel foram as seguintes:

  • Em 1871: por conta de uma viagem de D. Pedro II à Europa. Durante sua regência, assinou a Lei do Ventre Livre.

  • Entre 1876 e 1877: esteve na regência durante mais uma viagem de D. Pedro II. Durante essa regência, uma eleição foi realizada, e ela foi confrontada por desentendimentos entre a Igreja e o Estado.

  • De 1887 e 1888: quando D. Pedro II foi para a Europa tratar de sua saúde. Nessa regência, a questão do abolicionismo alcançou seu momento mais delicado, e a Lei Áurea foi sancionada, em 13 de maio de 1888, pela princesa regente.

Qual foi o papel da princesa Isabel na abolição da escravatura?

Uma certa memória da princesa Isabel procura estabelecer a herdeira do trono brasileiro como a grande responsável pela abolição da escravatura, ressaltando que seu ato de assinar a Lei Áurea foi um gesto nobre que reforça o envolvimento da princesa com a causa abolicionista. Nada disso é corroborado pela historiografia.

Como citado, o envolvimento da princesa Isabel com a política era extremamente limitado, pois era um assunto que ela não achava interessante. Ela não teve engajamento com o movimento abolicionista e fez acenos muito tímidos à causa da abolição no Brasil. Além de tudo, a própria princesa Isabel possuía escravos.

A abolição da escravatura no Brasil foi, portanto, fruto da luta do abolicionismo e da mobilização da sociedade e dos escravos em defesa de sua própria liberdade. A assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, foi a concretização de um processo amplamente defendido pela sociedade brasileira, e não fruto da bondade da princesa.

Saiba mais: O que estava por trás da lentidão no processo abolicionista no Brasil?

Por que a princesa Isabel foi expulsa do Brasil?

Em 1889, a princesa Isabel e toda a família real foram expulsas do Brasil por conta da Proclamação da República, que aconteceu em 15 de novembro. Esse evento foi resultado da perda de apoio político da monarquia no Brasil e do fortalecimento da república como alternativa política para o país.

Contou para o enfraquecimento da monarquia no Brasil a princesa Isabel ser uma figura impopular, e o fato de que ela seria a próxima imperatriz do Brasil não agradava a todos. Essa rejeição à princesa Isabel parte do fato de ela ser mulher — havia uma rejeição muito grande no país em entregar o trono brasileiro a uma mulher.

Além disso, o marido da princesa Isabel também era uma figura impopular. Após serem expulsos, a princesa Isabel e seu marido se exilaram na França. A princesa Isabel passou os últimos anos de sua vida no exílio e não mais retornou ao Brasil. Ela faleceu no dia 14 de novembro de 1921, aos 75 anos.

Créditos da imagem

[1] Joaquim Insley Pacheco / Wikimedia Commons

Por: Daniel Neves Silva

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